Encerrado oficialmente no último dia 31, o período chuvoso de 2023/2024 em Belo Horizonte não registrou grandes intercorrências naturais, perdas de vidas ou danos significativos ao patrimônio. Os números refletem um trabalho contínuo da Prefeitura da capital, que envolve investimentos em grandes obras de contenção de enchentes – como as bacias B5 e Olaria/Jatobá -, intervenções em áreas de risco geológico, trabalhos de zeladoria por toda a cidade e medidas preventivas junto à população.

Foram 81 dias com chuvas entre outubro e março deste ano, com um volume médio de 1.514 milímetros de água. A Defesa Civil destaca 24 eventos extremos, que é quando o volume de chuva ultrapassa os 70 milímetros em um período de 24 horas. As ocorrências de maior destaque envolveram o córrego Ferrugem, na divisa de Belo Horizonte e Contagem, onde caíram 109,2 milímetros em 1º de janeiro deste ano e 108,6 milímetros em 20 de março.

O prefeito Fuad Noman destacou que as ações dos órgãos da PBH foram definidas após observações dos episódios ocorridos nos anos anteriores na capital. “Foi possível perceber a redução de danos ocorrido em 2023 em relação ao período de 2022 fruto de um trabalho que vem sendo realizado. Onde as obras já estão concluídas, ou pelo menos operacionais, como é o caso das bacias do Olaria, Jatobá e Ferrugem, o efeito da chuva foi praticamente nenhum. Nós tivemos 109mm na cabeceira do Córrego Ferrugem e isso, historicamente, faria com que a Avenida Teresa Cristina inundasse, arrastasse carros, invadisse casas, e isso não aconteceu”, exemplificou.

Graças às obras da Bacia de Detenção B5, não foram registrados grandes alagamentos na Avenida Teresa Cristina, palco de grandes inundações em anos anteriores.  A B5 tem capacidade para armazenar 274 milhões de litros de água e as obras serão finalizadas ainda este ano. A Bacia Olaria/Jatobá também já está em pleno funcionamento e impacta diretamente na região da Avenida Teresa Cristina.

A caixa de captação na Avenida Vilarinho, na confluência com Doutor Álvaro Camargos, ajudou a mitigar os riscos durante a forte chuva registrada em 17 de fevereiro, quando choveu 75,8 milímetros.  A caixa tem a capacidade de reter 10 milhões de litros d’água. Caso não existisse essa estrutura, a água estaria sobre a via, aumentando ainda mais o risco de danos materiais e à vida.

Para reduzir o impacto das chuvas, a prefeitura está construindo também dois grandes reservatórios na região do Vilarinho – Vilarinho 2 e Nado. São consideradas as obras de engenharia de maior complexidade do país. O reservatório do Vilarinho deve ficar pronto no segundo semestre deste ano e terá capacidade para armazenar 115 milhões de litros de água.

Obras de drenagem

Trinta obras de drenagem de menor porte, realizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte no decorrer de 2023 e 2024, foram importantes para mitigar problemas pontuais em toda a cidade. As intervenções contemplaram serviços de implantação e melhorias em redes de drenagem em vias de menor fluxo de tráfego, mas foram essenciais para os moradores das regiões em que foram executadas.

 

Importante destacar também os serviços de manutenção realizados pela PBH no período seco – de março a outubro – para preparar a cidade para as chuvas. Eles englobam a poda e supressão de árvores, limpeza das 65 mil bocas de lobo e de bacias. Esse trabalho é fundamental para manter a capacidade de drenagem da cidade.

 

No ano de 2023 foram realizadas 113.005 limpezas de bocas de lobo, com a remoção de aproximadamente 1.764 toneladas de resíduos; foram desobstruídos 51,5 km de rede e feitas 2.138 trocas de grelhas. Até o mês passado, 29.105 bocas de lobo foram limpas, 442,62 toneladas de resíduos removidos, 14,3 km de redes desobstruídas e 655 grelhas trocadas.

Limpeza urbana

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) removeu cerca de 487 toneladas de resíduos decorrentes das chuvas. Mais de 180 toneladas foram contabilizadas somente na região da Pampulha, 117 na regional Nordeste e outras 104 na região Centro-Sul. Foram gastos 180 mil litros de água na lavação e limpeza dos locais atingidos. O trabalho envolveu cerca de 530 garis.

 

O trabalho de prevenção para o período chuvoso é feito durante todo o ano. Algumas das ações são a limpeza e a roçada em córregos e em pontos de possíveis enchentes, bem como a remoção de resíduos de deposições clandestinas. Já a atuação após um temporal consiste em raspagem e remoção da sujeira, incluindo barro, mato e outros materiais. Em seguida, a lavação das vias é realizada para liberação das vias.

Trânsito

No período chuvoso as equipes da BHTrans atenderam quase 5 mil ocorrências, entre acidentes, queda de árvores, bloqueio de vias e monitoramentos de córregos, entre outros. A avenida Teresa Cristina foi um dos pontos de maior intervenção das equipes, com 4 bloqueios. Em todos os pontos de acionamento do plano de contingência foi feito monitoramento in-loco ou por meio de câmeras do COP-BH.

 

Todos os locais de monitoramento e risco de inundações receberam sinalizações estocadas em pontos estratégicos para agilizar o trabalho dos agentes, que providenciam rapidamente os fechamentos e começam a orientar os veículos e pedestres sobre os desvios e evitarem a região, pois há risco de alagamento.

 

Foram mais de 350 equipamentos de sinalização móvel, além das viaturas posicionadas nos pontos de risco, 155 monitoramentos visuais em diversas vias e 13 bloqueios preventivos em vias com risco de alagamento.

 

Uma das novidades do Plano de atuação das chuvas neste ano foi a implantação de uma sinalização luminosa para orientar e auxiliar os motoristas em caso de alagamentos na Rua Joaquim Murtinho e na Avenida Prudente de Morais.

 

Todas as intervenções no trânsito também foram disponibilizadas no Waze e no GoogleMaps, o que possibilitou aos motoristas seguir uma nova rota, evitando as regiões bloqueadas.

Defesa Civil

A Defesa Civil registrou 2.641 atendimentos via telefone 199 no período chuvoso de 2023/2024. Grande parte das ocorrências foram para vistorias em imóveis particulares nas regionais Pampulha, Centro-Sul e Venda Nova. No comparativo com o período chuvoso 2022/2023, houve uma redução de 1.033 atendimentos, cerca de 28,12%.

 

Entre as estratégias utilizadas para garantir a segurança da população está a emissão de alertas preventivos: foram emitidos 170 alertas de chuva, risco geológico e granizo. Na plataforma 40199 de envio de SMS já são mais de 500 mil usuários que se somam aos cerca de 370 mil seguidores nas redes sociais.

Áreas de risco

As áreas de risco receberam uma atenção reforçada por meio de vistorias técnicas e monitoramento constante, além da realização de obras, principalmente nos locais mais críticos. Com a chegada das chuvas, os esforços se concentraram no atendimento à população. Ao todo, 232 pessoas foram desalojadas e nenhuma desabrigada.

 

De outubro de 2023 a março deste ano, a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) realizou cerca de 900 vistorias em áreas de risco geológico e executou 92 obras para mitigação do risco. Neste mesmo período, foram realizadas 49 remoções temporárias e 21 remoções definitivas.

 

A remoção acontece quando o local apresenta grau de risco alto ou muito alto, que não pode ser eliminado ou controlado por uma obra tecnicamente viável. Uma das alternativas é o acesso ao programa Bolsa Moradia até o seu reassentamento definitivo em uma unidade habitacional construída pela Prefeitura.

Segurança pública

A equipe do Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) permaneceu empenhada no monitoramento e compartilhamento de informações relacionadas com as chuvas, em tempo real, com as 16 instituições presentes na Sala de Controle Integrado (SCI). Houve reforço também no número de profissionais do COP-BH nos dias em que estavam previstas chuvas mais intensas.

 

A Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte manteve 80 viaturas e 200 agentes à disposição para atuar no bloqueio de vias, no monitoramento visual local das áreas de inundação e na segurança dos espaços que fossem isolados. Todo o efetivo da corporação também permaneceu de prontidão em caso de necessidade de reforços.

Assistência Social

A Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania manteve plantão nos finais de semana e feriados e disponibilizou 400 novas vagas para acolhimento emergencial e provisório, visando garantir abrigo, proteção social e cuidados básicos às famílias atingidas.

 

Também foi realizada articulação com o Governo Federal, em caso de calamidade pública, para antecipar os pagamentos do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada - BPC Loas - e segurança para aqueles que poderiam ser afetados pelas intempéries.

 

Nos contextos em que foi necessário, a Prefeitura também garantiu a oferta de refeições prontas para famílias e para as equipes em campo. Durante todo o período chuvoso 2023/2024, foram entregues 850 marmitex produzidos nos Restaurantes Populares, além de 200 cestas básicas, lençóis, colchões e cobertores para apoio imediato às famílias afetadas.

Grupo de Gestão de Risco e Desastres

O Grupo de Gestão de Risco e Desastres (GGRD) foi instalado pelo prefeito Fuad Noman em 2 de outubro para acompanhar as ações da Prefeitura de Belo Horizonte durante todo o período chuvoso – que vai de outubro a março. Composto por técnicos e especialistas das secretarias de Obras, Saúde, Assistência Social, Política Urbana, Segurança Pública e Governo, Urbel, Defesa Civil, SLU, Sudecap, BHTrans e Superintendência de Mobilidade (Sumob), o grupo teve a missão de monitorar os efeitos das chuvas na cidade e definir medidas emergenciais necessárias.

 

O acompanhamento multisetorial foi feito diariamente no COP, onde estão mais de 4 mil câmeras que permitem o monitoramento, em tempo real, de ocorrências rotineiras ou críticas relacionadas às chuvas, tais como alagamentos, enxurradas, inundações e quedas de árvores. Diante de situações de alerta, são discutidas as linhas de ação, sempre com o foco no rápido atendimento das ocorrências de forma integrada e coordenada.