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Mulher acolhida escreve em papel
Foto: Zaíra Magalhães/PBH

Centro de Atendimento acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade social

criado em - atualizado em

O Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM), equipamento inaugurado em novembro de 2018 pela Prefeitura de Belo Horizonte na região da Lagoinha, atua no atendimento de mulheres em situação de vulnerabilidade social, com trajetória de vidas nas ruas, em uso prejudicial de álcool e outras drogas e em situação de violência doméstica. Desde a abertura do Centro, 140 mulheres já foram acolhidas. 
 

Usuária do espaço, Thais Nonato tem 46 anos e está em trajetória de vida nas ruas desde os seis. Durante 40 anos, passou por diversas vezes pelo processo de saída das ruas. Voltou para a casa dos familiares, viveu com um companheiro, mas retornou para a rua mais uma vez. O uso prejudicial de drogas e rompimento de vínculos familiares foram alguns dos motivos que a levaram novamente para essa realidade. 
 

No Centro Integrado de Atendimento à Mulher, Thais, que usa os serviços desde o terceiro dia de funcionamento, encontrou acolhimento, suporte e a possibilidade de escrever um novo capítulo de sua história.
 

“Eu venho todos os dias da semana, eu participo de tudo aqui. Aqui eu almoço, participo de todas as atividades, estudo. Encontrei apoio e carinho, além de aprender coisas novas todos os dias. Essas mulheres, tanto as funcionárias quanto as minhas colegas, me ajudam a reconstruir meu psicológico. Em 46 anos ninguém nunca parou para ouvir a minha dificuldade na vida”, conta emocionada.
 

Thaís destaca o trabalho de articulação com outros serviços oferecidos pela Prefeitura para quem frequenta o Centro. “Aqui dentro a gente esquece o terror, o vício, a violência, o abandono, a tristeza, a solidão. Nós, mulheres, somos um alvo muito fácil. Mas aqui, a gente recebe outro tipo de tratamento. Aqui eu uso o meu tempo para outras coisas, fico sem usar nada! Consigo tomar banho e lavar minhas roupas, isso é a Prefeitura me dando a oportunidade de ter dignidade. Consegui um tratamento para os meus dentes e vou receber meus primeiros óculos”, relata.
 

O Centro tem capacidade para atender de 25 a 30 mulheres e oferece espaço para higiene pessoal, refeições e atividades coletivas, como oficinas e organizações de coletivos femininos, e a promoção de direitos do público atendido por meio das diversas políticas públicas municipais.
 

De acordo com o secretário adjunto de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e subsecretário de Assistência Social, José Crus, o Centro Integrado de Atendimento à Mulher é um apoio para as mulheres que vivenciam situações de extrema vulnerabilidade, risco social e pessoal no território da Lagoinha. 
 

“O trabalho da assistência social, articulado com saúde, educação e segurança pública, visa apoiar essas mulheres na construção de um novo projeto de vida no campo das relações, além da identificação, contato e articulação com a família, seja em Belo Horizonte ou em outra cidade e Estado, para resgatar os vínculos familiares e de apoio necessários”, explica.

 

Enfrentamento da violência de gênero

A assistente social do Centro, Nayara Peres, assinala a importância de um espaço que ofereça atendimento qualificado para mulheres. “Nas nossas conversas com as mulheres, um ponto que nos chama atenção é quando nos falam sobre este ser um espaço seguro para o descanso. Aqui na casa elas têm a oportunidade de chegar, deitar, descansar, dormir algumas horas, durante o período de funcionamento, sem medo de serem agredidas”, descreve. 
 

A situação de rua deixa qualquer pessoa vulnerável, salienta a assistente social, fato que se agrava no caso das mulheres. “A violação de direitos, o abuso sexual com relação à mulher é muito grande. Este é um dos motivos pelo qual a casa tem esse recorte de gênero. E elas sempre relatam como é confortável saber que elas podem descansar sem medo”, reitera.  
 

A unidade acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade social, com trajetória de vidas nas ruas, em uso prejudicial de álcool e outras drogas, com histórico de conflitos familiares, em situação de violência doméstica, entre outros. Diariamente são atendidas, em média, 25 mulheres que chegam à unidade por demanda espontânea ou pela busca ativa, realizada pelas equipes do Consultório de Rua e do Serviço Especializado em Abordagem Social. Após acolhimento, as mulheres com demandas de saúde são encaminhadas para acompanhamento nos Centros de Saúde de referência e para outras unidades que se fizerem necessárias, como por exemplo aquelas que atendem urgências. 
 

Propício para convivência e socialização, o Centro Integrado de Atendimento à Mulher também oferece atividades socioeducativas, oficinas e organizações de coletivos de mulheres, que promovem a criação e fortalecimento de vínculos. São realizadas atividades de prevenção e promoção da saúde, a partir da estratégia de redução de danos, garantindo a proteção social integral. 
 

As mulheres atendidas utilizam o local para banho, alimentação, descanso, lavagem de roupas, acesso a água, banheiro e telefone. Há, ainda, uma turma de Ensino Fundamental na modalidade Educação de Jovens e Adultos dentro do equipamento, além de oficinas artísticas da Escola Integrada, oferecidas por professores da Escola Municipal Belo Horizonte.
 

O espaço, que funciona das 13h às 18h, na rua Itapecerica, 632, bairro Lagoinha, conta com três edificações, uma com oito cômodos, e outras duas com três cômodos cada. O prédio funciona como um ponto de referência para acolhida, acompanhamento na rede socioassistencial, promoção de direitos das mulheres atendidas e como entrada para diversas políticas públicas. A equipe é composta apenas por mulheres. Além da assistente social, o espaço conta com educadora social, psicóloga, professora da Educação de Jovens e Adultos, auxiliar de limpeza e auxiliar de portaria.

 

Centro Integrado de Atendimento à Mulher – CIAM

 

Segunda a sexta, das 13h às 18h
Rua Itapecerica, 632 – Lagoinha
(31) 3246-7562

 

08/03/2019. CIAM - Centro de Atendimento à Mulher. Fotos: Stênio Lima/PBH