Pular para o conteúdo principal

Mulher sentada, de olhos fechados, em frente a uma estátua
Foto: Rafael Adorján

Exposição cria relações entre o mito de Penélope e a história do MAP

criado em - atualizado em

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, abre ao público no próximo domingo, dia 9, às 16h, no Museu de Arte da Pampulha (MAP), a exposição “Mais Dia, Menos Noite”, da artista Tatiana Blass. A mostra traz uma instalação composta por um grande tear manual, posicionado no salão nobre do Museu, dando forma a um extenso tapete vermelho que percorre o espaço e se desfaz até atingir os jardins e a Lagoa da Pampulha. A exposição fica em cartaz até o dia 1º de setembro de 2019, e pode ser visitada de terça a domingo, das 9h às 18h. A entrada é gratuita.


Relacionando o mito de Penélope com a história do edifício do Museu de Arte da Pampulha – concebido na década de 1940 para ser um cassino – a instalação criada por Tatiana Blass traz à tona a simbologia do tapete vermelho, intimamente ligada ao poder e ao luxo. Segundo o mito, após um ano de casado, Odisseu deixa Penélope e parte para a guerra de Tróia. Vinte anos depois, sem notícias, Penélope passa a ser assediada por novos pretendentes, e assume o compromisso de escolher um novo marido quando terminasse de tecer uma mortalha para o pai de Odisseu. Durante o dia, ela tecia; durante a noite, desmanchava seu trabalho na tentativa de enganar o tempo e iludir seus pretendentes, aguardando a volta de seu amado.


Na produção de Tatiana Blass, os espectadores estão constantemente sendo iludidos: afinal, para a artista, parte do papel da arte é criar estranheza, assombro, ilusões, um deslocamento da realidade que desafie a percepção.


Uma primeira versão da obra, então chamada de “Penélope”, foi criada para o espaço da Capela do Morumbi em São Paulo. Para se instalar no grandioso espaço do Museu de Arte da Pampulha, o trabalho ganha nova configuração, novo contexto e novas simbologias, e por isso um novo nome: “Mais Dia, Menos Noite”. A referência ao mito, assim como as ideias de suspensão do tempo e de espera, continua presente, agora com referência ao glamour das noites da Pampulha no passado.


“Talvez agora a instalação remeta a vida noturna do museu, faça lembrar as noites de cassino, no constante fazer/desfazer desse tapete, que acontece nas noites, quando ninguém está vendo. Cabe a nossa participação para que a ilusão se consolide, precisamos nos deixar levar. Como diz a artista em outro trabalho, o engano é a sorte dos contentes”, considera o curador Douglas de Freitas.


Esta exposição integra o projeto Arte Contemporânea no MAP, criado com o intuito de promover e fomentar as Artes Visuais em Belo Horizonte, apresentando obras que estabelecem uma relação com o espaço arquitetônico do Museu de Arte da Pampulha e sua paisagem. “Nesta exposição o público terá a oportunidade de conhecer uma obra de Arte Contemporânea que ocupa tanto o interior quanto o exterior do Museu, podendo adentrá-la e desfrutar de suas possibilidades de vivência e de reflexão”, define a diretora de Museus da Fundação Municipal de Cultura, Letícia Dias. O Museu de Arte da Pampulha fica na avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha. Informações para o público pelo telefone (31) 3277-7946.

 

Instalação com fios vermelhos ligados à parede