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PBH celebra Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas
Foto: Raphael Calixto

PBH celebra Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas

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Neste ano, o Brasil celebra pela primeira vez o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações de Candomblé, instituído pela Lei 14.519. Em consonância com o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, da Organização das Nações Unidas (ONU), a data foi definida como 21 de março - quando o Circuito Municipal de Cultura realiza o evento “Zumbi e Dandara Vivem em Nós”, fruto da parceria com a RUM (Reunião Umbandista de Minas Gerais), a Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente e a Casa Pai Francisco de Angola e Mãe Maria Conga.

 

Gratuita e aberta ao público, a iniciativa acontece a partir das 19h, em frente ao monumento à Zumbi, no bairro Santa Efigênia, com ato público e apresentações artísticas. Mais informações estão disponíveis nas redes e no site do Circuito Municipal de Cultura, que é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon.

 

Diretor da RUM e zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, Pai Ricardo defende que o evento soma esforços à luta por respeito às religiões de matriz africana no Brasil. "É importantíssimo ocupar esse espaço, não só no papel, mas também de forma física.  São alguns avanços mínimos, mas que não podemos deixar de pontuar, de absorver, de tomar posse deles”, afirma o sacerdote. "Estaremos lá com nossos corpos, com nossos atabaques, com nossas contas, com nossos guias. É a força da nossa subjetividade, do nosso axé, que vêm nos refazendo nesta diáspora, nos mantendo firmes para seguir na luta. Afinal, ainda estamos no campo de batalha por um Brasil mais justo e igualitário", completa.

 

A secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, ressalta a importância da comemoração. “As políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, implementadas por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, têm como diretrizes básicas a formação cultural, a universalização do acesso à arte, à cultura e à diversidade cultural e étnico-racial. Celebrar o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações de Candomblé e o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, nesta data comemorativa, reforça a importância de salvaguardar as tradições de raiz africana na cidade e no país, fomentando as diversas manifestações culturais e artísticas que definem a identidade afro-brasileira”, afirma.

 

Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, também celebra a programação especial. “O evento “Zumbi e Dandara Vivem em nós”, realizada no Monumento Liberdade e Resistência, junto com parceiros e composta  por Ritos Tradicionais, Cortejo Babadan Banda de Rua e Roda de Capoeira Camará, as edições especiais do Terça da Dança com a série Danças Negras,  e a exibição comentada do filme “A Rainha Nzinga Chegou” vão compor esse momento especial de celebração e afirmação da cultura afro-brasileira”, ressalta.

 

Programação

O evento “Zumbi e Dandara Vivem em Nós” acontece na terça-feira (21), em frente ao monumento “Liberdade e Resistência”, que fica localizado na avenida Brasil, no bairro Santa Efigênia. Criada pelo artista plástico Jorge dos Anjos, a escultura foi inaugurada em 1995, na ocasião do tricentenário de Zumbi dos Palmares, simbolizando as raízes da luta negra no país. Quem abre a programação, às 19h, é a “Roda de Capoeira” do Grupo Internacional Oficina da Capoeira, fundado em 1996 e coordenado por Mestre Ray.

 

A roda apresenta ao público os elementos que compõem a capoeira, fortalecendo os laços identitários da cultura afro-brasileira e mantendo viva uma das manifestações populares mais icônicas do Brasil. Na sequência, representantes de casas de candomblé da cidade protagonizam o “Ato 21 de Março”, que chama atenção para a defesa das religiões de matriz africana. A ação contará com saudações ancestrais, defumação e ritual de pemba, cantos para os orixás Ogum e Nanã e reinados em África.

 

Quem fecha a noite no monumento “Liberdade e Resistência” é o Babadan Banda de Rua, cuja proposta musical integra elementos do Congado, do Candomblé e das bandas marciais de Minas Gerais. Criado em 2018, o grupo traz um repertório predominantemente instrumental, com ênfase em músicas autorais e releituras com arranjos próprios. As influências musicais do Babadan perpassam ritmos afro-mineiros, toques sagrados do Candomblé, samba, afrobeat, afro-cubano, jazz, funk, soul, entre outros. Com a missão de exaltar a sonoridade afro-mineira e reforçar a necessidade da reconexão com a ancestralidade, o grupo (que também desfila como bloco no Carnaval) é guiado pelos instrumentos de sopro, que se apoiam numa base percussiva formada por instrumentos como atabaques, djembes, caixas de Reinado, patangomes, gungas e reco-recos.

 

Esta atividade integra a programação da Rede de Identidades Culturais, em comemoração aos 20 anos da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena na Educação Básica.

Cinema e dança

O Circuito Municipal de Cultura traz, também na terça-feira, outras atividades que integram as comemorações do Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações de Candomblé. Às 19h, no Cine Santa Tereza, acontece a sessão comentada do filme “A Rainha Nzinga Chegou” (2019), com a presença da diretora Júnia Torres, que integra a “IV Mostra Diálogos Pela Equidade”. O documentário apresenta três gerações de rainhas da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, em Belo Horizonte, e é co-dirigido por Isabel Casimira Gasparino, falecida em 2015. Conhecida como Dona Isabel, ela foi Rainha Conga do Reinado Treze de Maio durante 31 anos e, por mais de duas décadas, Rainha Conga de Minas Gerais. A exibição tem ingressos gratuitos, que podem ser retirados on-line pelo site da Sympla ou na bilheteria do cinema, 30 minutos antes da sessão.

 

Já o projeto Terça da Dança leva ao Teatro Marília, também às 19h, duas cenas que fazem parte do especial “Danças Negras”. Primeiro, o público confere a criação “De Onde Brota a Cor”, idealizada e interpretada pela bailarina Naluh Ribeiro, com direção da coreógrafa Luísa Machala. O trabalho é inspirado nas memórias das avós e avôs de Naluh e Luísa, bem como nas histórias contadas por eles e por suas mães. Mulheres pretas, as artistas perceberam durante o processo muita proximidade entre suas narrativas individuais, mesmo sendo de famílias diferentes. Vencedora da “Mostra de Jovens Coreógrafos - SPOILER” (2022), a cena foi costurada pela troca de memórias, gestos, sonoridades e objetos.

 

Na sequência, Flavi Lopes apresenta “Ensaio Para as Almas”, experimento de dança contemporânea que mescla linguagens e pensamentos. Baseado na exploração do corpo feminino na sociedade de consumo, o solo alia a presença do corpo físico da dançarina, sua sensualidade e sua relação com o corpo aniquilado. A criação reencena o diálogo com a morte em várias instâncias: seja nos restos mortais do ente querido, na negação da completude do corpo ou na redenção espiritual e psicológica diante das perdas. As duas cenas serão reapresentadas na sexta-feira (24), às 19h, no Centro Cultural Pampulha, com acesso gratuito e aberto ao público. Para as apresentações do Terça da Dança no Teatro Marília é preciso retirar gratuitamente ingressos pelo site da Sympla.

Sobre o Circuito Municipal de Cultura

Projeto estratégico da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o Circuito Municipal de Cultura tem como objetivo promover a descentralização e a democratização do acesso a uma ampla programação artístico-cultural, atendendo a todas as regionais, valorizando e fomentando a produção cultural local dos diversos territórios da cidade. O Circuito Municipal de Cultura oferece programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. São realizados shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação.

 

Lançado em dezembro de 2019, o Circuito Municipal de Cultura mantém o compromisso de oferecer programação cultural plural, com atrações gratuitas para todas as faixas etárias, destacando a produção local em todos os seus territórios e manifestações. Ao longo destes anos, o Circuito já realizou 628 apresentações nos espaços públicos das nove regionais da cidade, alcançando um público de mais de 700 mil pessoas, e contou com a participação de mais de 3.700 trabalhadores, entre artistas, Mestres da cultura popular, produtores e técnicos, reforçando seu importante papel de fomento, principalmente no período da pandemia de Covid-19.

 

No ano de 2022, o Circuito realizou 145 ações, com público estimado em 25 mil pessoas. Foram mais de 400 artistas envolvidos nesse período e aproximadamente 500 agentes da cadeia produtiva contratados, com maior destaque para artistas e fornecedores de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

Serviço | Circuito Municipal de Cultura

Ato 21 de Março - “Zumbi e Dandara Vivem em Nós”

Quando: Dia 21 de março, terça-feira, a partir das 19h
Onde: Monumento Liberdade e Resistência (Avenida Brasil, 41 - Santa Efigênia)
Quanto: Acesso gratuito e aberto ao público
Mais: Acesse a programação completa disponível no site: portalbelohorizonte.com.br/circuitomunicipaldecultura

 

“IV Mostra Diálogos Pela Equidade” | Sessão comentada do filme “A Rainha Nzinga Chegou” (2019), com a diretora Júnia Torres


Quando: Dia 21 de março, terça-feira, às 19h
Onde: Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89 - Santa Tereza)
Quanto: Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados pela Sympla

 

Terça da Dança: “Danças Negras” | Cenas “De Onde Brota a Cor” e “Ensaio Para as Almas”

 

Quando: Terça-feira (21), às 18h

Onde: Teatro Marília (Avenida Alfredo Balena, 586 - Santa Efigênia)

Quanto: Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados pela Sympla

Mais. As cenas serão reapresentadas no dia 24 de março, sexta-feira, às 19h, no Centro Cultural Pampulha (Rua Expedicionário Paulo de Souza,185 - Itatiaia). O acesso é gratuito e aberto ao público.