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Cinco jovens grafitam diferentes partes de um muro, cada uma delas com uma cor de fundo, durante o dia.
Foto: Andrea Moreira/PBH

Arte do grafite colore muros de escola municipal na Pampulha 

criado em - atualizado em

Os muros externos da Escola Municipal Professora Alice Nacif, na região da Pampulha, ganharam desenhos e letras coloridas. Em uma intervenção coletiva, grafiteiros profissionais da região juntamente com a comunidade escolar se reuniram, no último dia 9, para pintar toda a extensão dos muros da escola conforme idealizado no projeto de intervenção artística “Alice Pinta Crew”.

 

O projeto é uma realização dos monitores do Programa Escola Integrada na Escola Municipal Professora Alice Nacif, Carla Adriana (Artes Visuais) e Matheus Ourique (Informática), em parceria com o artista e grafiteiro Thiago Wellington e com a associação comunitária do bairro Serrano. 

 

Os objetivos do projeto são, entre outros, pintar os muros da escola de maneira a contextualizar e valorizar a estética urbana local, permitir que os estudantes compreendam as manifestações artísticas expressas através do grafite, além de ampliar as possibilidades expressivas e reflexivas desta arte.

 

Monitora de artes visuais e uma das coordenadoras do projeto, Carla Adriana explicou que proposta de estudar sobre o grafite foi uma demanda dos próprios estudantes. “Trabalhamos o grafite no contexto urbano com os estudantes do 5º ano, com enfoque nos desenhos e letras. A partir daí, surgiu a ideia do projeto com a proposta de revitalizar os muros da escola, deixando o lugar mais bonito, atraente e aconchegante, valorizando o lugar e a comunidade.”

 

 

Intervenção coletiva e integrada

O projeto promoveu a integração entre a escola, os grafiteiros profissionais da região e a comunidade escolar. Todos os artistas convidados fizeram o esboço dos desenhos antes e enviaram para a escola a lista das cores que iriam utilizar.

 

Um dos grafiteiros convidados foi o letrista Mr. Towch, que trabalha com grafite desde 2008. Para ele, estas oportunidades são uma forma de divulgar a arte. “O grafite é um elemento da cultura hip-hop e precisa do entendimento das pessoas e das autoridades para ser mais valorizado”, disse.

 

Ex-aluno da escola, Gabriel Bechelaine, o Foik, tem o grafite como hobby há cerca de cinco anos.  “É muito bom a escola abrir portas pra uma cultura que já foi muito marginalizada, mas que hoje está ganhando seu espaço.”

 

Pai da estudante Aíssa Beatriz, o vigia noturno Josimar Machado, o Josy, é grafiteiro por hobby e se mostra um apaixonado pela arte. “A prática do grafite traz um benefício amplo para a pessoa porque trabalha a criatividade, a percepção de cores, a noção de dimensão e de perspectiva. Traz também o desafio de conseguir transferir para o muro aquilo que você criou na sua mente.”

 

 

Arte em crescimento

A arte urbana tem evoluído por todo o mundo, sendo o grafite um meio de expressão social e de comunicação específica por meio de cores e traços, geralmente praticada por jovens de regiões periféricas. Enquanto linguagem da arte urbana, o grafite é visualmente atrativo e capaz de potencializar a comunicação com o mundo.

 

Engana-se quem pensa que o grafite é praticado exclusivamente por homens. Para a oficineira do Programa Escola Integrada na Escola Municipal Anne Frank, Bruna Pimenta, grafiteira há 12 anos, está em crescimento a participação das mulheres no grafite. “Hoje, temos muitas mulheres pintando em BH e no mundo. Pra mim, o mais importante é o olhar de cada um, pois a integração da mulher no grafite é uma construção social.”

 

O grafite contextualizado tem o seu espaço. No bairro Serrano, onde a escola está localizada, os estudantes convivem diariamente com esta forma de expressão. “O grafite é uma representação artística que já faz parte do mundo destes estudantes, sendo algo que os aproxima da comunidade em que vivem.

 

Isso facilitou nosso   rabalho e conseguimos integrar comunidade e escola, trazendo beleza, cultura e arte para os muros da escola”, disse o monitor de Informática Matheus Ourique.

 

 Para a vice-diretora Gisele Almeida Vieira, a intervenção artística foi de suma importância para todos os envolvidos, não só os estudantes, mas também professores, funcionários e toda comunidade escolar. “Contribuiu para melhora da identidade, autoestima, além da beleza estética”, disse. “Ficamos muito gratos com a bela contribuição dos artistas e do empenho e dedicação dos monitores do Programa Escola Integrada, em especial aos monitores Carla e Matheus”, afirmou o diretor Bruno Amorim de Araújo.