4 September 2025 -
As bandas tradicionais de música de BH poderão se tornar patrimônio cultural. O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou a abertura do processo de registro desse bem cultural, que preserva uma expressão musical presente na cidade desde o século 19. O registro visa reforçar o reconhecimento e a preservação da tradição centenária das bandas, presente no imaginário social a partir de apresentações nos coretos das praças e desfiles pelas ruas da capital mineira, enriquecendo a cultura musical local.
A solicitação partiu das próprias bandas e foi encaminhada à Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), Fundação Municipal de Cultura (FMC) e Diretoria de Patrimônio Cultural (DIPC). O pedido de abertura do processo de registro foi protocolado em 2024.
Com a aprovação do CDPCM-BH, os próximos passos serão a realização do “Inventário Cultural” e a elaboração do “Dossiê de Registro”, etapas essenciais do processo de reconhecimento. O estudo fará um levantamento detalhado sobre as bandas, identificando mestres e maestros, celebrações, saberes e lugares fundamentais para sua história e continuidade.
O inventário também apontará formas de reprodução e transmissão, além de elementos que representem riscos à existência dessas bandas e ações necessárias para sua salvaguarda. Ao final, o material será submetido novamente ao CDPCM-BH, que deliberará sobre a concessão do título de Patrimônio Cultural da Cidade.
A secretária municipal de Cultura e presidente do CDPCM-BH, Eliane Parreiras, destaca que o reconhecimento das bandas também é um reconhecimento da memória da cidade. “As bandas tradicionais de música carregam consigo um papel fundamental na construção da identidade de Belo Horizonte. Reconhecer oficialmente esse bem cultural é valorizar o trabalho de gerações de músicos que, com dedicação e amor à arte, mantêm viva uma tradição que faz parte da história da nossa cidade”, afirma.
Para a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof, o registro fortalece os laços comunitários e preserva a identidade de Belo Horizonte. “Ao abrir o processo de registro, damos um passo importante para garantir que essa expressão continue presente no dia a dia da cidade. Ao preservar as bandas, preserva-se também o espírito comunitário, as memórias afetivas e a riqueza cultural que moldam a capital”, completa.
Tradição centenária
Atualmente, em Belo Horizonte, há três bandas tradicionais em atividade: Sociedade Musical Carlos Gomes, Banda Cosme Ramos e Banda 12 de Março. Elas atuam ativamente na capital e região metropolitana, participando de eventos musicais, religiosos e festivos. A mais antiga é a Sociedade Musical Carlos Gomes, fundada em 1896 por Alfredo Camarate, arquiteto português e integrante da Comissão Construtora da Nova Capital de Minas Gerais. Inicialmente composta por operários que participaram da construção da cidade, a banda mantém sua sede no Bairro Calafate, região Oeste.
“Estamos muito felizes e satisfeitos com o parecer favorável de abertura do processo de registro. Em 2025, a nossa banda completa 129 anos de existência e esperamos que essa iniciativa nos ajude a conquistar a tão sonhada salvaguarda, para perpetuar essa tradição por muitos anos”, afirma Dhenerson Augusto Carneiro, presidente da Sociedade Musical Carlos Gomes.
A Banda Cosme Ramos foi fundada em 1984 por iniciativa de José Antônio Campos, presidente da Associação do Bairro Campo Alegre, e hoje está sediada no Bairro Itapoã, na região da Pampulha. Já a Banda 12 de Março surgiu em 2 de março de 1975 no Vale do Jatobá, com apoio de freiras que coordenavam a Escola Sesi Hamleto Magnavacca.
“As bandas carregam a memória afetiva e a identidade cultural de uma cidade inteira. Ao reconhecer seu valor como patrimônio imaterial garantimos a preservação de sua história, protegemos seus saberes e valorizamos os músicos que mantêm viva essa tradição”, afirma Clessius Ribeiro, o maestro da 12 de Março.