30 October 2019 -
Belo Horizonte já é, oficialmente, Cidade Criativa da Unesco pela Gastronomia. O resultado da candidatura à Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco foi revelado na quarta-feira, dia 30 de outubro, por meio de lista divulgada no site da instituição. A capital mineira passa agora a integrar o grupo de cooperação internacional entre cidades que têm atividades criativas como propulsoras do desenvolvimento sustentável. Belo Horizonte foi eleita para uma das duas vagas destinadas a candidaturas brasileiras, ao lado de Fortaleza, designada no campo criativo Design.
“Esse é um título da cidade e uma conquista construída a partir da coletividade. Foram meses de engajamento dos atores da Gastronomia, que conseguiram resumir, em um dossiê, os nossos atributos. São feiras, chefs renomados, restaurantes, pratos típicos, além de políticas públicas voltadas para a segurança alimentar, tudo isso formando a base desse título. É um reconhecimento internacional da nossa criatividade gastronômica como motor de desenvolvimento sustentável. Cabe a nós, agora, fazer com que essa riqueza se consolide em uma estratégia impulsionadora de crescimento, dinamismo, formação, inclusão, sustentabilidade e também do orgulho de ser belo-horizontino. Hoje, Belo Horizonte e seu DNA gastronômico firmam-se como exemplo diante do mundo”, afirmou o presidente da Belotur, Gilberto Castro.
O título passa a ser motivo de ainda mais trabalho, especialmente em ações em longo prazo que já fazem parte do projeto de valorização da gastronomia desenvolvido pela Prefeitura de Belo Horizonte, com coordenação da Belotur. Nos últimos anos, órgãos públicos e privados, instituições de ensino e sociedade civil vêm trabalhando na elaboração colaborativa de um plano estratégico para o setor gastronômico - em múltiplas frentes, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Além da instauração de uma governança, outras ações foram desenhadas, contemplando políticas públicas inovadoras; estudos e monitoramentos sobre os setores criativos; a integração do Município com os circuitos limítrofes; e a ampliação da oferta de roteiros gastronômicos de experiência.
Essas ações, e a própria candidatura à Rede de Cidades Criativas, integram o Programa Municipal de Turismo Gastronômico, que tem como objetivo posicionar e qualificar Belo Horizonte e região como polo turístico gastronômico de relevância, por intermédio de políticas públicas e da articulação da cadeia produtiva.
A candidatura
Com um projeto desenvolvido a muitas mãos, Belo Horizonte começou a se preparar para concorrer ao título de Cidade Criativa em abril de 2018. Foram realizados três encontros para mobilização da cadeia produtiva da gastronomia e construção do dossiê. O primeiro, o “Encontro das Cidades Criativas: Turismo e Gastronomia”, reuniu representantes das três cidades que já foram designadas pela Unesco no mesmo campo criativo: Belém (PA), Florianópolis (SC) e Paraty (RJ). Em 2019 foram dois encontros, com a presença de cerca de 240 lideranças governamentais e da sociedade civil.
A partir dessas conferências, a Belotur organizou cinco oficinas de trabalho para a elaboração do documento. Participaram cerca de 90 membros do Poder Público, entidades representativas (Abrasel, CDL, SEBRAE, FIEMG, sindicatos e associações), setor privado (produtores, empresários, chefs e gastrônomos) e instituições de ensino. Os projetos, ações e diretrizes descritas no dossiê possuem, dessa forma, uma grande confluência com o que os atores do setor da gastronomia pensam e planejam para o futuro da capital.
Rede Mundial de Cidades Criativas
A Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco é um dos principais programas da organização para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 e da Nova Agenda Urbana, em nível local. Ela abrange sete áreas criativas: Artesanato e Artes Folclóricas, Design, Cinema, Gastronomia, Literatura, Música e Arte Midiática.
A Rede foi criada em 2004 e agora conta com 246 cidades que trabalham juntas para alcançar um objetivo comum: colocar a criatividade e as indústrias culturais no centro de seus planos locais de desenvolvimento, além de cooperar ativamente com os planos de âmbito internacional.
Ao ingressar na Rede, as cidades se comprometem a compartilhar suas melhores práticas e desenvolver parcerias ao envolver os setores público e privado, bem como a sociedade civil, a fim de fortalecer a criação, a produção, a distribuição e a disseminação de atividades, bens e serviços culturais; desenvolver centros de criatividade e inovação e ampliar as oportunidades para criadores e profissionais do setor cultural; melhorar o acesso e a participação na vida cultural, em particular para grupos e indivíduos marginalizados ou vulneráveis; e integrar a cultura e a criatividade de forma plena em planos de desenvolvimento sustentável.
No Brasil, já fazem parte do grupo as seguintes cidades: Belém/PA (Gastronomia), Brasília/DF (Design), Curitiba/PR (Design), Florianópolis/SC (Gastronomia), João Pessoa/PB (Artesanato e Artes Folclóricas), Paraty/RJ (Gastronomia), Salvador/BA (Música), e Santos/SP (Cinema), além de Belo Horizonte e Fortaleza (Design).
Atualmente a Rede Mundial de Cidades Criativas, no campo da Gastronomia é composta pelas cidades de: Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Belém (PA), Paraty (RJ), Cochabamba (Bolívia), ChengDu, Macao e Shunde (China), Buenaventura e Popayán (Colômbia), Jeonju (Coréia do Sul), Burgos e Dénia (Espanha), San Antonio e Tucson (EUA), Rasht (Irã), Alba e Parma (Itália), Tsuruoka (Japão), Zahlé (Líbano), Enseada (México), Bergen (Noruega), Cidade do Panamá (Panamá), Östersund (Suécia), Phuket (Tailândia), Hatay e Gaziantep (Turquia), Afyonkarahisar (Turquia), Arequipa (Peru), Bendigo (Austrália), Bergamo (Italia), Hyderabad (Índia), Mérida (México), Overstrand Hermanus (África do Sul), Portoviejo (Ecuador), Yangzhou (China).