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Zoológico de BH registra novos nascimentos
Foto: Suziane Brugnara/PBH

Zoológico de BH registra novos nascimentos

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A temporada de nascimentos no Jardim Zoológico de Belo Horizonte continua. Depois de anunciar recentemente o nascimento de um cervo-do-pantanal e de um tamanduá-mirim, a instituição, administrada pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) da Prefeitura de Belo Horizonte, celebra a chegada de mais dois mamíferos: um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e um mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas). Os filhotes nasceram, respectivamente, em 30 de setembro e em 7 de outubro e, ao completar mais de um mês de vida, continuam bastante dependentes das mães, comportamento normal e esperado para esta fase, indicando plena saúde e bom desenvolvimento do núcleo familiar. 

Com um novo membro, podem ser observados comportamentos mais próximos daqueles exibidos na natureza pelas famílias. Por exemplo: é comum que a mãe fique mais recolhida e bem pertinho do filhote (por vezes o mantendo junto ao próprio corpo) para evitar qualquer situação arriscada. Às vezes, cabe ao pai a tarefa de ajudar nos cuidados com a prole (como no caso do mico-leão-de-cara-dourada). Esses e outros comportamentos naturais se mantêm mesmo quando os animais estão sob cuidados humanos, o que atesta que estão experimentando ótimos níveis de bem-estar próximo do que vivenciariam na natureza.


Para garantir que os animais continuem se desenvolvendo bem e permitir que as mães se sintam à vontade para cuidar dos filhotes nessa fase tão importante, as equipes técnicas trabalham de forma a causar o mínimo transtorno para as famílias, manejando os animais somente o necessário e monitorando de perto essa evolução, sem interferir na dinâmica do grupo. 

 

Característica mais marcante de cada espécie

 

As duas espécies citadas apresentam características bastante peculiares que, inclusive, se relacionam com o nome popular de cada uma delas. Enquanto o mico-leão-de-cara-dourada exibe uma juba com uma coloração em tons de vermelho e laranja (lembrando de fato a fisionomia de um leão), o tamanduá-bandeira, quando busca refúgio em um buraco ou depressão, se enrodilha e se cobre com a cauda espessa, como se houvesse uma bandeira sobre o corpo. 

 

O que tem sido feito para proteger as espécies

 

Existem vários instrumentos de proteção para as espécies que se encontram oficialmente ameaçadas de extinção. Um deles é o Plano de Ação Nacional (PAN), que tem como meta reunir informações importantes, resultantes de pesquisas sobre a espécie e sobre as ameaças à sobrevivência, e indicar as ações que devem ser realizadas em um período de tempo determinado, a fim de proteger tanto a própria espécie quanto o ambiente onde ela vive. Com isto, a espécie poderá melhorar o estado de conservação, saindo de uma categoria onde o risco de desaparecer na natureza é “extremamente alto” para uma categoria em que esse risco seja menor; ou até mesmo deixar de ser considerada ameaçada de extinção e sair da Lista Vermelha. No Brasil, os Planos de Ação Nacional constituem uma política do governo, liderada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

 

O Zoo de BH sempre segue os protocolos de manejo dos Planos de Ação Nacional (PANs) elaborados por especialistas de instituições nacionais e internacionais que têm amplo conhecimento dos melhores procedimentos a serem adotados para proporcionar saúde e bem-estar aos animais que vivem sob cuidados humanos.

No que diz respeito ao “status” de conservação dos animais que nascem na natureza, vale ressaltar que o tamanduá-bandeira é uma espécie que está na categoria “vulnerável” nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção (IUCN, 2008 e ICMBio, 2014). Já o mico-leão-de-cara-dourada consta como espécie ameaçada de extinção (IUCN, 2020-1 e ICMBio, 2014). Essas classificações servem de parâmetro para o desenvolvimento de estratégias essenciais para os programas de conservação in-situ (em seu lugar natural) e ex-situ (fora do lugar de origem, como nos zoos, por exemplo). 

 

É importante estabelecer e implementar um Programa de Conservação e Manejo sob cuidados humanos para cada uma dessas espécies. Esse trabalho deve integrar todas as instituições que abrigam determinada espécie e a reprodução de cada uma delas deverá cuidadosamente planejada baseando-se em critérios genéticos, dentre outros. O Zoo de BH, como signatário dos PAN’s das duas espécies, comemora o sucesso dos nascimentos em questão, que atesta sua expertise no manejo desses mamíferos, a qualidade técnica do seu Programa de Bem-estar Animal e a competência da instituição no que diz respeito à contribuição para as diretrizes de conservação da biodiversidade, já que a reprodução sob cuidados humanos de espécies ameaçadas é uma estratégia que garante a proteção nessas instituições de um percentual significativo da população desses animais em condições saudáveis e geneticamente viáveis, possibilitando futuros programas de reintrodução na natureza. Outra estratégia prevista pelos PAN’s, que busca ajudar na conservação e que o Zoo de BH pratica, é o desenvolvimento de programas educativos que estimulem a formação de cidadãos sensíveis e comprometidos com essa causa.

 

Além disso, pensando em conservação e considerando cada uma dessas espécies, é fundamental a criação e efetivação de novas Unidades de Conservação, principalmente de proteção integral e, se possível, a ampliação das já existentes; a intensificação de fiscalização efetiva contra o desmatamento ilegal, já que a perda, redução e isolamento de habitats é uma das principais ameaças à fauna silvestre do país e a realização de pesquisas de campo para se conhecer melhor as espécies. Todas essas iniciativas, somadas, são essenciais para aprimorar a tomada de decisões visando à conservação.

 

De acordo com a gerente da Seção de Mamíferos da FPMZB, a bióloga Valéria Pereira, “a reprodução das espécies, sobretudo as brasileiras e ameaçadas de extinção, é muito valiosa para os programas de conservação e mostra o quanto os Zoológicos podem ser importantes parceiros na luta em defesa da biodiversidade”, destaca.   

 

Já o gerente do Jardim Zoológico, o biólogo Humberto Mello, defende a utilização da educação ambiental como uma importante ferramenta de conscientização. “A ampliação das campanhas de combate ao tráfico de animais silvestres, fazendo cumprir a legislação existente, e contra o atropelamento das espécies é essencial, pois essas espécies estão entre os principais alvos de acidentes nas rodovias brasileiras. Além disso, as campanhas de combate aos incêndios florestais também se configuram como algo importantíssimo. E, exatamente por isso, o Zoo de BH participa dessas campanhas, como forma de ajudar na preservação não somente dos animais, mas do ambiente em que vivem.”, esclarece.