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Galo-de-campina (Paroaria dominicana): ave branca com asas preto e brancas e e cabeça vermelha.
Foto: Suziane Fonseca

BH em Pauta: FZB-BH faz campanha contra tráfico de animais

criado em - atualizado em
Capturar aves ou qualquer animal silvestre na natureza para mantê-los como animais de estimação é ilegal, conforme a Lei de Crimes Ambientais número 9.605/98. Ainda assim, o tráfico de animais silvestres tem se estabelecido como uma das principais atividades clandestinas do Brasil, perdendo apenas para o comércio ilegal de drogas e de armas.
 

A Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH) participa da “Campanha Latino-americana contra o Tráfico Ilegal de Espécies Silvestres 2017”, uma ação promovida pela International Zoo Educators Asociation (Associação Internacional de Educadores de Zoológicos – IZE), que tem como objetivo principal contribuir com o cuidado da vida silvestre na natureza por meio de ações de sensibilização que promovam mudanças de valores, atitudes e comportamento de cada visitante de zoológicos, parques e aquários da América Latina.
 

Além da FZB-BH, somente o Jardim Zoológico de São Paulo e o Parque das Aves (em Foz do Iguaçu) fazem parte da lista de instituições brasileiras participantes. A campanha traz à luz o tema do tráfico de animais silvestres, uma realidade que provoca a perda da biodiversidade.
 

A FZB-BH vem realizando desde março passado atividades para destacar a relevância do combate ao tráfico de animais silvestres, tais como capacitação da equipe técnica para trabalhar como multiplicadora do tema, palestras e atividades educativas. Outra ação foi a produção de material gráfico educativo sobre quatro espécies da fauna brasileira ameaçadas: papagaio-verdadeiro, canário-da-terra, onça-pintada e cascavel. Além de foto, esse material traz um resumo dos fatores que fazem com que esses animais sejam cobiçados.
 

“Para nós, que mantemos vários animais que foram encaminhados pelo Ibama, é significativo buscar a conscientização do público para aderir à causa (combate ao tráfico de animais silvestres). A educação ambiental é o melhor caminho para o sucesso dessas ações”, destaca Gislaine Xavier, bióloga da FZB-BH.


Zoo

Os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) são estruturas essenciais para as ações de combate ao tráfico de animais silvestres, pois realizam o recebimento e atendimento veterinário dos animais apreendidos pelos órgãos de fiscalização (Ibama, Polícia Militar de Meio Ambiente e Polícia Federal). Além disso, recepcionam os espécimes que são encontrados feridos em meio rural e urbano, encaminhados por particulares ou oriundos de recolhimento por integrantes dos órgãos ambientais.
 

Os animais que não podem ser encaminhados para programas de reintrodução, devido a problemas físicos, sanitários ou comportamentais, são enviados para criadouros registrados no Ibama, conforme regulamenta a Instrução Normativa 169/2008.
 

É exatamente na condição de instituição credenciada junto ao Ibama que o Zoo de Belo Horizonte costuma receber parte dos animais que não podem ser devolvidos ao ambiente natural. Atualmente, o Zoo tem 17% das espécies ameaçadas pelos critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), bem como representantes das espécies incluídas em listas de tráfico.


Manejo adequado
 
Apesar do interesse geral por mamíferos, répteis e anfíbios, no Brasil, as aves são os animais mais capturados e vendidos no mercado, segundo dados da organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês). Entre as espécies mais visadas estão os papagaios, periquitos, araras e passarinhos, além de rãs venenosas e coloridas, primatas e borboletas.
 

A responsável pela seção de aves da FZB-BH, a bióloga Márcia Procópio Magalhães afirma que muitos dos indivíduos que chegam ao Zoo não se adaptam mais a uma convivência em grupo. “Eles apresentam lesões irreversíveis e até mesmo adquirem comportamentos bem agressivos devido aos maus-tratos sofridos anteriormente, chegando até a arrancar as penas do próprio corpo.”
 

Para Márcia, a criação desses animais como “pets” representa uma perda para as espécies. “Observamos ainda que algumas dessas aves, por terem tido contato estreito com humanos, deixam de interagir com indivíduos da mesma espécie, não conseguem acasalar ou exercer dominância, quando necessário. Aqui no zoológico não humanizamos os animais. Tentamos manter as características selvagens, com manejo adequado para favorecer o papel biológico de cada espécie.”
 
 

04/07/2017. Tráfico de espécies silvestres. Fotos: Suziane Fonseca/FZB-BH