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Estudante Allice da Silva Faustino, que passou a declamar poemas após as aulas de teatro do programa.
Foto: Andrea Moreira/PBH

Programa Escola Integrada revela talentos de estudantes em escolas municipais

criado em - atualizado em
O poema “Me gritaron negra!”, da coreógrafa e poeta peruana Victória Santa Cruz, já foi interpretado, musicado e declamado por pessoas de diferentes nacionalidades. Sempre atuante, Victória Santa Cruz tornou-se símbolo de resistência e importante referência não só para a cultura afro-peruana, mas para toda a cultura negra nas Américas.


Há pouco menos de um ano, o poema “Gritaram-me negra” na versão abrasileirada, pode ser ouvido na voz da estudante Allice da Silva Faustino. Aos 10 anos, ainda em um corpinho de menina, Allice interpreta com desenvoltura e voz firme os versos escritos como bandeira da luta contra o racismo. Foi nas aulas de teatro do Programa Escola Integrada, iniciadas em 2017, que o talento da menina desabrochou.


Estudante do 5º ano na Escola Municipal Lídia Angélica, região da Pampulha, Allice frequenta as oficinas do Programa Escola Integrada desde 2016. Ela já participou das oficinas de capoeira, dança, horta e jardinagem, artesanato, artes, esportes, culinária, informática, taekwondo e xadrez.


Atualmente exercendo a função de coordenadora do Programa Escola Integrada na EMLA, Ana Paula da Costa foi professora de Ciências e Artes na turma da Allice durante os primeiros três anos da menina na escola. Foi na apresentação da música Mamulengo que ela percebeu o talento da estudante. “Fiquei impressionada com a habilidade dela dançando e se movimentando com o boneco.” 


Mais tarde, em 2017, Allice e outros colegas protagonizaram a peça “Deu a louca em Romeu e Julieta” - atividade de conclusão da disciplina de Arte proposta pela professora - criando o roteiro para a história e produzindo toda a peça teatral, inclusive o cenário e os figurinos.  



Alçando voos mais altos

 O talento da Allice foi se destacando nas oficinas de Teatro. A convite da monitora de Teatro Ana Sena, a estudante participou da 4ª edição do Projeto Ceníssimas – o Festival de Cenas Curtíssimas, com o tema “Histéricas”, um projeto de extensão em teatro da UFMG, onde Ana Sena participa como produtora e atriz. Realizado no dia 5 de abril de 2018, no Auditório da Escola de Belas Artes na UFMG, o projeto apresentou cenas interpretadas apenas por mulheres, para um público de aproximadamente 120 pessoas. Para Alice, foi uma experiência emocionante. “A princípio estava nervosa, com vontade de ficar rindo. Mas usei a técnica de olhar acima do público, o que me deixou mais tranquila. Foi ótimo porque recebi muitos aplausos”, contou.


A estudante diz que ainda não sabe o que vai ser quando crescer, mas que tem vontade de seguir a carreira artística. Ela já participou também do projeto Passarela BH 2018, que revela muitos talentos jovens no país, tendo sido aprovada na 1ª etapa do projeto. 


Para Ana Sena, existem muitos alunos na escola que têm habilidades com a arte e o Programa Escola Integrada é de grande importância para o aprimoramento dessas habilidades. Durante as aulas são trabalhados jogos que aguçam a desinibição e a atenção. 
 


Escola Integrada

O Programa Escola Integrada está presente na totalidade das escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Durante o tempo que passam no contraturno escolar, os estudantes realizam atividades diversas que contribuem efetivamente no seu desenvolvimento pessoal, social, moral e cultural. Cerca de 49 mil estudantes são atendidos, por mês, pelo programa.


Em seu funcionamento, a Escola Integrada dialoga com conhecimentos, equipamentos e serviços disponíveis na comunidade. Os estudantes percorrem o bairro, a cidade, praticam esportes, participam de competições e torneios, visitam museus, salas de cinemas, teatros e têm acesso a diferentes manifestações esportivas, culturais e de lazer oferecidas pela cidade.

 

 

10/05/2018. Programa Escola Integrada revela talentos. Fotos: Andréa Moreira/PBH