12 November 2019 -
Décima edição do festival, que acontece de 18 a 24 de novembro, também traz atuais destaques da cena negra mineira como Roger Deff, Elisa de Sena, Hakili, Diplomattas com Matéria Prima e Babadan Banda de Rua; todas as atrações são gratuitas.
A 10ª edição do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte - FAN-BH apresenta uma programação musical de fôlego, que inclui nomes reconhecidos no quadro nacional, lançamento de disco, encontros afetivos, experiências entre gêneros e também um panorama da atual cena negra de Minas Gerais. O evento, de 18 a 24 de novembro, é promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura.
Neste ano, o FAN-BH traz o tema TERRITÓRIO MEMÓRIA e ocupa mais de 20 espaços da capital mineira com diferentes linguagens artísticas de matriz africana. Todas as atividades são gratuitas.
Mateus Aleluia abre o festival, Chico César lança disco
Já na abertura do FAN-BH, no dia 18, o palco do Cine Theatro Brasil Vallourec recebe o cantor e compositor Mateus Aleluia, fundador do cultuado grupo Os Tincoãs. Acompanhado pelo pianista Laércio de Freitas e por sua filha, a cantora Thalma de Freitas, ele apresenta o show "Aclamação a Olorum".
Com uma aura que flerta com a dimensão do sagrado, “Aclamação a Olorum” é um show intimista em que a plateia é convidada a uma comunhão entre a arte musical e a espiritualidade. Dividido em três movimentos – Mundo Natural, Mundo Material e Mundo Espiritual –, o show atravessa as mais diferentes culturas e tradições para chegar ao Brasil, ponto de encontro dos mais diversos povos que aqui construíram uma das culturas mais ricas e complexas do mundo.
No dia seguinte, 19 de novembro, no Grande Teatro do Sesc Palladium, Chico César faz o show de lançamento de seu novo disco, "O amor é um ato revolucionário". Com 25 anos de carreira, o músico segue se reinventando, transitando por diversos ritmos e sonoridades. Segundo o próprio Chico, o novo trabalho é um comentário robusto de suas vivências político-sociais, no convulsionado momento brasileiro dos últimos anos.
Orkestra Rumpilezz encontra a literatura, Juçara Marçal conduz “sambas do absurdo”
Vindo da Bahia e liderada pelo maestro Letieres Leite, a Orkestra Rumpilezz promete um dos momentos mais intensos da 10ª edição do FAN-BH. No palco do Palácio das Artes, a orquestra traz um espetáculo duplo, que tem como tema a diáspora: "A saga da travessia" e "Um defeito de cor". A apresentação será realizada no dia 21, quinta-feira. Parte do show é inspirada no livro “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, e tomou forma após uma viagem entre Brasil e África. Em 2014, em um evento em São Paulo, a escritora moçambicana Paulina Chiziane contou para Ana Maria Gonçalves que a leitura do romance da brasileira, lançado em 2006, suscitou-lhe melodias, que foi registrando em um gravador. Acabada a leitura, começaram a surgir versos e letras. A troca entre as duas acabou por chegar ao maestro Letieres, que encarou o desafio de tomar para si aquelas composições e as formatou para o tipo de som que a Rumpillezz executa.
As investigações e experimentos também dão o tom do show "Sambas do Absurdo", com a cantora Juçara Marçal – também integrante do Metá Metá – ao lado de Gui Amabis e Rodrigo Campos. Os temas que recheiam o álbum homônimo do trio e compõem a base do repertório da apresentação no FAN-BH têm, em seu cerne, a quebra de alguns alicerces do samba enquanto gênero musical em um resultado por vezes obscuro, dissolvido, vertiginoso. O show acontece dia 21, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
Artistas de Minas Gerais representam várias gerações
A cena local também está muito bem representada na programação do FAN-BH 2019. No dia 21, às 20h, Dona Jandira será a anfitriã de um show, no Cine Theatro Brasil Vallourec, que reúne Moisés Pescador, Alex Bocão e Sérgio Pererê, que, um pouco mais cedo, também se apresenta no Centro de Referência da Juventude.
Artistas jovens de BH são destaque no palco montado no CentoeQuatro, onde, no dia 20, o grupo Diplomattas convida o rapper Matéria Prima. No mesmo espaço, no dia 22, Elisa de Sena apresenta o show "Cura", tendo como convidadas o coletivo Negras Autoras e as cantoras Azzula e Maíra Baldaia. No dia seguinte, apresentam-se o coletivo Margem, convidando Tamara Franklin e Raquel Cabeneco, e na sequência Roger Deff, convidando o jovem rapper Imane Rane.
A banda Hakili é atração no domingo, dia 24. Ao longo da programação do FAN-BH, diversos representantes da cena do samba na cidade se apresentam no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, no bairro São Cristóvão.
Rappers no teatro, no viaduto, bandas de rua, festas, samba e DJs
Dois dos principais expoentes do rap nacional participam do último dia do FAN-BH, em 24 de novembro. BNegão se apresenta no Teatro Francisco Nunes, às 19h, em formato diferente do convencional, trazendo um espetáculo dedicado à música de Dorival Caymmi. Trata-se de um ponto fora da curva na carreira de BNegão, que, pela primeira vez, dedica-se exclusivamente ao universo das canções e é acompanhado no palco pelo violão de Bernardo Bosisio.
Mais tarde, às 21h, sob o viaduto Santa Tereza, palco do tradicional Duelo de MCs, Black Alien faz o show de seu mais recente álbum, "Abaixo de Zero: Hello Hell". O disco, elogiado entre os melhores do ano, foi recebido pela crítica como um grande retorno do músico à cena da música brasileira.
Também será o viaduto o palco das principais festas de rua do FAN-BH em 2019. Na sexta-feira, dia 22, o grupo baiano Afrocidade converge estilos de periferias das grandes metrópoles: pagode, arrocha, dub jamaicano, reggae, ragga e afrobeat. Na sequência, os mineiros da Babadan Banda de Rua, que têm se destacado em apresentações poderosas na capital, encaminham a festa e a entregam para o encerramento com o tradicional Samba da Meia Noite, que comemora sete anos madrugada adentro. Durante os sete dias de festival, eventos especiais e DJs prometem não deixar ninguém parado. Estão na programação as festas Batekoo e Baianá, DJ Ananindeusa (PA), DJ Brechó (SP), DJ Black Josie, DJ Yuga e DJ Fê Lins.
Mais sobre o FAN-BH
O Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN-BH é um festival dedicado à valorização e à difusão da arte negra. Suas referências articulam as raízes ancestrais da cultura negra às expressões de sua contemporaneidade e dedica-se a fortalecer as matrizes tradicionais africanas ainda preservadas e aquelas resultantes do contato com outras culturas.
Com periodicidade bienal, o festival compreende uma ampla programação cultural, marcada pela diversidade de linguagens artísticas e pela participação de artistas, grupos e pesquisadores da arte e da cultura negra. Desde 1995, atua como um importante instrumento para valorização de manifestações populares, impulsionando a formação de um mercado local e fomentando a inserção de artistas da cidade nos circuitos culturais. Suas atividades também provocam diversificadas reflexões e promovem a democratização do acesso ao bem cultural pelos diversos setores da cidade.
Serviço
Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN-BH
Música, teatro, cinema, artes visuais, performances, aulas e oficinas
Programação gratuita
Data: 18 a 24 de novembro
Local: Mais de 20 espaços de Belo Horizonte