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Banda de forró com três integrantes se apresenta para mais de dez pessoas no Centro Pop Leste durante o dia.
Foto: Mariana Costa

Centro Pop Leste completa três anos

criado em - atualizado em

Na última quinta-feira, 25 de maio, um baile com forró pé de serra marcou a comemoração do aniversário de três anos do Centro Pop Leste, unidade municipal de atendimento diurno a mulheres e homens em situação de vida nas ruas que oferece oficinas educativas, rodas de conversa e atendimento técnico socioassistencial, além de ser local para alimentação e higienização pessoal.
 

O Centro Pop, localizado no Bairro Floresta, atende cerca de 400 pessoas por mês, com uma média diária de 130 frequentadores, em período integral de segunda a sexta-feira e em horário reduzido nos fins de semana e feriados.

 

A programação de aniversário contou com o lançamento da exposição “O Visível do Invisível”, com fotografias que retratam o cotidiano do Centro Pop desde a sua inauguração. A mostra é aberta à visitação gratuita até o dia 19 de junho, no Centro de Referência da Juventude, ao lado da Praça da Estação, na região central da capital.

 

Além da exposição, um torneiro de futebol reunindo quatro times de unidades públicas que atendem a população em situação de rua (Centro Pop Leste, Abrigo Pompéia, Albergue Tia Branca e Abrigo Granja de Freitas) também fez parte das comemorações. A disputa foi realizada no dia 22 de maio, na quadra Tia Lourdes, no Bairro Floresta. A entrega de troféus e premiação dos atletas vencedores ocorreu durante a festa de aniversário do equipamento.

 

Na oportunidade, o itabirense Ricardo Adriano Soares, de 46 anos, recebeu a medalha de melhor goleiro do campeonato. Representante do time do Centro Pop Leste, segundo colocado no torneio, Soares considera que a oficina de futebol, o convívio com outras pessoas que estão em busca de superação e o apoio que recebe no equipamento têm sido fundamentais para a sua reabilitação em relação ao uso do crack e para a reconstrução da sua vida fora das ruas. “Voltei a estudar, estou sem usar drogas e aguardando o retorno de uma entrevista de emprego”, comemora.
 

As festividades foram preparadas em cogestão com os frequentadores do Centro Pop Leste. De acordo com a assistente social da unidade, Ana Lúcia Cotta, a metodologia de trabalho visa priorizar a questão da autonomia e valorizar os momentos de confraternização, como ferramentas de aproximação do usuário. “A arte e as atividades comemorativas fazem parte do arsenal lúdico para um acompanhamento mais próximo. Buscamos não tratá-los por números, mas, sim, por nomes para consolidar o vínculo com as usuárias e os usuários, na perspectiva de um acompanhamento mais efetivo”, explica.
 

De acordo com a coordenadora do espaço, Ana Paula Leão, temas como educação, escolaridade, prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, sexualidade, uso e abuso de drogas, questões de gênero, trabalho e renda, são explorados pela equipe técnica com a finalidade de provocar questionamentos e motivar os frequentadores a conduzirem melhor as próprias vidas.  “A gente está mostrando a eles um outro lado: o de que é possível mudar a própria história! De janeiro até agora tivemos uma média de 13 superações de vida nas ruas, fora os que estão em curso. Em se tratando desse público, é um número muito significativo”, diz.
 

A mudança de vida é justamente o processo pelo qual têm passado os jovens Maria Aparecida dos Santos, de 25 anos, e Artur Luiz Abreu, de 22 anos. Juntos há nove meses, o casal formado na rua tem o Centro Pop como um local de referência comum e importante, não apenas para eles, mas também para a pequena Maria Isabeli, a primeira filha dos dois, que deverá nascer em setembro deste ano. No Centro Pop Leste, Cidinha, como é conhecida, recebeu orientações para iniciar o pré-natal no Centro de Saúde Carlos Chagas. Agora o casal conta com outro importante encaminhamento: pleiteiam uma vaga no Abrigo Pompéia que acolhe famílias em extrema vulnerabilidade. “Minha esposa nunca usou drogas, nem bebe! Ela já é formada. Eu vou voltar a estudar e já estou parando com as drogas. Espero conseguir um emprego para cuidar da minha filha e uma vaga no abrigo para que ela não nasça na rua. Atualmente dormimos debaixo de uma marquise e trabalhamos com reciclagem, mas, se Deus quiser, vamos poder dar um futuro para Isabeli!”, deseja Artur.