6 Fevereiro 2024 -
A Prefeitura de Belo Horizonte abre oficialmente a programação do Carnaval 2024 com as apresentações do Kandandu, encontro de blocos afro da capital, nesta sexta-feira (9) e sábado (10), no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. No primeiro dia, o bloco se apresenta a partir de 18h. No sábado, o Kandandu continua no palco, com atrações a partir de 16h. A retirada dos ingressos gratuitos deve ser feita na internet. Confira a programação completa do Kandandu no Portal Belo Horizonte.
O icônico espaço de lazer da capital mineira, que já recebe outros eventos municipais como a Virada Cultural e o Festival de Arte Negra, além de outras agendas privadas, estará disponível apenas para esta programação, com previsão de público para 4 mil pessoas por dia.
A entrada ao evento é gratuita, mas haverá controle de acesso, com revista no local, além do gradeamento dos jardins mais próximos da área das apresentações. Importante ressaltar que, assim como em eventos de maior porte que utilizam a estrutura no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, o palco para a programação do Kandandu será montado em uma área de gramado ao lado do Palácio das Artes. As demais áreas permanecerão abertas ao público para os diversos usos rotineiros do Parque (prática de esportes, uso de brinquedos, contemplação, etc).
Para saber mais sobre a operação do Kandandu no Parque do Municipal acesse o Portal da Prefeitura de Belo Horizonte.
O Kandandu é organizado e idealizado desde 2015 pela Associação de Blocos Afro de Minas Gerais (ABAFRO-MG). “A gestão da ABAFRO/MG trabalha na sua execução desde o início. Nesse ano de 2024, evidencia a proteção do patrimônio material e imaterial, essa atuação que reveste o Kandandu de caminhos abertos através das ações afirmativas constitui um espectro de identidades da diáspora africana, principalmente voltada aos territórios periféricos”, afirma Álvaro Zulú, diretor presidente da ABRAFO-MG.
Na edição deste ano, o Kandandu terá Exu e Omolu como orixás regentes e o tema será “Encruzilhada - Caminhos de Cura e Transformação”, conectando as atrações com a rica tradição das religiões afro-brasileiras.
Nove blocos da cultura afros mineiros se apresentarão no Parque Municipal: Afoxé Bandarerê, Arrasta Bloco de Favela, Bloco Afrodum, Magia Negra, Oficina Tambolelê, Samba da Meia Noite, Swing Safado, Batucarte e Saravá Kizomba.
A Corte Real Momesca do Carnaval de Belo Horizonte e Seu Vizinho também farão participações especiais no Kandandu. Entre uma atração e outra, o som ficará por conta do DJ Vini Brown.
O Kandandu ainda terá um momento especial para homenagens a quatro personalidades pretas de Minas Gerais: Rainha Belinha, Macaé Evaristo, Cacá Santos e Nego Bispo (in memoriam). “O Kandandu, ação realizada pela atual gestão municipal desde 2017, abre oficialmente o feriado de Carnaval em Belo Horizonte e simboliza a origem da nossa festa. Essa rica manifestação cultural é uma referência nacional em ações de promoção da igualdade racial. O potente movimento afro irá abraçar a capital mais uma vez, levando cores e muita alegria, abordando pautas significativas para a festa”, comenta o presidente da Belotur, Gilberto Castro.
Conheça o Kandandu
O Kandandu, encontro de blocos afro da cidade, é uma manifestação artística construída pela Associação dos Blocos Afro de Minas Gerais (Abafro) em 2015 e, desde 2017, é realizado em parceria com a Belotur.
O Carnaval está inseparavelmente ligado à cultura negra e esse encontro, que simboliza a abertura da folia na capital mineira, foi reconhecido pelo Ministério dos Direitos Humanos, em 2018, como uma das principais ações de promoção da igualdade racial do país.
Os blocos afro realizam, durante todo o ano, trabalhos socioculturais, tornando-se polos de promoção, manutenção e compartilhamento de cultura afro-brasileira, por meio de suas práticas e projetos. A palavra Kandandu, que na língua africana kimbundu significa “abraço”, também expressa a união de filosofias, ideias, conhecimentos e vivências por meio da ancestralidade africana.
Carnaval de Belo Horizonte 2024
O Carnaval de Belo Horizonte 2024 tem o patrocínio master do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Codemge; apoio do Sistema Fecomércio-MG, Sesc e Senac em Minas e Sindicatos Empresariais e colaboração da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e da rede de supermercados Mart Minas.
A edição de 2024 do Carnaval de Belo Horizonte acontece entre os dias 27 de janeiro e 18 de fevereiro. O evento momesco é um dos principais produtos turísticos da cidade e do estado. Para além da importância cultural e de entretenimento, a festa gera emprego e renda para vários setores da sociedade. A folia na cidade é organizada de maneira espontânea e um dos principais atrativos é a essência democrática e plural.
Na última edição, realizada em 2023, a festa teve 5,25 milhões de foliões circulando na cidade. A expectativa para esta edição é que 5,5 milhões de foliões encham as ruas da capital mineira de cores, diversidade e alegria.
CONHEÇA OS BLOCOS DO KANDANDU
Oficina Tambolelê
O Bloco Oficina Tambolelê foi criado no final do ano de 1999 pelos integrantes do Grupo musical Tambolelê, no bairro Novo Glória, periferia de Belo Horizonte. O objetivo inicial deste trabalho era preparar a participação no carnaval do ano 2000 na cidade, que por sua vez esteve desativado durante muitos anos. Tendo como referência os ritmos afro-mineiros, do Reinado, foram feitas releituras que são executadas utilizando instrumentos de percussão convencionais, como surdo, tamborim, repinique e surdinho. Usa-se também o patangome que é específico das guardas tradicionais. Com a sua musicalidade peculiar, o Bloco Oficina Tambolelê segue resistindo às barreiras, valorizando a cultura do Reinado de Minas Gerais e contribuindo na realização de novos carnavais.
Afoxé Bandarerê
O Afoxé Bandarerê nasceu em Belo Horizonte, com o intuito de abraçar a comunidade afro-cultural e para tomar as ruas com a alegria dos terreiros. Este projeto visa não só a divulgação e valorização da cultura negra, mas também a quebra de preconceitos religiosos e maior integração entre os membros de religiões de matriz africana.
Batucarte
O Bloco Afro Batucarte foi criado em 2012, levantando a bandeira da luta contra o racismo e pela afirmação da identidade negra. O grupo realiza diversas ações educativas e de formação profissional através da arte e da cultura, como oficinas itinerantes de musicalização, percussão, dança e produção de instrumentos musicais.
Magia Negra
O Bloco Afro Magia Negra foi criado em 2013 pelo mineiro Camilo Gan, artista plural que atua como dançarino, músico, compositor, educador, produtor e liderança cultural. O grupo tem como objetivo primordial reunir pessoas comprometidas com o enfrentamento ao preconceito étnico-racial relacionado ao povo de pele negra, além de promover a afrobetização, por meio da arte e cultura negra, com o intuito de desfazer feitiços racistas. Mesmo sendo um bloco que vem com o ideal de exaltar o povo afro-brasileiro, o bloco é aberto a pessoas de todas as etnias e nacionalidades, que se interessarem em participar, não excluindo ninguém pela cor e muito menos pelo status econômico ou social.
Swing Safado
O Bloco Swing Safado surgiu das ladeiras da comunidade do Conjunto Santa Maria para fazer a alegria de um carnaval que já existia, porém dormia. Um bairro que conta a história presente do legado vivo da Escola de Samba da Cidade Jardim, o que faz deste um lugar de encontro de poetas, malandros, intelectuais e, principalmente, de muitas rodas de música promovidas por amigos. Com os ritmos mais ‘swingantes’ do carnaval, para fazer todo mundo cantar e dançar até o chão, o bloco possui 9 integrantes e brinca com as músicas populares brasileiras que vêm das periferias e suas letras de duplo sentido. Proporcionando uma apresentação animada e divertida, fazendo com que todos aqueles que amam o pagode, funk e axé do nosso Brasil se identifiquem.
Arrasta Bloco de Favela
O Arrasta Bloco de Favela foi criado e é composto por moradores do aglomerado de Belo Horizonte e região metropolitana, formado em sua maioria por mulheres negras que articulam o movimento. Além das apresentações artísticas, o grupo realiza oficinas gratuitas de capacitação abordando temas como Empreendedorismo Jovem; Confeccção de Intrumentos de Percussão; Capoeira; Dança Afro e Afro Brasileira; Teatro Negro, entre outros.
Samba da Meia Noite
O Samba da Meia Noite nasceu no dia 10 de março de 2012, tendo sua primeira expressão cultural no viaduto Santa Tereza de Belo Horizonte. O grupo de cultura popular é formado por percussão, sambadores e sambadeiras que trazem em seus corpos e musicalidades, as heranças, lembranças e vivências ancestrais de uma cultura singular, tendo suas expressões nos batuques, pisadas, chulas e requebrados. Por intermédio do samba de roda, uma manifestação popular brasileira com origem no Recôncavo Baiano, o grupo busca afirmar, sustentar, divulgar e manter viva a riqueza cultural brasileira.
Saravá Kizomba
O Bloco Saravá do Kizomba surgiu da necessidade de reunir várias gerações do ‘Kilombu Manzo’ junto à comunidade de Terreiro. O objetivo do grupo é expressar os cantos, batuques, danças e a herança ancestral que compõe sentidos e modos de vida, convidando as comunidades de Belo Horizonte a se unir e aquilombar as festas tradicionais da cultura africana, sejam nos ritmos bantu, ijexá e iorubá. Assim, o grupo busca fazer releituras aos ancestrais reverenciando as mestras e os mestres, com um repertório amplo de músicas afro.
Afrodum
O Coletivo Odum, fundado como ‘Grupo de Balé Folclórico do Negro Odum Orixás’, na década de 1970, ao longo de sua história, teve a partipação de mais de 300 artistas, trabalhando experiências em prol da conscientização racial e resgatando a cidadania e a autoestima. O principal objetivo do coletivo é propor à sociedade uma reflexão sobre a importância e a influência que a cultura africana tem sobre os costumes populares brasileiros.