4 October 2017 -
Ao saber que a avó Doralisa Faustino de Oliveira, de 89 anos, poderia receber assistência médica em casa, com atenção de uma equipe capacitada para dar continuidade ao cuidado necessário para a saúde, Adriana de Paula Lima não teve dúvidas. Consentiu que a avó fosse acompanhada por uma equipe multidisciplinar, do Serviço de Atenção Domiciliar.
O serviço é oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e presta assistência em saúde no domicílio a pacientes que demandam cuidados de complexidade intermediária entre hospital e o centro de saúde, reduzindo, e por vezes evitando, internações hospitalares.
Os pacientes são identificados nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPA), nos hospitais e também nos centros de saúde. “O encaminhamento do paciente para o serviço é feito por profissional de saúde e segue alguns critérios, como idade, ser residente da capital, ter um cuidador responsável, ter diagnóstico definido e também ter o consentimento do paciente e da família”, explica a coordenadora do Serviço de Atenção Domiciliar, Sandra Alice Marques.
No caso de Doralisa, o encaminhamento foi feito pelo Centro de Saúde Andradas. “A assistente social da unidade, junto com o médico, falou do trabalho desenvolvido pela atenção domiciliar. Minha avó é acamada e a gente sempre tinha que ir à UPA para tratamento das feridas ou quando ela apresentava uma piora”, relata Adriana.
Desde julho, a idosa é acompanhada em casa pela equipe. “Em geral, ela recebe visita duas vezes por semana. Mas já aconteceu de ter que tomar antibiótico e a médica vir todos os dias”.
A neta, que é a cuidadora da idosa, aprendeu com a equipe as técnicas corretas para fazer o trabalho. “Os enfermeiros e técnicos me ensinaram a dar banho de leito e também a cuidar das feridas, que já estão bem melhores. Este tratamento em casa é muito bom. Ela fica perto da gente e ao mesmo tempo é assistida por profissionais. Melhor do que estar em hospital ou UPA”, acrescenta Adriana.
Equipes
O serviço é substitutivo ou complementar à internação hospitalar e ao atendimento ambulatorial, com foco na assistência humanizada e integrado às redes de atenção disponíveis na Rede SUS-BH. As equipes que compõem o serviço na capital fazem o tratamento, disponibilizam medicamentos, exames e curativos. “É feito um plano terapêutico para cada paciente e o número de visitas domiciliares depende de cada caso”, relata a coordenadora Sandra Marques. A coordenadora avalia que, além da humanização do atendimento, os principais benefícios para os pacientes são a redução dos riscos de infecções e complicações hospitalares.
Atualmente, a capital conta com 12 equipes multidisciplinares de atenção domiciliar. Três ficam Hospital Metropolitano Odilon Behrens e as outras, nas nove UPAs. O Odilon Behrens também conta com uma equipe multidisciplinar de atenção de apoio.
As equipes de atenção domiciliar são formadas por médico, enfermeiro, assistente social e técnico de enfermagem. Já a de atenção de apoio é composta por fisioterapeuta, assistente social, fonoaudiólogo e nutricionista e atende a todas as regiões da cidade.
Grupos prioritários
A coordenadora Sandra explica que cada equipe domiciliar atende, em média, 60 pacientes e o acompanhamento dura cerca de um mês e meio. Sandra enfatiza que as equipes não ficam na casa do paciente porque não se trata de uma internação mas sim de visitas domiciliares. “O cuidador fica responsável pela higienização, alimentação e recebe treinamento para assistir e cuidar das necessidades do paciente. Fornecemos o tratamento, insumos para feridas e medicamentos, quando necessário”, detalha Sandra.
O serviço oferece intervenções específicas, com abordagem pontual em situações agudas, como antibióticos injetáveis, soroterapia subcutânea, entre outros. “Também é oferecido treinamento familiar, com orientações sobre os cuidados a pacientes com limitação funcional e que utilizam sondas. O serviço também contempla os cuidados paliativos oncológicos nas últimas semanas de vida do paciente”, explica a coordenadora.
Existem grupos prioritários para admissão no serviço de doenças, como pneumonia, insuficiência cardíaca descompensada, feridas de difícil cicatrização, infecção de urina, idosos frágeis (maiores de 75 anos) em situação de agudização, pacientes que necessitam de cuidados paliativos oncológicos, pacientes vindos de internações hospitalares e que necessitam de treinamento de familiar e/ou cuidador para manejo de sondas, dentre outros casos específicos.