5 July 2018 -
Quem vê a Matildes Moraes da Costa toda sorridente, cheia de sonhos e interagindo com as pessoas, não imagina quanta dor e sofrimento a aposentada de 59 anos precisou superar. Em 2008, ela passou por uma depressão profunda após a perda de um filho de 30 anos. Não conseguiu aceitar a morte do filho e se fechou para o mundo. Passava dias inteiros no cemitério, deprimida e sem forças para viver.
Há cerca de quatro anos Matildes faz tratamento para depressão, e há dois participa do grupo terapêutico do Centro de Saúde Alto Vera Cruz, chamado de Superação Acolhimento e Amizade (SAA). O objetivo desse grupo é dar suporte a mulheres de todas as idades que têm algum sofrimento mental e também que vivenciaram traumas psicológicos.
Atualmente, cerca de 20 mulheres participam do grupo e compartilham momentos positivos, superam seus limites e comemoram suas conquistas. Todas são acompanhadas também individualmente pelos médicos e psicólogos da unidade. “Estou gostando demais do grupo, não perco um dia. O grupo é uma benção. Hoje posso dizer estou curada, não choro por qualquer problema, eu reajo e supero”, disse Matildes, emocionada.
A assistente social Luciana Costa Normandia, uma das responsáveis do grupo terapêutico SAA, esclarece que o grupo foi moldado para atender melhor as mulheres após mudanças percebidas pela equipe. “Procuramos sempre proporcionar uma maior sensação de prazer para essas mulheres. Trabalhamos para reforçar a autoestima delas. Já trouxemos oficina da imagem, com maquiadoras e cabeleireiras, nutricionista, educador físico e piquenique ao ar livre”, explicou. O grupo, que se reúne uma vez por mês no centro de saúde, também é assistido por uma psicóloga, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem.
Segundo Luciana, muitas mulheres que participam das atividades passam por grandes transformações e conseguem ser mais felizes e empoderadas. “Queremos ver essas mulheres sorrindo, passeando, trocando experiências e interagindo. Nós conseguimos esse objetivo no fim de cada sessão, percebemos que muitas estão com um sorriso no rosto, saindo muito melhores do que quando entraram”, relata.
Nilza Maria do Vale é outra participante engajada. Ela luta contra a depressão e a ansiedade, mas com o suporte das profissionais e o apoio frequente das colegas de grupo, está mais animada para dar continuidade ao tratamento. “Eu gosto dessa terapia ser em grupo. Tive recaídas e já chorei noites inteiras, mas eu vou persistir e não vou sofrer mais. Hoje trouxe alguns livros para dividir com elas. Esse livro tem uma mensagem também de persistência e superação que eu quero para mim e para elas”, disse.