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Mostra no Cine Santa Tereza celebra as tradições e lutas quilombolasMostra no Cine Santa Tereza celebra as tradições e lutas quilombolas
foto: Danilo Candombe

Mostra no Cine Santa Tereza celebra as tradições e lutas quilombolas

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O Cine Santa Tereza recebe, de 3 a 7 de dezembro, a 7ª Mostra Cinema dos Quilombos. Realizada pela instituição Cinema dos Quilombos, a mostra exibe documentários e curtas-metragens de diversas partes do país, realizados por quilombolas ou por aliados, que abordam temáticas como memória ancestral, educação tradicional, modos de vida, territorialidade, resistência cultural e lutas por reconhecimento. Parte das sessões será comentada. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados na plataforma Sympla ou na bilheteria do cinema 30 minutos antes das sessões. A programação completa do Cine Santa Tereza pode ser consultada no Portal Belo Horizonte.

Um dos destaques da mostra é o documentário “Entre Orações e Montanhas – O Legado das Benzedeiras e Benzedores” (MG, 2025) que fará sua estreia em Belo Horizonte. O filme é dirigido por Danilo Candombe, morador do Quilombo do Açude e reúne sete mestres da fé popular do Baixo e Médio Espinhaço, em Minas Gerais e mergulha no universo das rezas, ervas e gestos sagrados que curam corpos e protegem almas, revelando a profunda ligação entre a prática do benzimento e o cuidado com o meio ambiente. A sessão acontece neste domingo (7), às 19h, com tradução em LIBRAS, e contará com a presença do diretor, que conversará com o público após o filme.

Celebrando as expressões culturais e os saberes de comunidades quilombolas de diferentes regiões do Brasil, a 7ª Mostra Cinema dos Quilombos reúne filmes que destacam a vivência e a transmissão de conhecimentos entre gerações. Obras como “Edukação de Kilombu – Afrobetização” (Kilombo Manzo, 2020) e “Kutala – Herdeiros Ancestrais” (Kilombo Manzo/Fábio Martins, 2025) revelam o papel central das mulheres mais velhas na formação de crianças e jovens, evidenciando práticas educativas que articulam oralidade, convivência comunitária, cultivo da terra e repertórios culturais ancorados na ancestralidade.

A preservação de tradições e manifestações culturais é outro eixo forte da programação. Filmes como “As Dançadeiras de São Gonçalo” (Jorge Andrade, 2024) e “Do mar, os passos” (Barbara Guerra, 2025) destacam a força das mulheres quilombolas na manutenção de rituais, danças e práticas coletivas. Já “Campo Grande é o Céu” (Bruna Giuliatti, Jhonatan Gomes e Sérgio Guidoux, 2022), exibido em duas sessões, documenta a resistência das comunidades de Mostardas (RS) para manter viva a tradição dos Ternos de Santos Padroeiros, reafirmando a centralidade da música e da fé como elementos de pertencimento e continuidade.

As lutas por território e os impactos históricos da violência colonial também são tratados em diferentes obras. “Canto de Acauã” (Jaya Pereira, 2024) acompanha um quilombo que enfrentou o racismo ambiental na defesa de seu território ancestral, enquanto “O Brigue de Bracuí” (Thiago Fernandes, 2024) recupera a história do navio negreiro Camargo e apresenta a atual luta dos descendentes pelo direito à terra. A relação entre a comunidade, a natureza e o manejo tradicional aparece em produções como “Panha de Flor” (RJ, 2024), sobre a coleta sustentável de sempre-vivas na Serra do Espinhaço, e “Roça de Toco” (Tiago Carvalho, 2024), que registra o compartilhamento de saberes agrícolas entre quilombolas da mesma região.

Com obras realizadas tanto por coletivos comunitários quanto por parceiros comprometidos com o fortalecimento dos territórios, a 7ª Mostra Cinema dos Quilombos reafirma o cinema como espaço de memória, resistência e futuro.