28 January 2025 -
Imagine entrar em um teatro e esperar por uma apresentação com imagens, projeções ou elementos visuais. No lugar disso, as luzes se apagam e você é convidado a ouvir. Apenas ouvir. Na verdade, ouvir para imaginar. Tirar os elementos visuais e instalar o som na escuridão é a base conceitual da obra sonora “Lá”, da artista Anti Ribeiro, residente da 9ª Bolsa Pampulha, que será apresentada em 1º de fevereiro, às 18h, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH. A atividade faz parte da programação da exposição “9ª Bolsa Pampulha: Camará”, em que o público terá a oportunidade de imergir em uma experiência sonora. A obra, que foi criada durante o período de residência, foi composta imaginando texturas do espaço extraterrestre: sons metálicos referenciando os minerais, órbitas hipermagnéticas, vácuos, buracos negros e danças galácticas. Assim, “Lá” baseia-se no timing da trilha sonora do cinema e na música ambiente para preencher o espaço com esta imaginação sideral. Após a apresentação, haverá uma fala de Anti Ribeiro, em que o público terá acesso ao processo de criação da artista.
A atividade é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Viaduto das Artes e apoio do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH. Os ingressos gratuitos poderão ser retirados no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria física, uma hora antes do evento.
Através de uma viagem sônica que suspende tempo e espaço, o intuito é colocar em cheque a extrema separabilidade criada pela humanidade entre aquilo que está dentro da atmosfera da Terra e aquilo que está fora dela. “Lá” consiste em uma peça sonora de aproximadamente 30 minutos e faz parte da série de ficções sônicas “Movediça”, criada pela artista em 2021. Para Anti Ribeiro, a visão acaba se tornando um sentido que governa, então, em “Lá”, ela tenta imaginar um universo extraterrestre com os elementos que estão aqui na Terra, com os minerais da Terra. “Os sons foram sintetizados, ou seja, criados por mim durante a residência do Bolsa Pampulha”, ressalta a artista.
As crianças adoram - Anti garante que crianças ficam curiosas: “Usam a imaginação. Elas são mais abertas à experiência e aos sons que lembram o universo. A base conceitual da série é tirar os elementos visuais e instalar o som na escuridão. Aqui o som é privilegiado, pois entendo que tirar elementos visuais faz com que a gente consiga imergir mais na experiência sonora”.
As composições e produções sônicas da artista são muitas vezes trabalhadas como experiências expandidas em direção à instalação e à escultura. A experiência proposta em “Lá” dialoga com a obra da artista Tempestade Sistema de Som, obra sonora que compõe a exposição “9ª Bolsa Pampulha: Camará”, em cartaz no CCBB BH até 24 de fevereiro. Tempestade Sistema de Som é uma escultura sonora composta por um subwoofer e uma caixa de ferro-velho, redesenhada para amplificar frequências graves em altos decibéis. Na obra, seja dia ou noite, chuva ou sol, os visitantes são surpreendidos por sons de raios que ‘caem’ em intervalo indeterminado, correspondente à incidência de raios na região de Belo Horizonte. A obra estabelece uma negociação com o incômodo e leva o espectador a refletir sobre a relação entre desconforto físico e percepção sensorial. Anti Ribeiro entende o raio como uma entidade que atravessa as fronteiras entre céu e terra, cruzando também fronteiras epistemológicas. Anti não apenas convoca uma reflexão sobre os fenômenos naturais, mas também questiona como nossas percepções e modos de ver o mundo são moldados por forças invisíveis e impessoais — como raios e ondas eletromagnéticas —, que permeiam nosso cotidiano.
Sobre a artista Anti Ribeiro
Anti Ribeiro formou-se bacharel em Cinema e Audiovisual, na Universidade Federal de Pernambuco. Sua atuação costura, de modo indissociável, pesquisa, criação e educação nos campos sonoro e audiovisual. Como foco em ficções e produção de imaginários, a partir de provocações sensoriais e narrativas, sua produção artística tem enfoque no som como principal disparador de experiências.
Sobre a exposição 9ª Bolsa Pampulha: Camará - Uma das principais iniciativas do Museu de Arte da Pampulha (MAP), instituição vinculada à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, o Bolsa Pampulha reforça o museu como espaço de formação, pesquisa e experimentação junto à comunidade artística local e nacional, algo testemunhado ao longo das edições anteriores. O programa de residência reuniu em sua 9ª edição, de abril a outubro de 2024, onze bolsistas, sendo dez artistas: Ana Raylander Mártis dos Anjos, André Felipe Cardoso, Anti Ribeiro, Dyana Santos, Érica Storer, Gilson Plano, Rafael Prado, Val Souza, Wisrah C. V. da R. Celestino e Yanaki Herrera, que desenvolveram projetos com ênfase em seus processos artísticos, e uma bolsista com ênfase em pesquisa curatorial, Luíza Marcolino. O fruto desse processo revela a força que surge de uma convivência de seis meses com investigações de temas que brotam de forma potente sobre incertezas e complexidades contemporâneas, marcando os rumores deste século. Os trabalhos revelam uma trama de histórias pessoais e coletivas, assim como o gosto em se debruçar sobre arquivos, memórias e modos de construção de narrativas.
Sobre o Programa Bolsa Pampulha
O Bolsa Pampulha é um programa consolidado de arte contemporânea e se apresenta como uma das primeiras residências artísticas do Brasil. Sua origem remonta ao Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte, realizado desde 1937. A partir de 2003, passa por uma reformulação e ganha o formato atual, de forma a evidenciar e dialogar com as oportunidades da arte e da cultura contemporâneas.
Uma das principais iniciativas do Museu de Arte da Pampulha, instituição vinculada à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, o Bolsa Pampulha reforça o museu como espaço de formação, pesquisa e experimentação junto à comunidade artística local e nacional, algo testemunhado ao longo das edições anteriores. Enquanto política pública de cultura, o Bolsa Pampulha confere visibilidade à trajetória de relevantes nomes das artes visuais brasileiras que passaram pelas residências do programa, como Cinthia Marcelle, Paulo Nazareth, Marilá Dardot, Desali, Janaína Wagner, Rafael RG, Marcellvs L, Luana Vitra, Froiid, dentre outros.
Descentralização e Território – Descentralizar o fomento à arte contemporânea é uma das propostas desta edição do Bolsa Pampulha. A parceria com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Viaduto das Artes tem como objetivo ampliar esse caráter de democratização artística. O MAP, que se encontra em obras de restauro neste momento, segue atuante também por meio do Bolsa Pampulha – que está em sua 9ª edição. Dessa forma, o programa confirma sua expansão pela cidade e mantém o MAP como importante ponto de diálogo e convergência.
Museu de Arte da Pampulha
Inaugurado em 1957, o Museu de Arte da Pampulha – MAP exerce um relevante papel na formação, no desenvolvimento e na consolidação do ambiente artístico e cultural de Belo Horizonte. Seu acervo conta com importantes obras e documentos que permitem revisitar a história da arte moderna e contemporânea brasileira, com especial destaque para o seu edifício-sede. O prédio, projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940, é uma referência icônica para a arquitetura moderna brasileira e um dos mais representativos cartões-postais de Belo Horizonte. Desde 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Circuito Liberdade
O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.
Serviço
Desenho Sonoro “Lá” (2024), por Anti Ribeiro
Data: 1º de fevereiro (quarta-feira)
Horário: 18h
Duração: 90 minutos
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH – Teatro I
Praça da Liberdade, 450 - Funcionários, Belo Horizonte - MG
Entrada gratuita, com retirada de ingressos pelo site ccbb.com.br/bh e pela bilheteria do CCBB BH no dia do evento. Haverá uma cota para retirada exclusivamente na bilheteria do CCBB BH, uma hora antes da peça.
Classificação indicativa: Livre