Pular para o conteúdo principal

Grupo de cerca de quinze pessoas abraçados formando uma roda dentro de uma sala
Foto: Lidiane Sant' Ana/PBH

Rede de tratamentos não medicamentosos é ampliada na cidade

criado em - atualizado em
Conversar, dançar, alongar e cantar são algumas receitas de saúde dadas pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Mais que recomendar essas práticas, a equipe multidisciplinar do NASF dá orientações individuais em visitas domiciliares, atendimento em consultório e promove atividades coletivas como dança sênior, lian gong, academias da cidade e terapia comunitária.

No bairro Lindeia, uma roda de conversa tem mudado a vida de muita gente. “Quem gostaria de contar alguma questão que está vivenciando ou que já tenha passado?”, com essa pergunta a psicóloga Marce Helena abre o encontro do grupo de terapia comunitária, realizado semanalmente no Centro Cultural Lindeia, há dois anos. “Muitas vezes a gente está com uma questão, mas não tem como dividir com ninguém”, pontuou a psicóloga. Nesse ambiente de acolhida, histórias de medo, ansiedade, dor e superação são relatadas pelos participantes. “Pra cada dificuldade que eu tive, eu consegui encontrar recursos para superar”, concluiu Iris Soares, após emocionar a todos com sua história de vida. O grupo escuta, comenta e, sobretudo, se apoia. “Tô balançando, mas não vou cair, mas não vou cair...”, cantaram abraçados ao encerrar o encontro.
 
O serviço de promoção, prevenção e assistência à saúde é executado de forma a apoiar o trabalho das equipes do Programa Saúde da Família. Os atendimentos são feitos por terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, educadores físicos e farmacêuticos. A médica de uma das equipes do Centro de Saúde Urucuia, Ana Zilda de Ávila, atesta a integração. “Contar com outras especialidades nos ajuda muito a melhorar a resolutividade dos casos”. Os médicos e enfermeiros têm reuniões mensais com as equipes do NASF. “Sempre me trazem informações novas a respeito dos pacientes e indicam soluções que eu não havia cogitado”, admite a médica. “Tenho um paciente que há muito tempo toma medicação para insuficiência respiratória. Com o apoio da fisioterapia, ele passou a fazer exercícios para expectorar e pudemos reduzir a dose”, cita. Ela também destaca que a redução do uso de medicamentos para ansiedade tem sido comum, diante das diversas intervenções da equipe do NASF.
 

Ampliando o que dá certo

Ao comemorar 10 anos de implantação do NASF no país, o serviço está sendo ampliado. Foram feitas 150 contratações esse ano. “Em janeiro criamos 25 novas equipes. Hoje são mais de 500 profissionais na cidade”, afirma a coordenadora municipal do NASF, Anelise Prates.
 
Belo Horizonte foi precursora. “O primeiro grupo multidisciplinar de apoio aos centros de saúde foi criado há 13 anos, no Barreiro. A partir dessa experiência, o Ministério da Saúde criou o NASF e o implantou em todo o país”, destaca a referência técnica do NASF Barreiro, Lorena Freitas. Com muitos resultados, a rede cresceu muito desde então. Hoje, a região já conta com 80 profissionais em 12 polos de atendimento.
 

Música que cura

A promoção da saúde sem medicalização também passa pelo uso da música como instrumento terapêutico. A melhora de doenças físicas e mentais, com diminuição da insônia, do uso de antidepressivos e adequação dos níveis de glicemia, são alguns dos benefícios constatados.
 
A oficina de canto não deixa dúvidas: quem canta, seus males espanta. O Grupo em Canto comprova o dito popular não só pelo sorriso largo, mas também pelo prontuário médico dos participantes. Os encontros incluem momentos de alongamento e relaxamento, orientações de saúde vocal, exercícios específicos para aquecimento e aperfeiçoamento da voz, além de atividades de ritmo e percepção musical, que estimulam aspectos cognitivos e a memória. Vânia Ferreira, de 62 anos, faz parte do coral desde que se aposentou, há três anos. “É sempre muito bom encontrar os colegas e os fonoaudiólogos que nos acompanham. Imagine eu dentro de casa aposentada, sem fazer nada? Seria só doença e depressão”, afirma. Ela conta satisfeita que o médico tem reduzido a dose dos seus medicamentos para controle do colesterol, glicose e pressão arterial. “Eu faço academia da cidade, dança sênior e participo do coral e me sinto muito mais feliz, o bem-estar é enorme. Se não fossem estas atividades, não sei se aguentaria as pressões do dia a dia”, avalia a aposentada.
 
O NASF também oferece atividades como a dança sênior. Ela melhora a flexibilidade, o equilíbrio, a consciência corporal e espacial, atuando inclusive na prevenção de quedas. A respiração e a circulação sanguíneas intensificadas favorecem mais oxigenação do corpo e previnem problemas cardiovasculares.
A lista de benefícios é grande. A dança e o canto estimulam a atenção e a concentração e com a necessidade constante de observação para o aprendizado das músicas e coreografias, desenvolvem a habilidade de focar a atenção nos detalhes dos movimentos. De acordo com o ritmo, há estimulação da atenção, memória, lateralidade, consciência corporal, e melhora do equilíbrio do corpo e das emoções.
 

Como participar

Todos os centros de saúde da cidade contam com atendimentos individuais e atividades em grupo, promovidas pelo NASF. Informações sobre as agendas podem ser obtidas diretamente em cada unidade.
 

22/08/2018. Rede de tratamentos nao medicamentosos. Fotos: Lidiane Santana/PBH