31 March 2025 -
Refletir sobre a história de exclusão, extermínio, escravização e vilipêndio dos povos originários, africanos e afrodescendentes. Esse é o mote do espetáculo teatral “Marcas do Tempo” que inicia uma circulação por quatro espaços culturais municipais a partir desta terça-feira (1º). A peça é inspirada em três contos da autora e contadora de histórias Maria Célia Nunes e dirigida pelo ator e músico Alan Najara. Todas as apresentações terão entrada gratuita e contarão com intérpretes de Libras. O espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte (LMIC).
As apresentações acontecem no Centro Cultural Padre Eustáquio (Terça-feira (1º), às 15h); Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado (Domingo (6), 19h); e Centro Cultural Vila Santa Rita (Quinta-feira (10), às 19h). Em maio haverá uma apresentação no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira (Sábado (3/5), às 9h30)
No espetáculo, a narração dos contos “As Chamas e o Legado”, “O Menino e a Mulher” e “Amor Proibido”, historicamente contextualizados e referentes às três matrizes etnoculturais formadoras do povo brasileiro, é entremeada por cenas teatrais e cuidadosa produção musical. A História, a Literatura e a Arte se entrecruzam para remontar às raízes de nosso passado histórico. A busca dos elos de conexão entre passado e presente suscitam reflexão e aguçam a visão crítica das demandas e distorções da atualidade.
A peça “Marcas do Tempo” aborda o processo histórico de exclusão, extermínio, escravização, discriminação e vilipêndio dos povos originários, africanos e afrodescendentes, cujas condições degradantes ainda persistem em nossa sociedade, marcada pela herança patriarcal machista, autoritária, discriminatória, misógina, moralista e hipócrita. Segundo a autora, o espetáculo tem por objetivo cooperar com o fortalecimento da tradição da narração oral como veículo privilegiado de perpetuação da memória coletiva, abrindo caminho para que sejam abrangidas todas as possibilidades de expressão da palavra nas mais diversas manifestações da cultura popular e literária, que incluem contos, crônicas, anedotas, causos, cordéis, lendas, fábulas, poemas e canções.
Sobre os contos que compõem o espetáculo
O primeiro conto, intitulado “As Chamas e o Legado”, gira em torno da trajetória de vida de uma nativa, Inaiá, matriarca e ponto de intersecção de nove gerações de mulheres, quatro anteriores que viveram em Pindorama, e cinco, a partir dela, após a invasão das terras de Pindorama pelos portugueses e início da dominação degradante das gentes, das terras, da destruição das matas e da exploração das riquezas.
Em “O Menino e a Mulher”, a narrativa se passa em tempos da escravatura no Brasil, mostrando um lado pouco explorado nas escolas, quando se trabalha o tema da escravidão: a captura de homens, mulheres e crianças na África, o tráfico intercontinental de seres humanos e o comércio de escravizados no Brasil. A história também traz, como tema, uma outra dimensão do amor, construída a partir da dor, do sofrimento e da solidão.
Já no terceiro conto, “Amor Proibido”, o enredo se passa no final do século XIX. A história de um rumoroso escândalo de envolvimentos amorosos que se entrelaçam como uma teia urdida pelas mãos do destino. A trama se desenrola em um contexto social elitista branco, conservador, misógino e hipócrita, marcado por rígidos padrões éticos e morais de comportamento.
Os três contos narrados no espetáculo teatral “Marcas do Tempo” foram premiados. “O Menino e a Mulher” e “As Chamas e o Legado” foram classificados em primeiro lugar, na categoria Conto, no concurso do “Cabeça de Prata do Minas Tênis Clube”, respectivamente em 2016 e 2019. Já “Amor Proibido” recebeu o prêmio de terceiro lugar, na categoria Conto, no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes, em 2022.
Serviço
Espetáculo “Marcas do Tempo” | Maria Célia Nunes | direção: Alan Najara
Duração: 90 min. | Classificação: 14 anos
Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 550 - Pe. Eustáquio)
Terça-feira (1º), às 15h
Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, S/N - Alípio de Melo)
Domingo (6), às 19h
Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149 – Santa Rita)
Quinta-feira, às 19h
Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira (Rua Formiga, 140, Lagoinha)
Sábado (3/5), às 9h30
Entrada gratuita - Espetáculo com intérprete de Libras