8 Fevereiro 2022 -
Quem já foi ao parque das Mangabeiras, com certeza já observou uma presença ilustre andando pelas áreas: os quatis. Eles costumam estar em grupos e sempre dispostos a se aproximar de um visitante para conquistar alguma comida. Os quatis são presença comum em áreas verdes, principalmente nas florestas. Ocorre que com a modificação ou destruição de seus habitats, a espécie tem sido bastante avistada em áreas urbanas, o que desperta a curiosidade e, por vezes, o receio de visitantes dos parques e de moradores de seu entorno.
Buscando monitorar o tamanho da população e entender mais sobre aspectos sanitários e comportamentais, além da relação desses animais com as pessoas, surgiu o Projeto Quatis, que completa nesta terça-feira, dia 8, 15 anos. Trata-se de um trabalho multidisciplinar, fruto de parceria entre a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenado pelo veterinário e professor de clínica e cirurgia de animais silvestres na UFMG, Marcelo Pires, e pela bióloga da FPMZB, Nadja Simbera Hemetrio, a equipe é composta por biólogos, veterinários e estudantes dos cursos de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária.
Durante todo esse tempo, as pesquisas abrangeram o comportamento dos quatis no local, sua dieta, área de vida, morfologia e a diversidade genética da população. Outro campo de ação dedicou-se a entender como as pessoas se relacionam com esses animais tanto nos parques quanto em seu entorno. Recentemente, cinco quatis receberam colares com GPS, o que possibilita aos pesquisadores saberem os locais frequentados por esses animais. As informações são importantes para auxiliar a nortear as ações de manejo da espécie.
As pesquisas realizadas no Parque das Mangabeiras deram origem, ainda, a nove artigos científicos, duas teses de doutorado, sete dissertações de mestrado, duas monografias e inúmeros trabalhos apresentados em eventos nacionais e internacionais.
Sobre os Quatis
Os quatis são mamíferos carnívoros de médio porte da família dos guaxinins. Fazem parte da fauna nativa brasileira e vivem em florestas. Formam bandos compostos por fêmeas adultas, um macho adulto e sua prole de ambos os sexos. São classificados biologicamente como carnívoros, mas a sua alimentação é onívora, baseada principalmente em frutas e invertebrados. Desempenham um importante papel de jardineiros das florestas porque espalham as sementes dos frutos dos quais se alimentam ajudando o processo de regeneração das áreas verdes. Também ajudam a controlar a quantidade de suas presas, mantendo o equilíbrio ecológico onde vivem.
Por que não dar alimento aos quatis?
Os quatis são alimentados com frequência pelas pessoas. Apesar de parecer uma ação inofensiva e até benéfica para o animal, não é bem assim. Eles possuem hábitos oportunistas e são muito atraídos por cheiros. Quando se alimentam de comida de origem antrópica (modificada pelo homem), ficam saciados e não desempenham os serviços ambientais como dispersão de sementes e controle de presas. Por isso, é importante tomar alguns cuidados:
• Em casa, deve-se acondicionar os alimentos em armários fechados;
• As lixeiras devem ter tampa;
• O lixo deve ser colocado para recolhimento próximo ao horário da coleta;
• A ração dos animais não deve permanecer exposta por muito tempo.
• Durante a visitação aos parques, acondicione os lanches em vasilhas fechadas;
• Evite o uso de sacolas e prefira levar o lixo para casa.
• Nunca alimente os quatis ou outro animal silvestre. Além de ser prejudicial à saúde deles, podem ocorrer acidentes como mordidas e arranhões quando eles se assustam.