26 November 2019 -
Com a meta de capacitar professores e profissionais da educação para atuarem em situações de emergência, a Prefeitura de Belo Horizonte está promovendo cursos básicos de primeiros socorros com turmas até fevereiro de 2020. Até o momento, 119 servidores já concluíram o curso que segue as diretrizes estabelecidas pela Lei Federal 13.722/2018, conhecida como Lei Lucas.
A partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a Sociedade Mineira de Terapia Intensiva, o curso é realizado em dois módulos de 3h30, por meio de vídeos e simulações realistas com práticas de reanimação cardiopulmonar e utilização do Desfibrilador Externo Automático, além do reconhecimento e conduta inicial nas principais situações de emergência.
As aulas acontecem na sede da secretaria (rua Carangola, 288, Santo Antônio) e os participantes são orientados a identificar, agir preventivamente e atender adequadamente a vítima em situações de urgência e emergência, até a chegada do socorro especializado.
Segundo a diretora do Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação da Smed, Adriana Nogueira, a formação é essencial e tem despertado o interesse de muitos profissionais. “A grande adesão é uma demonstração que a capacitação está sendo proveitosa, além disso, o feedback daqueles que já concluíram a atividade tem sido positivo. A temática é necessária, uma vez que ajuda a enfrentar de forma correta e eficiente as situações de emergência que podem surgir no ambiente escolar”, afirmou.
De acordo com o diretor e instrutor da Sociedade Mineira, Alexandre Parisi, a ideia do curso é desmitificar os primeiros socorros como sendo algo difícil e complexo. “Como o nome já diz, trata-se de algo muito básico. O domínio da técnica previne sequelas que estão associadas a essa primeira etapa do atendimento. Os primeiros socorros realizados da forma adequada impedem que a pessoa tenha algum dano adicional”, disse.
Para o instrutor, o conhecimento de primeiros socorros precisa ser rotineiro e multiplicado para toda a população. “Não adianta a pessoa estar no melhor hospital do mundo quando ela não recebeu o primeiro atendimento com qualidade”, enfatizou.
Muitas situações vivenciadas nas escolas não são tratadas na formação dos profissionais que lidam diariamente com um número grande de crianças. Segundo Ivone Lima, professora da Escola Municipal de Educação Infantil Petrópolis, é importante uma preparação para auxiliar a vítima até a chegada do socorro.
Ainda de acordo com a profissional, na escola já ocorreram incidentes que terminaram sem nenhuma complicação, mas é sabido dos riscos se esse primeiro atendimento for realizado de forma inadequada. “As situações que existiram até hoje na escola foram bem resolvidas, mas foi tudo feito por instinto. Agora é possível um auxílio com embasamento teórico e prático para realizar esse primeiro atendimento”, disse.
Conteúdo programático
Na primeira parte do curso são trabalhados conteúdos básicos de primeiros socorros, como deveres do socorrista, segurança da vítima e do socorrista e informações sobre dados necessários ao ligar para pedir ajuda. São abordadas ainda emergências médicas, tais como problemas respiratórios, asfixia em adultos, reações alérgicas, ataque cardíaco, desmaio, diabetes e hipoglicemia, acidente vascular encefálico, também conhecido como acidente vascular cerebral, convulsão e choque. Além disso, práticas de reanimação cardiopulmonar e uso do Desfibrilador Externo Automático, massagem cardíaca, ventilação boca a boca e desfibrilação.
Já a segunda parte da formação aborda as emergências com lesões, como hemorragias visíveis e invisíveis, feridas, traumatismo craniano, trauma cervical, lesões na coluna, fraturas e entorses, queimaduras e lesões por eletricidade. Em seguida, entram na pauta as emergências ambientais: mordidas e picadas, emergências relacionadas ao calor e ao frio e veneno. Ao final dos módulos os profissionais fazem uma prova prática com casos clínicos reais e recebem certificado.
Quem foi Lucas
Aos 10 anos, o estudante Lucas Begalli faleceu, por asfixia mecânica, após engasgar com um pedaço de salsicha de cachorro quente durante um passeio escolar, na cidade de Campinas, em São Paulo. A vida do estudante poderia ter sido salva caso algum profissional da escola possuísse o conhecimento básico de primeiros socorros.
O episódio levou Alessandra Begalli, mãe do garoto, a criar uma página em uma rede social sobre o caso. A intenção é alertar as pessoas sobre os perigos que situações como a ocorrida com Lucas representam na vida de milhares de crianças. A repercussão do caso fez com que deputados e senadores aprovassem a Lei Federal 13.722/2018, garantindo a obrigatoriedade da capacitação de professores e funcionários em noções básicas de primeiros socorros.