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Mostra transforma BH em capital da dança de 22 a 30 de setembro
Divulgação/PBH

Mostra transforma BH em capital da dança de 22 a 30 de setembro

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Belo Horizonte se transforma na capital da dança em setembro. A 4ª Mostra CRDançaBH, realizada pela Prefeitura, por meio do Centro de Referência da Dança de Belo Horizonte e o Circuito Municipal de Cultura, será da próxima segunda-feira (22) ao dia 30 de setembro (domingo), com a proposta de ser um espaço de fomento, visibilidade, formação e intercâmbio no âmbito da dança.

Espetáculos, residências artísticas, oficinas e debates vão ocupar o CRDança BH, o Teatro Marília, o Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado e o Núcleo de Formação e Criação Artística e Cultural (Nufac) com programação itinerante e gratuita. Neste ano, a mostra traz como destaque o espetáculo “Movimento de Escuta”, projeto de dança e arte surda da Cia SOM, do Rio de Janeiro, que se apresenta pela primeira vez em Belo Horizonte. 

Com direção de Clara Kutner, diretora de sucessos na TV como “Tapas e beijos”, a montagem reúne cinco jovens bailarinos surdos que encontraram na dança a sua forma de expressão e rompimento da “invisibilidade”. Em cena, eles mostram que superar limites é mais do que uma prova de resistência, mas de existência.

O espetáculo é resultado da direção co-criativa de Clara Kutner - que há sete anos iniciou a sua trajetória na arte surda - junto com Alef Felipe, Lucas Guilherme, Luiz Augusto, Thaís Souza e Thayssa Araújo. O roteiro traz algumas das muitas referências e experiências dos bailarinos que, em cena, transbordam os sentimentos por meio dos movimentos corporais. Com coreografias assinadas por Celly IDD, referência na inserção e construção feminina na vertente que ficou conhecida como Passinho Foda, performances misturam elementos da experiência dos integrantes do grupo, como o funk, o passinho e o rap carioca.

A montagem é composta de referências às artes visuais (Alef Felipe também é artista plástico) e à poesia, abarcando os Slams - disputas de improvisação poética que ocorrem nas periferias. E, sim, há momentos falados, por meio da língua de sinais (Libras), uma vez que discutir inserção e pertencimento fazem parte do espetáculo.

Mais informações podem ser obtidas no site do Circuito Municipal de Cultura, projeto realizado pela PBH, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon.

Valorização da dança

A Mostra CRDançaBH chega à quarta edição reafirmando o compromisso com a valorização da dança como linguagem artística diversa, crítica social e em constante transformação. Com uma curadoria atenta à multiplicidade de vozes, linguagens e experiências corporais, esta edição tem como foco a celebração dos corpos diversos — que desafiam normas, ampliam repertórios e enriquecem o fazer artístico com suas trajetórias singulares. A mostra propõe, assim, um espaço de escuta e visibilidade para artistas com diferentes origens, identidades e modos de criação.

“As políticas públicas municipais para a dança são construídas a partir da participação social, tendo o Centro de Referência da Dança como um dos importantes espaços de planejamento e execução dessas políticas. A quarta edição da Mostra reflete essa construção conjunta e oferece ao público uma programação que valoriza a dança em toda a sua potência e diversidade", afirma a presidenta da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof.

Paula Senna, diretora de Promoção das Artes, destaca que essa edição terá uma programação ampla e gratuita, reforçando a importância do fomento à dança. “A curadoria da mostra buscou valorizar os corpos e as vozes diversas que compõem o universo da dança, criando um espaço de troca e visibilidade para diferentes trajetórias artísticas. Nossa meta é fazer com que a dança reverbere em vários pontos da cidade, convidando o público a vivenciar e a se conectar com a arte em suas múltiplas formas”.

Programação

O “Movimento de Escuta” realizará apresentações entre da próxima terça-feira (23) a sábado (27). Ingressos podem ser retirados pelo site Sympla ou uma hora antes das apresentações na bilheteria dos teatros Marilia e Raul Belém Machado.

A programação de espetáculos traz também o solo “1300° Qual é a saúde de um vulcão?”, de Malu Avelar. Em cena, a artista aborda as interações entre a força dos vulcões e as estruturas sociais humanas, refletindo sobre como a destruição e o atrito podem, paradoxalmente, promover regeneração e saúde. Por meio de movimentos corporais intensos, Malu Avelar investiga as tensões entre o humano e sua capacidade de se transformar, propondo uma descolonização do corpo que transcende as fronteiras entre humanidade e monstruosidade.

A montagem será apresentada na terça-feira da semana que vem (23), às 19h, dentro da programação do “Terça da Dança”, projeto especial do Teatro Marília. Ingressos retirados pelo site Sympla ou uma hora antes das apresentações na bilheteria do espaço.

Residências, oficinas e debates

O artista mineiro Guilherme Avelar ministra a residência artística “Entre x-tremos”, em que propõe uma imersão em práticas corporais que exploram contrastes, extremos e exageros como caminhos para criação. A partir de estímulos físicos e cênicos, ele investiga diferentes qualidades de movimento, tensionando os limites do corpo em direção ao excesso, ao ridículo, ao drama e à comédia. Ao longo do processo, cenas e partituras experimentais serão criadas a partir dos materiais gerados, compondo um laboratório cênico coletivo que culmina em uma abertura de processo ao público. A residência “Entre x-tremos” acontece de 22 a 26 de setembro (segunda à sexta-feira) e no dia 29 (segunda-feira), das 14h30 às 18h, no CRDançaBH. 

Manu Avelar conduz a residência artística “Experimentos Coreográficos para a Fuga do Possível”, que nasce da pesquisa que a artista desenvolve há sete anos por meio do solo “1300° Qual a saúde de um vulcão?”. Nesse percurso, o estado de presença se configurou na metáfora do vulcão e na argila como símbolos de saúde e transformação, atravessando experimentos espaciais, a coreografia como entidade e a prática da glossolalia intensiva, pesquisa aprofundada em oito encontros com o preparador vocal Rodrigo Reis, que resultaram na criação de um corpo voco-corpóreo em cena. A artista propõe expandir esses fundamentos, convidando cada participante a atravessar práticas que unem corpo, voz e escrita. A residência “Experimentos Coreográficos para a Fuga do Possível” acontece nos dias 24, 25, 26 (quarta à sexta-feira) e 29 (segunda-feira), das 9h30 às 12h30, no CRDançaBH.

A Cia SOM ministra a oficina “Dança com Libras e vibração”, no dia 24 (quarta-feira), no Núcleo de Formação e Criação Artística e Cultural (Nufac), na Avenida dos Andradas, 367 – Centro. Conduzido pela diretora Clara Kutner, o conteúdo busca estimular a pesquisa da vibração como importante facilitador da dança no caso de pessoas surdas. A oficina consistirá em improvisos das técnicas de dança contemporânea e funk, criação coreográfica, aula de música-estudo rítmico e percepção melódica, Visual Vernacular e improvisação em Libras.

Os interessados em participar precisam preencher o formulário disponível neste link. Serão oferecidas 30 vagas, que serão preenchidas por ordem de inscrição, e 50% das vagas são destinadas a pessoas surdas.

Outra atividade da Cia SOM é o bate papo performático “Arte Quebra Tabu”, no dia 27 (sábado), no Teatro Marília. O grupo convida artistas locais – surdos e ouvintes – para uma roda aberta de expressão artística: Slam, poesia falada e visual, Visual Vernacular e outras formas de arte surda. O encontro será mediado por Clara Kutner, com as participações dos artistas Brisa Marques, Uyan Vilela e Roberta Pessoa, nomes potentes da cena artística local.

Ainda dentro da programação formativa, no dia 27, às 15h, o CRDançaBH recebe a mesa “Políticas públicas para dança”, que será mediada pela bailarina e professora Regina Amaral e comentada pelo bailarino e diretor de artes cênicas da Fundação Nacional da Artes (Funarte), Rui Moreira; pela bailarina Marise Diniz; e pela multiartista indígena e pesquisadora da cultura Hip Hop Chellz Tapayó.

O encontro propõe um espaço de escuta e construção coletiva em torno dos desafios e possibilidades que atravessam a dança no Brasil. A partir de reflexões críticas, a mesa busca aprofundar conversas e levantar questões como: Quais estratégias de sobrevivência, modos de existência e sustentabilidade da dança? Como solucionar a descontinuidade? Qual o papel das políticas públicas na construção de um ecossistema mais justo e permanente?

Palco aberto

O Teatro Marília recebe, no dia 28 (domingo), às 16h, o projeto “Palco Aberto de Dança”, iniciativa que promove um encontro de todos os estilos de dança, com uma premiação para as cinco melhores apresentações, que serão selecionadas pelos jurados Rudá Gonçalves, referência na cena do Breaking brasileiro; Ítalo Augusto, artistas da dança e improvisador;  e Paixão Sessémeandê, arte educadore e dançarine. Podem participar coletivos ou bailarinos solos de todo o estado de Minas Gerais, com idade mínima de 18 anos. Inscrições neste link.

Exibição de filmes

Haverá a exibição do curta “Mouco: um quase documentário sobre outras audições”, de Uyan Vilela. O filme propõe uma escuta sensível e questiona as noções tradicionais de corpo e audição, convidando à reflexão sobre acessibilidade, identidade e pertencimento, a partir de outras formas de comunicação e percepção do mundo.

O público assistirá também ao episódio oito da “Série JÁ!”, da Cia SOM. A ideia original do projeto era produzir um único vídeo-resultado da oficina de criação, mas como os participantes construíram coreografias com tantos detalhes, JÁ! foi transformado em uma série. Em cena, os artistas dançam numa referência à sobrevivência à pandemia da Covid19, que causou extrema impotência. Na série, a dança e a luta se misturam com a vontade de viver! As exibições acontecem no dia 27, às 19h, no Teatro Marília. Entrada mediante retirada de ingressos pelo site Sympla ou uma hora antes da exibição na bilheteria do teatro.

Palco vivo

O Teatro Marília será transformado em um “palco vivo” com a experiência artística e formativa “Vogue Vitrine”, que irá conectar a potência da cultura ballroom à cidade. No dia 30 (terça-feira), o público será convidado a participar de três oficinas: “Ballroom através das décadas”, das 14h às 16h; “Pose, origem e bases do vogue”, das 16h às 18h; e “Montação, um convite”, das 20h às 22h. Ao final da vivência, os elementos explorados farão parte de uma instalação montada na vitrine do Teatro Marília pelos participantes das oficinas. Não é necessário fazer inscrição prévia.

A vitrine do Teatro Marília está instalada na fachada do espaço, na Avenida Alfredo Balena, 586, bairro Santa Efigênia. O público que passar pelo local poderá conferir a montagem até o dia 30 de novembro.

Mostra de resultados

Encerrando a 4ª Mostra CRDançaBH, no dia 30 (terça), das 19h à 20h, o palco do Teatro Marília recebe a “Mostra de Resultados das Residências Artísticas”, um espaço dedicado à experimentação, à escuta e à exposição pública dos percursos construídos ao longo das imersões em dança e performance realizadas durante esta 4ª edição: “Experimentos Coreográficos para a Fuga” e “Entre x-tremos”. O encontro é um convite ao público para experienciar não apenas o que se apresenta no palco, mas também os caminhos de pesquisa e os atravessamentos que movem a cena contemporânea.