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Diversidade e inclusão dão tom ao Arraial de Belo Horizonte
Foto: Wander Faria

Diversidade e inclusão dão tom ao Arraial de Belo Horizonte

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Considerado o maior evento junino das regiões Sul e Sudeste do país, o Arraial de Belo Horizonte está aberto para todos que queiram participar da festa trazendo alegria e arte. Desde a escolha dos temas a serem apresentados à composição dos corpos de baile das quadrilhas, a diversidade dá o tom da festa que acontece na Praça da Estação.


Começando pela estrutura, que foi pensada para garantir a inclusão de pessoas com deficiência. Para os dois primeiros finais de semana do evento, foi criada uma área acessível, localizada perto do tablado onde acontecem as apresentações das quadrilhas. No último fim de semana, em que acontecerão os shows de Gustavo Mioto e Barões da Pisadinha, haverá também um espaço dedicado às pessoas com deficiência. Ele ficará ao lado da mesa de som.  


A diversidade também se faz presente entre os grupos que participam do Concurso Municipal de Quadrilhas. A Quadrilha Bela Flor, que se apresentou este ano no Grupo de Acesso com o tema "Chapeuzinho Vermelho no Sertão", se denomina como totalmente inclusiva. Fazem parte do seu corpo de baile pessoas LGBTQIAPN+ e pessoas com audição e mobilidade reduzidas. "A diversidade e a inclusão são essenciais para a gente. Acreditamos que todos são capazes de contribuir com a nossa arte e incentivamos isso", afirma Washington Junior, diretor da Quadrilha Bela Flor. 


Ele explica que não basta inserir as pessoas no grupo, é preciso criar um ambiente em que elas se sintam confortáveis. "Para que seja um espaço acolhedor para todos, buscamos sempre pessoas abertas ao diálogo e respeitosas. Levamos esse espírito também para as nossas apresentações".


Maryana Cher é uma mulher trans e uma das bailarinas da Quadrilha Bela Flor. Ela foi convidada por Washington a fazer parte do grupo. “Desde o primeiro ensaio, eu me senti muito acolhida e percebi que dançar era o que eu queria fazer. No dia da apresentação, antes de subir no tablado, bateu um nervosismo. Mas quando chegou a hora, a confiança tomou conta e parecia que estávamos lá somente o meu par e eu. Foi lindo!”, relembra.


A bailarina explica que fazer parte do grupo trouxe mais confiança, fazendo com que ela deixasse de ter vergonha de dançar em público. “Foi uma experiência que libertou muitas coisas em mim. Para outras meninas que tenham a mesma vontade, aconselho que sejam confiantes, não liguem para comentários e curtam o momento”. 


A Quadrilha Cata Latas, que leva este nome porque no início os integrantes recolhiam latas para ajudar nos custos dos figurinos e alegorias, se apresentou este ano com o tema "Resiliência Feminina". A quadrilha trouxe uma reflexão sobre os desafios que as mulheres enfrentam na sociedade, como a violência doméstica e o machismo. "É um assunto delicado e que nunca havia sido apresentado no concurso, mas precisávamos botar pra fora o que estava entalado nas nossas gargantas. O lugar da mulher é onde ela quiser e não há justificativa para abusos e violências", conta Lorrane Estephany, diretora da Quadrilha Cata Latas.


A diretoria do grupo é formada majoritariamente por mulheres. Lorrane conta que foi um desafio conseguir ser respeitada enquanto gestora. "Desde criança eu tinha o desejo de dançar na Cata Latas. Consegui entrar para o grupo em 2014 e assumi a direção em 2021. Não tínhamos figurino, alegoria, ou fundo de caixa. Com a ajuda da minha mãe e irmã, reestruturamos a quadrilha e mostramos a força da mulher. É um desafio diário exigir respeito e mostrar que somos capazes de realizar nossas tarefas com responsabilidade e dedicação, mas seguimos, principalmente, com o desejo de inspirar outras mulheres".


O Arraial de Belo Horizonte é um evento para todos e todas, sem espaço para qualquer tipo de discriminação. Casos de intolerância como racismo, xenofobia, homofobia ou crime contra a honra (injúria, calúnia, difamação e ameaça) devem ser denunciados. Procure o agente mais próximo e relate a ele o caso, seja você a vítima ou uma testemunha. Ele poderá ajudá-lo, reunindo as informações necessárias para encaminhar os envolvidos à Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBT fobia e Intolerâncias Correlatas (DECRIN), que é a unidade da Polícia Civil responsável por investigar os casos e punir os responsáveis.


Concurso Municipal de Quadrilhas


No último fim de semana, 25 quadrilhas do Grupo de Acesso levaram dança, cultura e alegria para o público que acompanhou o Concurso Municipal de Quadrilhas. Consagraram-se vencedoras: 1° lugar Vaca Loka, 2° lugar Explosão Junina, 3° lugar Renascer Junino, 4°lugar Beija Flor e 5° lugar Tradição Mineira.  


A competição segue neste sábado (29) e domingo (30), com as apresentações de 16 quadrilhas do Grupo Especial. A entrada é gratuita, sem necessidade de retirada de ingressos. Os horários e temas estão disponíveis no Portal Belo Horizonte. Haverá também transmissão ao vivo pelo G1 Minas, parceiro de mídia do Arraial de Belo Horizonte 2023.


Arraial de Belo Horizonte 


O Arraial de Belo Horizonte, que chega à 44ª edição em 2023, é o festejo junino mais representativo da Região Sul e Sudeste do Brasil, pela valorização e respeito à cultura e às tradições que envolvem o período. O evento é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, apoio dos Supermercados BH, rádio oficial Liberdade FM, parceria de mídia da TV Globo Minas, parceria com o Mercado Central e colaboração técnica da Comissão Junina Mineira. 


Trabalhado a partir da ideia de uma ‘Experiência Junina Completa’, a festa belo-horizontina foca em três grandes eixos: a apresentação das tradicionais quadrilhas da cidade, shows musicais, com artistas locais e nacionais, e diversas atividades gastronômicas, como o Concurso Prato Junino e a Vila Gastronômica, sempre valorizando o título de Belo Horizonte como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. 


O Arraial de Belo Horizonte é um evento que cresceu e ganhou visibilidade ao longo dos anos, fazendo com que a capital mineira fosse considerada, pelo Ministério do Turismo e pela Embratur, um dos cinco maiores destinos turísticos do período junino do país, ao lado de Bragança (PA), Campina Grande (PB), Corumbá (MS) e São Luís (MA).