10 August 2017 -
A 4ª edição da Jornada pela Cidadania LGBT ocorreu durante todo o mês de julho e movimentou Belo Horizonte para discutir a diversidade sexual e de gênero e também combater o preconceito com atividades socioculturais, artísticas e educativas. Neste ano, com o tema “Famílias e Direitos: Nossa Existência é Singular, Nossa Resistência é Plural” afirmou o caráter transversal e confluente da programação.
Entre as atividades, aconteceu também a 20ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, no dia 16 de julho, domingo. O Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de Gênero - Diverso UFMG, em parceria com a Belotur e CELLOS MG, realizou pesquisa de perfil do público, hábitos dos turistas e avaliação do evento com 425 entrevistados. Dentre o público, 62,6% dos participantes são de Belo Horizonte, 24,5% da Região Metropolitana e 12,9% de Minas Gerais e outros estados. Cerca de 80 mil pessoas estiveram presentes durante a Parada, sendo o número estimado de 10,3 mil visitantes. O gasto médio dos participantes ficou em R$ 54,70, o que significa movimentação econômica em torno dos R$ 4,3 milhões.
“Belo Horizonte está em sintonia com as tendências do turismo mundial. Estamos trabalhando para diminuir a discriminação e aumentar o respeito na cidade, que está cada dia mais feliz e mais aberta, se destacando pela quantidade de espaços dedicados ao público LGBT”, explica Aluizer Malab, presidente da Belotur.
Esta tendência terá destaque no próximo encontro da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), que acontecerá entre os dias 27 e 29 de setembro em São Paulo. Um espaço com 100m2 será destinado especificamente ao Turismo Segmentado, que tem como uma das frentes o público LGBT.
Turistas
- Pernoitaram na cidade 56% dos visitantes, sendo que 33% utilizaram meios de hospedagem e 45% utilizaram ônibus rodoviário para chegar até a cidade.
- 50% utilizaram internet para planejar a viagem e 44% recorreram aos amigos e parentes.
- O gasto médio na viagem foi de R$ 408,30 e permanência na cidade até 3 dias por 51% dos turistas.
Perfil dos participantes
- 87,8% afirmaram ser cisgêneros, pessoa que se identifica com o gênero a que foi designado no nascimento.
- 34,8% responderam não possuir religião e 65% possuem católicos na família.
- 20,7% com renda familiar entre R$ 937,00 e R$ 1.840,00, 31,8% possuem superior incompleto, 22,4% médio completo, 18,1% superior completo.
Repercussão
Ao longo dos últimos meses, foram 80 publicações no Facebook com alcance de 107.843 pessoas, 31 publicações no Instagram recebendo 4.938 curtidas e diversas interações nas demais redes sociais como Twitter e Youtube pelos perfis @paradaBH. As centenas de publicações espontâneas podem ser encontradas com a #paradaBH.
“Nossa Parada foi mencionada nos principais canais de imprensa local, portais especializados para o público LGBT e portais de circulação nacional. Como destaques na avaliação positiva, o recorde de público e caráter politizado do evento”, de acordo com Rhany Merces, uma das coordenadoras da 20ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte.
O evento
Com relação às expectativas ao evento, 76,5% disseram que as expectativas foram superadas ou atendidas plenamente. 51,3% já haviam participado do evento em 2016 e 96,7% pretendem participar da próxima edição. 61,6% disseram que não participaram de paradas em outras cidades.
Quando questionados sobre o motivo de participação na parada 43,8% disseram que ocorreu em apoio à causa LGBT. Com relação às necessidades urgentes, 41,2% apontaram a necessidade de mais reconhecimento e ou visibilidade, seguido de promoção de segurança. 88,3% sentem-se totalmente ou parcialmente representados pela Parada do Orgulho LGBT.
Como foi a Parada
- 80 mil pessoas.
- Concentração na Praça da Estação, deslocamento pela Rua dos Guaicurus, Rua da Bahia, Avenida Amazonas até a dispersão na Praça Raul Soares.
- 54 membros militantes e voluntários, capacitados pelo CELLOS MG.
- 4 atendimentos pelo SAMU.
- 1 ocorrência de furto e 1 acionamento das equipe da Guarda Municipal e PMMG em decorrência de tumulto na altura da Praça Sete.
- Aplicação de pesquisa mobilizando 22 voluntários.
- Cerca de 150 profissionais ligados à produção do evento, segurança privada e brigadistas.
- 2.650 metros de fechamentos (grades, barricada, tapumes).
- Maior estrutura já utilizada na Parada (palco e sonorização de porte especial; 130 sanitários químicos; 3 geradores, 3 trios elétricos, sendo um especial).
- Mais de 300 servidores da Prefeitura de Belo Horizonte mobilizados na operação do evento.
Jornada pela Cidadania LGBT
A Jornada pela Cidadania LGBT é uma iniciativa do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais - CELLOS-MG, realizada em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, da Coordenadoria de Direitos da População LGBT e da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Fundação Municipal de Cultura.
Durante a 4ª edição da Jornada, a cidade foi tomada pela programação durante todo o mês de julho. Os números comprovam sua rica agenda: foram 9 mesas de debates, 5 rodas de conversa, 4 cerimônias, 3 sessões de cinema comentadas, 3 oficinas, 3 encontros temáticos, 3 espetáculos, 2 exposições e uma coletiva de imprensa. As atividades envolveram quase 3 mil pessoas, que tiveram acesso gratuito a todos os eventos.
De acordo com Darlan Carling Von Dollinger, um dos coordenadores da Jornada, importantes eventos sociais marcaram esta edição. O Mutirão de Retificação de nome para população Trans presta relevante serviço de utilidade pública. O encontro de jornalistas gerou como produto a criação do Observatório de Imprensa. O piquenique com as famílias foi uma atividade de lazer e de ocupação dos espaços públicos, que reverbera o lema da Jornada pela Cidadania LGBT. A oficina trans teatro evidencia a grande procura e interesse da população por atividades de cunho artístico cultural LGBT. Dessa maneira, os eventos sociais trazem como retorno uma transformação latente por meio do diálogo, reivindicações de movimentos e conquistas no município, que refletem em benefícios para toda a sociedade.
Estiveram presentes nas mesas de debates Paulo Lamac, vice-prefeito de Belo Horizonte, Débora Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Keila Simpson, presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, professor e pesquisador Luiz Morando, responsável por estudo sobre Memória e História LGBT e Nívia Mônica da Silva, promotora do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Durante a realização da Jornada, o CELLOS-MG recebeu o diploma de Honra ao Mérito concedido pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, por iniciativa doi vereador Pedro Patrus. Outra importante cerimônia foi a entrega, pelo CELLOS-MG, no 13º Prêmio Direitos Humanos e Cidadania LGBT, às entidades e indivíduos que se destacaram na defesa, garantia e promoção de liberdades individuais e coletivas.