18 August 2017 -
Na parede da escada que dá acesso ao segundo andar da Arena, a grande Índia Africana saúda os visitantes, mas também marca a expressão artística e de resistência de uma juventude cheia de energia que vive em nossa cidade. A intervenção, que chama a atenção de quem passa pelo local, é parte de uma coleção de cerca de outras 12 ilustrações que começam a encher de vida as paredes da arena do Centro de Referência da Juventude (CRJ).
Iniciada em abril deste ano, a ocupação artística do espaço foi uma demanda espontânea dos coletivos de juventude e que a coordenação recebeu de forma positiva. Segundo a gerente executiva, Samira Ávila, o CRJ tem esta dimensão de fomento das questões ligadas às juventudes, e a demanda por um espaço desta natureza tem sido contínua: “Acolhemos este pedido com muito entusiasmo porque queremos que o CRJ seja este lugar do sim, porque o sim traz a corresponsabilidade, o protagonismo e o efetivo exercício da cidadania.”
Sthéfany Oliveira, ou Fênix, como ela assina, tem 20 anos e é uma das artistas que está deixando a arte impressa nas paredes da arena. Moradora do bairro Santa Mônica, a jovem conta que desde muito nova gosta de pintar personagens ligadas ao feminino, ao oriental e ao mundo dos cartuns. Para ela, a oportunidade dada pelo CRJ fortalece a cena jovem artística, em especial para o público feminino. “O grafite ainda tem uma presença bem mais masculina; então, ter mais um espaço que pode ser compartilhado por nós, mulheres, é uma chance muito legal”, comenta Sthefany.
A ideia da coordenação é a de que a ocupação seja um movimento contínuo e que algumas paredes sejam mais permanentes, em especial as ligadas às lutas dos movimentos, como as questões de raça e gênero, mas que outras paredes sejam mutantes. Então, a partir do próximo ano, parte das ilustrações será coberta para dar espaço a novos artistas locais. Os jovens interessados em imprimir a arte no espaço podem preencher um formulário no CRJ e apresentar a proposta de intervenção.
Participação crescente
Segundo Samira Ávila, a expectativa é de que a partir do ano que vem as paredes externas do CRJ também recebam intervenções em grafite. Segundo a gerente, a ideia é abrir um chamamento público para que os coletivos da cidade se organizem e imprimam a arte no espaço. “A Prefeitura está avançando com o programa para a cidade, que é o Profeta Gentileza. Então, acho que será um momento oportuno.”
Em funcionamento desde 2016, o CRJ tem participação crescente na cidade, com ampliação do número de agendas que acolhe. De julho a dezembro do ano passado, 100 eventos foram realizados no local. Já de janeiro a julho deste ano foram 900, entre reuniões, seminários, debates, lançamento de campanhas e congressos. “Acreditamos que apenas neste primeiro semestre cerca de 32 mil pessoas tenham passado aqui pelo CRJ nesses eventos”, informa a gerente executiva.
O Centro de Referência da Juventude tem instalações arejadas e bem iluminadas. O local abriga duas galerias de arte, três salas multiuso, uma sala de arte com piso amortecedor, estúdio acústico, arena com capacidade para 150 pessoas, auditório climatizado para 230 pessoas, além de cozinha e refeitório. O espaço abriga ainda a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH, da Fundação Municipal de Cultura.
História
O CRJ é um equipamento municipal construído em parceria com o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, na rua Guaicurus, 50, na Praça da Estação.
Primeiro equipamento público direcionado especificamente à juventude, o CRJ tem o objetivo de promover atividades de cultura, lazer, esporte, educação, formação profissional, empreendedorismo, dentre outras, voltadas para o público de 15 a 29 anos. Além disso, o espaço deve produzir e divulgar informações de interesse dos jovens; ampliar a formação, o conhecimento, as oportunidades e as habilidades que auxiliem na inserção social e profissional dos jovens; articular-se com entidades e instituições ligadas ao universo da juventude, bem como integrar e apoiar iniciativas locais.