18 Maio 2022 -
A Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura promovem, no sábado, dia 28, a partir das 10h, a 10ª edição do projeto Expedições do Patrimônio. Na edição deste mês, o evento será presencial. Com o tema “Largo do Rosário: uma expedição pelo território negro em Belo Horizonte”, o projeto levará os participantes a um passeio histórico pelo Largo do Rosário, região reconhecida recentemente como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no Portal da Prefeitura de Belo Horizonte. As vagas são limitadas.
O ponto de partida será a Praça Afonso Arinos, no encontro da Rua da Bahia com a Avenida Álvares Cabral. Dali, os participantes serão conduzidos até a área onde a Igreja e o Cemitério do Largo do Rosário estavam localizados, no século XIX. Durante o percurso, acontecerá a visita ao trecho adotado como referência no processo de retomada simbólica daquele território pelo movimento negro da capital nos últimos anos. Os participantes poderão conhecer um pouco da história da Irmandade dos Homens Pretos e da diáspora da população negra durante a construção da Cidade de Minas (atual Belo Horizonte). Terão acesso a depoimentos, relatos e explicações sobre relevância do território para a história, a cultura, a memória, a identidade e a educação da população afro-brasileira e dos belo-horizontinos em geral, fatores que motivaram a titulação do Largo do Rosário como patrimônio cultural do Município.
O encontro é conduzido por Marco Antônio Silva, historiador e doutor em Educação, coordenador do setor educativo da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público, e Arminda Aparecida de Oliveira, professora e mestre em Educação, da Diretoria de Desenvolvimento e Articulação Institucional da Secretaria Municipal de Cultura. Esta edição terá como convidado o Padre Mauro Luiz da Silva, Doutor em Ciências Sociais e diretor do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (MUQUIFU).
Desenvolvido desde 2019, o Expedições do Patrimônio é uma ação educativa da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura. A proposta é permitir que, a cada edição, os participantes possam aprofundar o conhecimento e vivência dos bens materiais e imateriais do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, além de pensar a cidade como um espaço educativo que reflete os valores, modos de vida, anseios, conflitos, hierarquias e projetos sociais em disputa.
Sobre o Largo do Rosário
O Largo do Rosário é o nome dado ao espaço em que situava a Igreja do Rosário (inaugurada em 1819) e seu cemitério (inaugurado em 1811), construídos pela Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, no Curral Del Rey. O Largo ficava no trecho onde atualmente estão as ruas da Bahia, Aimorés, Espírito Santo e Avenida Álvares Cabral. Tanto a Igreja quanto o cemitério eram espaços de comunhão que atendiam as necessidades espirituais e físicas da comunidade negra. Os encontros, comemorações e outras ações dedicadas aos santos de sua devoção (São Benedito, Santa Efigênia, Nossa Senhora do Rosário) eram marcados pela solidariedade e sentimento de pertencimento à cidade, já que os negros eram excluídos das irmandades de brancos.
Em 1897, com o início da construção da nova capital de Minas Gerais, todos os edifícios que ficavam dentro dos limites da Avenida 17 de dezembro (atual Avenida do Contorno) foram demolidos, dando espaço para novas construções e, consequentemente, apagando a memória dos períodos Colonial e Imperial brasileiro. Entretanto, os corpos sepultados no cemitério da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos não foram exumados e trasladados para o novo cemitério municipal (atual Cemitério do Bonfim).
A demolição do templo e a destruição do cemitério são fatos históricos denunciados por lideranças afro-brasileiras, que buscam, há anos, reconstituir e resgatar as memórias da população negra belo-horizontina. Após 125 anos desse fato, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou o registro do Território do Largo do Rosário como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. O registro definitivo foi publicado no Diário Oficial do Município do último dia 13 de maio. Desse modo, o bem cultural está agora inscrito no Livro de Registro dos Lugares por se tratar de manifestação cultural de relevante valor histórico, social e cultural para a cidade.