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População deve manter os cuidados para combater o mosquito Aedes Aegypti

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Nesta época do ano em que a ocorrência de chuvas é menor, a população tende a esquecer daqueles cuidados básicos para eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Mas é importante lembrar que não é apenas a chuva que propicia as condições ideais para a reprodução do vetor. Qualquer local que tenha água parada, já serve de depósito para os ovos da fêmea do mosquito.  É preciso fazer o checklist do Aedes aegypti e verificar se há focos do mosquito em casa e eliminar qualquer risco para proliferação de doenças.
 
Dona Nilza Domingues, de 77 anos, voltou de férias e dedicou alguns dias para cuidar do quintal. Com muitas plantas espalhadas pelo terreno, ela faz questão de cuidar do espaço com muito carinho. Mas mesmo com tanta dedicação, acabou sendo surpreendida. Durante uma vistoria, a agente de combate a endemias (ACE), Simone Ferreira, encontrou um recipiente com muitas larvas. “Eu deixei a mudinha na água pra replantar. Foram poucos dias, mas vi que não pode mesmo, né. Fiquei assustada. Apesar de todos os cuidados que eu tenho, preciso ficar mais atenta”, disse a aposentada. Ela também foi alertada para plantas como bromélias, que acumulam água e locais que, mesmo com cobertura da chuva podem servir de esconderijos para escorpiões. 
 
Simone Ferreira diz que isso é muito comum. As pessoas focam em alguns cuidados, mas acabam esquecendo de detalhes que podem esconder o perigo. “Muitos moradores cuidam de forma geral, mas deixam passar alguma coisa porque não tem esse olho clínico. Eles acham que se fez uma limpeza no quintal essa semana, na próxima não precisa. Isso é uma coisa que acontece muito. Mas o ACE está aí para isso. A gente sempre vai às casas, de porta em porta, para ajudar a lembrar de todos os cuidados necessários para evitar essas doenças”, lembrou. 
 
Em 2018, até o momento, foram confirmados 263 casos de dengue em Belo Horizonte e 525 estão em investigação. Os meses de março, abril e maio concentram o período em que ocorreram mais confirmações de casos. O subsecretario de Promoção e Vigilância à Saúde, Fabiano Pimenta, faz um alerta. “Em maio deste ano, por meio da vigilância epidemiológica, identificamos a circulação do tipo 2 do vírus da dengue na capital. Desde 2010, esse vírus não circulava. Diante disso, entendemos que todas as pessoas que nasceram a partir de 2010 e aquelas que não tiveram contato com tipo 2, estão suscetíveis à doença”, alertou.
 

Cuidados permanentes 

O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti – LIRAa realizado na capital em abril, apresentou um resultado de 1,5%. O índice de infestação larvária recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) para evitar epidemia é de até 1%. O levantamento mostrou também que cerca de 84% dos focos encontrados estão dentro das residências. Os criadouros predominantes foram os inservíveis (26,3%), pratos de plantas (14,2%) e recipientes domésticos (9,9%). Esses resultados demonstram que independente da incidência de chuvas, os cuidados devem ser mantidos para diminuir os riscos de transmissão da dengue, zika e chikungunya.
 
Em Belo Horizonte, a Prefeitura mantém durante todo o ano uma série de ações de vigilância e combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Entre elas, estão as visitas domiciliares. Só nos seis primeiros meses do ano, foram realizadas mais de 2.305 mil vistorias. Além disso, a SMSA monitora permanentemente o índice de infestação mosquito através das ovitrampas. São cerca de 1.700 armadilhas para colocação de ovos. Elas são instaladas quinzenalmente e recolhidas após sete dias. 
 
O acompanhamento desses resultados auxilia no direcionamento das ações de intensificação, além daquelas de rotina, como explica Paloma Fonte Boa Carvalho, médica veterinária e referência técnica da Gerência de Zoonoses da Regional Nordeste. “No verão o clima é mais propício para a eclosão dos ovos, mas mesmo no inverno é possível identificar a circulação do mosquito, por isso, não se deve abaixar a guarda. O Aedes se adapta muito fácil e precisa ser combatido durante todo o ano”, reforçou. 
 
Em condições favoráveis de umidade e temperatura, a mudança do estágio de ovo para o primeiro estágio de larva ocorre em 48 horas após a postura dos ovos. E, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 7 a 10 dias. Por isso, a vistoria e a eliminação de criadouros devem ser realizadas pelo menos uma vez por semana: dessa forma, o ciclo de vida do mosquito será interrompido.
 
Outras frentes importantes no combate ao Aedes na capital são os mutirões de limpeza, realizados em conjunto com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU); as ações de mobilização social realizadas pelo grupo Mobiliza SUS-BH; e a criação do aplicativo BH Sem Mosquito, que ajuda a população a fazer um checklist completo em sua residência, uma vez por semana.
 

02/08/2018. Combate a dengue. Fotos: Karen Moreira/PBH