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IV Mostra Diálogos pela Equidade exibe 33 filmes dirigidos por mulheres
Foto: Leticia Marotta

IV Mostra Diálogos pela Equidade exibe 33 filmes dirigidos por mulheres

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Discutir e refletir sobre como as mulheres têm ocupado espaço no cinema, jogando luz sobre seus processos criativos na direção e em outras áreas de atuação do audiovisual. Esses são alguns objetivos da Mostra Diálogos pela Equidade, cuja 4ª edição acontece entre os dias 7 e 26 de março, no Cine Santa Tereza. Com o tema “Mulheres Plurais”, o evento exibe 33 filmes que traçam um panorama contemporâneo da produção de curtas e longas-metragens dirigidos por mulheres no Brasil.

 

A mostra é realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Fundação Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, em parceria com o Instituto Odeon. Integrando a programação do Circuito Municipal de Cultura, a Mostra tem ingressos gratuitos, que podem ser retirados on-line pelo site da Sympla ou na bilheteria do cinema, 30 minutos antes da sessão. Mais informações podem ser encontradas no portal da PBH, bem como nas redes sociais e no site do Circuito.

 

Nesta edição, a IV Mostra Diálogos Pela Equidade traz uma programação que faz referência ao 8M  - ou 8 de março, o Dia Internacional das Mulheres, data mundialmente marcada por protestos e marchas feministas. Assim, o evento busca propor a ampliação do entendimento em torno das possibilidades de ser mulher, da existência de corpos e olhares plurais no cinema. “A mostra traz a possibilidade de pensarmos criticamente as relações de gênero através dos diversos olhares e das subjetividades femininas apresentadas pelas diretoras e produtoras selecionadas.

 

Trazer o ponto de vista destas profissionais para as produções audiovisuais desafia a estrutura patriarcal das produções, historicamente dominada por homens, possibilitando ao público novos produtos e diferentes narrativas. Dar visibilidade às vozes dessas mulheres, principalmente as mulheres negras e trans, é uma forma coletiva de enfrentarmos as diversas opressões, principalmente o machismo, o racismo e a LGBTfobia, na luta pela igualdade de direitos e por uma sociedade livre de violências”, afirma Daniella Lopes Coelho, Diretora de Políticas para as Mulheres, ressaltando a importância da representatividade de profissionais mulheres em setores historicamente dominados por homens, como é o caso do audiovisual.

 

A curadoria da Mostra enfoca as artistas mineiras do cinema, trazendo lançamentos e títulos ainda não exibidos em BH, além de várias sessões comentadas com diretoras e realizadoras. Para a coordenadora do Cine Santa Tereza, Vanessa Santos, o conjunto de filmes  apresenta um recorte potente da criação cinematográfica das mulheres brasileiras, especialmente as de Minas Gerais. “Há na programação obras premiadas, que rodaram importantes festivais, realizadas por mulheres negras, bissexuais e indígenas, o que evidencia a pluralidade e a potencialidade do que representa hoje a presença feminina no cinema realizado no Brasil e em Minas Gerais. São narrativas múltiplas, tecidas a partir dos olhares plurais dessas mulheres, que se voltam ao resgate de memórias e ancestralidades, ressignificando corpos, existências e experiências. Valorizar esse cinema, promover o acesso e a difusão dessas obras, é fortalecer a participação feminina no mercado audiovisual brasileiro.”, ressalta.

 

Programação

Um dos destaques do evento é a homenagem à produtora mineira Anavilhana, das sócias Clarissa Campolina, Luana Melgaço e Marília Rocha - uma referência na produção cinematográfica de Minas Gerais, com mais de 20 anos de trajetória no audiovisual e diversas produções premiadas. Para celebrar o percurso da produtora, construído pelo trabalho coletivo e coroado por acertadas parcerias, a programação começa, no dia 7, terça-feira, com as sessões “Anavilhana Convida”. Serão exibidos curtas-metragens assinados por mulheres que contribuíram com a história da Anavilhana, em sessões comentadas com a presença das respectivas realizadoras: às 18h, os filmes “Eu te amo é no sol” (Yasmin Guimarães, 2021), “Cor de Pele” (Larissa Barbosa, 2019), “Obreiras” (Ana França, Gabriela Albuquerque e Isadora Fachardo, 2017) e “Exsicata” (Laura Godoy, 2021); e, às 19h30, “O cérebro é uma zona erógena” (Analu Bambirra, 2022), “Sala de Espera” (Paula Santos, 2023) e “Reflexos” (Larissa Bicalho e Vanessa Gomes, 2022).

 

Como parte da homenagem e da retrospectiva de filmes da Anavilhana promovida pela Mostra Diálogos Pela Equidade, no dia 9, quinta-feira, às 19h, as sócias Clarissa, Luana e Marília se reúnem para falar sobre a sua experiência no cinema os desafios e as perspectivas, participando de uma sessão comentada do documentário “A Falta Que me Faz” (Marília Rocha, 2010). Antes, às 17h, acontece a exibição de “Girimunho” (Clarissa Campolina e Helvécio Martins, 2011) e, ao longo da semana, o público poderá conferir outros dos prestigiados trabalhos realizados pela produtora: dia 8, quarta-feira, às 17h, “Aboio”  (Marília Rocha, 2005); dia 10, sexta, às 17h, serão exibidos o média-metragem “Notas Flanantes” (Clarissa Campolina, 2009) e o curta “Solon” (Clarissa Campolina, 2016); às 19h, é a vez do premiado “A Cidade Onde Envelheço” (Marília Rocha, 2016); dia 12, domingo, às 19h, será exibido o documentário “Enquanto Estamos Aqui” (Clarissa Campolina e Luiz Pretti, 2019); e, às 17h, acontece a exibição do longa-metragem “Kevin” (2021), dirigido por Joana Oliveira, com produção executiva assinada por Luana Melgaço.

 

No dia 11, sábado, às 19h, o público poderá conferir o trabalho mais recente da diretora Clarissa Campolina, o longa-metragem “Canção ao Longe”, de 2022. Depois de rodar por festivais de cinema em Brasília, Rio de Janeiro, Tiradentes e Marrakech (Marrocos), o filme será exibido pela primeira vez na capital mineira, em uma sessão comentada com a presença da diretora e de integrantes da equipe.

 

A Mostra Diálogos Pela Equidade continua no dia 14, terça-feira, focando produções assinadas por realizadoras negras. A partir das 19h, serão exibidos os curtas-metragens “Aurora” (Everlane Moraes, 2018) e “Eu, Negra” (Juh Almeida, 2022), além do média-metragem “Vaga Carne” (2019), de Grace Passô e Ricardo Alves Júnior. No dia 15, quarta, também às 19h, é a vez da sessão comentada de “Sementes - Mulheres Pretas no Poder” (Ethel Oliveira e Júlia Mariano, 2020) - documentário que acompanha as campanhas a deputada federal ou estadual de Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Taliria Petrone, em 2018, no Rio de Janeiro, em um histórico levante de mulheres negras na política brasileira, ocorrido após a execução da vereadora carioca Marielle Franco.

 

Ao longo da semana, serão exibidos outros dois longas-metragens do cinema negro contemporâneo realizado por mulheres: no dia 16, quinta, às 19h, acontece a sessão comentada de “Espero que esta te encontre e que estejas bem” (2020), com a presença da diretora Natara Ney; no dia 17, sexta-feira, às 19h, é a vez de “Até o Fim” ( 2020), da dupla Glenda Nicácio e Ary Rosa; e no dia 18, sábado, às 19h, o público confere “Desterro” (2020), da cineasta Maria Clara Escobar, cuja estreia mundial aconteceu no Festival de Roterdã, na Holanda.

 

No dia 19, domingo, às 17h, a Mostra traz uma sessão especial composta por dois filmes contemporâneos realizados por cineastas indígenas. Primeiro filme realizado por mulheres Yanomami, o lançamento “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando” (Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami, 2023) abre as exibições, seguido pelo longa “YamiYhex: As Mulheres-Espírito” (2020), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali. A programação do dia acaba às 19h, com “Eu, um Outro” (2019), documentário da cineasta Sílvia Godinho que aborda as questões de gênero.

 

A última semana da programação começa no dia 21, terça-feira, às 19h, com uma sessão que integra as ações do Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. Na ocasião, será exibido o documentário “A Rainha Nzinga Chegou” (2019), que mostra três gerações de rainhas da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, de Belo Horizonte. A sessão será comentada pelas diretoras Júnia Torres e Isabel Casimira. No dia 22, quarta, às 19h, será exibido “Baronesa” (2017), de Juliana Antunes; e no dia 23, quinta, também às 19h, é a vez da sessão comentada de lançamento do documentário “Se Eu Contar, Você Escuta?” (Renata M. Coimbra, 2022), que revela a história de oito meninas vítimas de violência sexual.

 

Outros dois documentários voltados para a história e a luta das mulheres serão exibidos no dia 24, sexta-feira: às 17h, é a vez de “Formigueiro - A Revolução Cotidiana das Mulheres”  (Bruna Provagi e Tica Moreno, 2022); às 19h, será exibido o lançamento “Matriarcas da Serra” (Deivson Marcos, Gabriela Matos e Simone Moura, 2023), em sessão comentada com a presença das realizadoras e de integrantes do elenco do filme.

 

Fechando a IV Mostra Diálogos Pela Equidade, no dia 26, domingo, serão exibidas duas ficções que enfocam o cotidiano da mulher brasileira. Às 17h, o público assiste “Um dia com Jerusa” (2020), filme de Viviane Ferreira que marca a história do cinema brasileiro, por ser apenas o segundo longa-metragem dirigido por uma mulher negra no Brasil; já às 19h, a mostra encera com a exibição de “A felicidade das coisas” (2021), de Thaís Fuginaga. 

Sobre o Circuito Municipal de Cultura

Projeto estratégico da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o Circuito Municipal de Cultura tem como objetivo promover a descentralização e a democratização do acesso a uma ampla programação artístico-cultural, atendendo a todas as regionais, valorizando e fomentando a produção cultural local dos diversos territórios da cidade. O Circuito Municipal de Cultura oferece programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. São realizados shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação.

 

Lançado em dezembro de 2019, o Circuito Municipal de Cultura mantém o compromisso de oferecer programação cultural plural, com atrações gratuitas para todas as faixas etárias, destacando a produção local em todos os seus territórios e manifestações. Ao longo destes anos, o Circuito já realizou 628 apresentações nos espaços públicos das nove regionais da cidade, alcançando um público de mais de 700 mil pessoas, e contou com a participação de mais de 3.700 trabalhadores, entre artistas, Mestres da cultura popular, produtores e técnicos, reforçando seu importante papel de fomento, principalmente no período da pandemia de Covid-19.

 

No ano de 2022, o Circuito realizou 145 ações, com público estimado em 25 mil pessoas. Foram mais de 400 artistas envolvidos nesse período e aproximadamente 500 agentes da cadeia produtiva contratados, com maior destaque para artistas e fornecedores de Belo Horizonte e Região Metropolitana.