15 June 2023 -
A 19ª edição do Projeto Expedições do Patrimônio debate a importância histórica da Fazendinha Dona Izabel, casarão situado na Barragem Santa Lúcia (Morro do Papagaio) recentemente restaurado pela Prefeitura de Belo Horizonte e entregue para a gestão pela comunidade, representada pela Casa do Beco. Com o tema “Fazendinha Dona Izabel, patrimônio cultural de Belo Horizonte”, a iniciativa organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação Municipal de Cultura será híbrida, contando com um encontro educativo virtual e outro presencial. O encontro virtual acontece no dia 27 de junho, das 14h às 16h30, e o presencial no dia 1º de julho, das 9h30 às 11h. A atividade é gratuita e tem vagas limitadas. As inscrições podem ser feitas pelo Portal da Prefeitura.
Fazendinha Dona Izabel é um dos imóveis históricos mais importantes e representativos de Belo Horizonte. Construída entre 1900 e 1919, foi reconhecida como patrimônio cultural da cidade em 1992, a pedido da própria comunidade do Morro do Papagaio/aglomerado Santa Lúcia. Antes conhecida como “Casa da Fazendinha”, foi rebatizada pelos moradores em homenagem à matriarca Dona Izabel, que residiu e preservou a edificação por mais de 50 anos. Após três anos de uma intensa restauração, a Prefeitura de Belo Horizonte inaugurou o espaço em dezembro de 2022, e hoje o casarão abriga um importante espaço cultural da cidade, gerido pela Associação Casa do Beco, que atua na comunidade há mais de 25 anos.
Para Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura, a visita a Fazendinha Dona Izabel é mais uma forma de valorizar o patrimônio cultural da cidade, preservando a memória da população local. “A centenária Fazendinha Dona Izabel, completamente restaurada pela Prefeitura de Belo Horizonte, é agora contemplada pelo Projeto Expedições do Patrimônio com o intuito de valorizar, difundir e ampliar o conhecimento acerca de sua história”, celebra.
Segundo Luciana Féres, Presidente da Fundação Municipal de Cultura, os encontros não valorizam apenas a preservação do patrimônio histórico, mas também a importância de ocupação dos espaços públicos pela população local. “O Casarão da Barragem Santa Lúcia marcou o início da ocupação daquela área, e deve ser preservado, agregando valor à comunidade e estimulando as vivências locais. O encontro também foca, nesse sentido, na importância da Casa do Beco, instituição com forte trajetória artística e sociocultural que cumpre muito bem o papel de administrar as atividades da Fazendinha”, afirma.
A 19ª edição do Projeto Expedições do Patrimônio
O encontro virtual acontecerá no dia 27 de junho de 2023, das 14h às 16h30, e terá como convidada especial a historiadora Josemeire Alves Pereira, Doutora e Mestre em História (UNICAMP) e Pós-Graduanda em Gestão e Conservação do Patrimônio Cultural, pelo IFMG-Ouro Preto, ex-moradora do Aglomerado Santa Lúcia e integrante do Núcleo de Desenvolvimento Estratégico da Casa do Beco.
Na oportunidade, serão abordadas a significância da Fazendinha Dona Izabel para a memória histórica, afetiva e identitária da comunidade do Aglomerado Santa Lúcia (Morro do Papagaio) e para a cidade, o processo de conquista do tombamento e restauração do imóvel pela Prefeitura de Belo Horizonte. Será demonstrado como as lutas e conquistas vivenciadas pela comunidade do Aglomerado Santa Lúcia integram a história da população negra na capital, dando ênfase na preservação e nos usos comunitários da Fazendinha Dona Izabel.
Já o encontro presencial oferecerá um passeio educativo na Fazendinha Dona Izabel e na Casa do Beco, no dia 1º de julho de 2023, das 9h30 às 11h, partindo da Avenida Artur Bernardes, 3876, Barragem Santa Lúcia. A atividade será conduzida por Nil César, Bacharel em Administração pela UNA/MG, Pós-graduando em Gestão Social e Políticas Públicas do Patrimônio Cultural (UFBA), morador da comunidade local, ator e diretor teatral e diretor de Articulações Estratégicas da Casa do Beco.
No trajeto, os participantes também visitarão a Casa do Beco e terão acesso à história de 27 anos ininterruptos de trabalho sociocultural realizado na comunidade. Logo em seguida, o passeio segue para a Fazendinha Dona Izabel, onde os visitantes poderão acompanhar uma intervenção teatral conduzida pelo personagem interpretado por Nil César, “Seu Zé”, que apresentará a história do Casarão, o processo de restauração e os projetos de Gestão da Casa do Beco para o espaço cultural.
Sobre a Fazendinha Dona Izabel
A história do Casarão da Barragem Santa Lúcia tem início antes mesmo da cidade de Belo Horizonte. O imóvel foi construído em um terreno que, inicialmente, fazia parte da Fazenda do Capão, localizada na região que corresponde atualmente ao bairro Santa Lúcia e adjacências. Sabe-se que em 1894, a fazenda pertencia a Ilídio Ferreira da Luz e foi desapropriada por estar na área onde seria construída Belo Horizonte. Posteriormente, a fazenda passou a integrar a Colônia Agrícola Afonso Pena. Pesquisas recentes afirmam que a edificação foi possivelmente construída no lote 71, desta Colônia Agrícola, entre 1900 e 1919. A Cerâmica Santa Maria, localizada em frente ao Casarão até a década de 1950, parece pertencer aos proprietários da antiga residência. Em 1972, o Casarão foi adquirido por Maria Izabel Rocha Magalhães, a Dona Izabel, e o marido. Em 1992, o imóvel passou a integrar o patrimônio cultural do município, em função de seu valor histórico e afetivo para a comunidade e para toda a sociedade.
Projeto Expedições do Patrimônio
Desenvolvido desde 2019, o Projeto Expedições do Patrimônio é uma ação educativa da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura. A proposta permite, a cada edição, que os participantes aprofundem o conhecimento e vivência dos bens materiais e imateriais do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Neste ano, o projeto que, até então, contava com encontros virtuais ou presenciais, passou a oferecer edições com modalidades híbridas. Desse modo, alguns bens são abordados por meio de videoconferência e, posteriormente, recebem visitas educativas in loco. Os encontros do Projeto Expedições do Patrimônio são conduzidos por Marco Antônio Silva, historiador e doutor em Educação coordenador do setor educativo da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público, e Arminda Aparecida de Oliveira, professora e mestre em Educação, da Diretoria de Desenvolvimento e Articulação Institucional da Secretaria Municipal de Cultura.