6 December 2025 -
A Prefeitura de Belo Horizonte oficializou, neste sábado (6), o reconhecimento das expressões culturais das Irmandades e Guardas do Rosário como Patrimônio Cultural da Cidade, após análise e aprovação do Inventário Cultural e do Dossiê de Registro pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH), em Reunião Extraordinária. O reconhecimento marca um passo histórico para a salvaguarda das tradições de matriz africana banto que atravessam séculos e permanecem vivas no território da capital.
A oficialização aconteceu durante um grande encontro comemorativo realizado no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira – CRESAN Mercado da Lagoinha. O evento reuniu representantes das Irmandades, Guardas, mestres e mestras das tradições, pesquisadores, jovens das comunidades do Rosário e autoridades municipais, celebrando a trajetória das práticas que constituem um dos mais expressivos legados culturais de Belo Horizonte.
Para Eliane Parreiras, secretária Municipal de Cultura, o reconhecimento reafirma o compromisso da Prefeitura com uma política cultural que nasce do diálogo e da escuta das comunidades. “As Irmandades e Guardas do Rosário são parte estruturante da memória de Belo Horizonte, e protegê-las significa honrar um legado que resiste, se renova e inspira. É uma conquista coletiva, construída com respeito aos mestres, mestras e jovens que mantêm vivas essas celebrações.”
Bárbara Bof, presidenta da Fundação Municipal de Cultura, destaca que o momento é de profunda celebração para Belo Horizonte. “Reconhecer as Irmandades e Guardas do Rosário como patrimônio é uma forma de agradecer a essas comunidades por tudo o que oferecem à cidade: identidade, espiritualidade, arte e resistência. Essa proteção fortalece a presença dessas comunidades nas políticas culturais e reafirma o papel da cidade em proteger práticas que não apenas contam uma história, mas constroem diariamente o sentimento de pertencimento dos belorizontinos”.
A decisão do Conselho de Patrimônio conclui um processo realizado pela Prefeitura entre maio de 2024 e outubro de 2025, conduzido pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação Municipal de Cultura, por meio da Diretoria do Patrimônio Cultural, em parceria com a instituição AME Cultura e com participação direta das comunidades guardiãs do Rosário. O estudo contemplou a elaboração do Inventário Cultural e do Dossiê de Registro Imaterial, que documentam a história, o Ciclo Festivo, os saberes, espaços de referência, modos de transmissão e elementos essenciais à continuidade das 38 Guardas em atividade na cidade.
A pesquisa também contou com a colaboração de lideranças fundamentais, como a Mestra da Cultura Popular Rainha Belinha (Isabel Casimira Gasparino) e o Mestre Geraldo Antônio da Silva, além da participação ativa de dez jovens das comunidades, formados por meio do Ciclo Formativo das Irmandades do Rosário. Eles contribuíram com entrevistas, organização de acervos, registros e trabalhos de campo, garantindo que os próprios detentores das tradições fossem protagonistas na construção do estudo — demanda expressa pelas comunidades desde o início.
Durante a celebração deste sábado, cortejos e confraternizações reforçaram os vínculos afetivos, identitários e espirituais que caracterizam o Ciclo Festivo das Guardas que integram o reconhecimento como Patrimônio Cultural. Para Carlos Henrique Bicalho, diretor de patrimônio cultural, a participação dos mestres e mestras contribuiu para esse reconhecimento.
“Esse processo só se tornou possível porque foi conduzido junto aos mestres, mestras e integrantes das Irmandades e Guardas. Eles são as maiores autoridades sobre essas práticas e foram fundamentais para definir o que precisava ser documentado, protegido e transmitido. Registrar esse patrimônio é também registrar seus modos de ensinar, celebrar, rezar e manter viva uma tradição que molda a experiência cultural de Belo Horizonte”, destaca.
