26 July 2018 -
Ressignificar o espaço urbano com ações de convívio, cultura e lazer, promovendo a produção e o consumo de alimentos saudáveis e a agrobiodiversidade, embasados em princípios e práticas agroecológicas. Esse é o objetivo do Corredor Agroecológico Arrudas, projeto da Prefeitura de Belo Horizonte, que está sendo executado há um mês e que compõe o Programa Cidade Inteligente.
As atividades de implementação do projeto contemplam seis trechos, que juntos somam mais de 8,5 quilômetros, e ligam o Parque Municipal ao Centro de Vivência Agroecológica, no bairro Taquaril, às margens do Rio Arrudas.
Entre as ações já realizadas, estão o plantio de árvores no talude do Rio Arrudas e a revitalização de um trecho de ciclofaixa, que vai da avenida do Contorno até a avenida Silviano Brandão. Outra intervenção entregue é a conexão entre a ciclofaixa da avenida dos Andradas com a que se inicia na rua Piauí, para dar mais segurança a ciclistas e pedestres.
Até outubro, diversas intervenções serão realizadas, como a implantação de sistemas agroflorestais, hortas comunitárias, jardins produtivos, espirais de plantas medicinais, plantio de árvores frutíferas e compostagem orgânica, que poderão ser utilizados pela população. Além dessas ações, estão previstas a instalação de ciclofaixas e ciclovias cobrindo toda a extensão do corredor, e inovações como urbanismo tático, jardins de chuva e a instalação de banheiros secos públicos, cujos resíduos serão compostados e utilizados como adubo na recuperação do talude do rio.
Conscientização sobre agroecologia
Em todo o trecho do Corredor, serão instaladas estações educativas e produtivas, para orientar o público sobre agroecologia, alimentação saudável e sustentabilidade. “A ideia é que a gente tenha intervenções permanentes, mas também que seja um espaço que acolha atividades gastronômicas, feiras, atividades de saúde, atividades de cultura, uma agenda itinerante, integrada com os setores públicos e privados, que se modifica de acordo com a demanda da cidade”, informa Darklane Rodrigues, subsecretária de Segurança Alimentar e Nutricional da SMASAC.
A professora Amanda Rocha pedala pela cidade ao lado de seu filho, Francisco Rocha Arnoni, de sete anos. Ela destaca que projetos que propõem novas soluções para as demandas das grandes cidades, envolvendo as crianças através da educação, trazem esperança. “Conscientizar crianças e jovens para a questão ambiental e para a prática de novas formas de conviver com o meio ambiente é uma questão muito importante. Sempre que possível, levo meu filho para circular pela cidade. Espaços seguros e lúdicos são essenciais para que possamos vivenciar a cidade de maneira completa”, ressalta.
Daniela Adil, diretora de Fomento à Agricultura Familiar, Agricultura Urbana e Abastecimento da SMASAC, ressalta que o projeto busca dialogar com diferentes questões urbanas. “Diversas áreas da administração pública e da sociedade civil têm se engajado para pensar a cidade através da agroecologia. São discutidas a importância da agroecologia e da adoção de uma alimentação saudável, além de mostrar que é possível produzir alimentos em áreas urbanas”, pontua.
Corresponsabilidade na gestão da cidade
O Corredor Agroecológico do Arrudas, iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC), em parceria com a Secretaria Municipal de Política Urbana (SMPU), segue uma tendência das grandes metrópoles mundiais, de corresponsabilização pelas decisões de políticas públicas, assim como de promoção da ação integrada entre setores do poder público e em conjunto com diferentes organizações e segmentos da sociedade civil.
A secretária de Política Urbana, Maria Caldas, reforça que as soluções baseadas na natureza farão da cidade um ambiente mais inclusivo, humano, sustentável e resiliente. “Aumentar as áreas verdes, produzir alimentos no ambiente urbano, criar espaços interessantes ao convívio e levar as pessoas a priorizarem a locomoção ativa são objetivos deste projeto. Todas essas iniciativas corroboram para uma cidade mais vibrante e aprazível”, enfatiza.
O presidente da BHTrans, Celio Freitas Bouzada, destaca a importância da mobilidade urbana sustentável por meio da ciclovia e do estímulo ao uso da bicicleta no Corredor Agroecológico. “Queremos uma cidade sustentável, em que as pessoas possam conviver em harmonia, seja caminhando, pedalando e usando o transporte coletivo. O Corredor Ecológico sintetiza um pouco do que desejamos para Belo Horizonte”, salienta Celio.
Além da SMASAC, da SMPU e da BHTrans, participam do planejamento e execução do projeto a Coordenadoria Regional Leste; as Fundações municiais de Cultura e de Parques Municipais e Zoobotânica; as secretarias municipais de Saúde, de Meio Ambiente, de Cultura e de Desenvolvimento Econômico; além da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).
Ao lado da Prefeitura, organizações da sociedade civil também atuam na articulação do corredor, entre elas, cooperativas de reciclagem, cicloativistas, estudantes, educadores, artistas, agricultores, permacultores, catadores, comitês de bacias hidrográficas, entre outras.