30 Maio 2025 -
Os animais sob os cuidados do Zoológico de BH se adaptam bem às variações de temperatura. Mesmo assim, a instituição sempre busca uma forma de oferecer mais conforto nos dias mais frios. Com isso, são realizados enriquecimentos ambientais nos recintos, e algumas espécies contam com um diferencial na alimentação.
Alguns mamíferos e aves, e todos os répteis, necessitam de atenção especial nesta época do ano, por serem mais sensíveis à queda de temperatura, principalmente os animais idosos ou em tratamento veterinário, além dos filhotes. Dentre as medidas adotadas estão o uso de aquecedores elétricos, camas de feno, ajuste na alimentação, mudança na posição dos abrigos dentro dos recintos e barreiras físicas para conter o vento.
Muitas vezes, também é necessária uma adaptação na parte externa dos recintos, como o aumento do número de abrigos ou a poda da vegetação, mantendo as áreas com maior luminosidade para que os animais possam tomar sol. Todas as ações são planejadas, levando em consideração as características e necessidades das espécies.
Os itens de enriquecimento ambiental são escolhidos especialmente para essa época. "Esse olhar mais criterioso para oferecer mais conforto aos animais em dias com temperaturas extremas está no planejamento de cada setor do Zoo. São ações que se baseiam na observação do comportamento dos animais para um manejo correto, na adequação dos recintos e no programa de bem-estar animal", explica o biólogo e gerente do Zoo de BH, Humberto Mello.
Para a elaboração e construção dos itens de enriquecimento ambiental são utilizados materiais que isolem o frio, como feno para a construção de camas e ninhos; caixas de papelão para abrigos; confecção de camas com mangueiras de bombeiro; e bambus para a criação de cortinas. Os preferidos pelas espécies são as caixas de papelão, que além de servirem como abrigo acabam virando uma opção de brinquedo, e o feno.
Dieta da estação
No que diz respeito à alimentação, algumas espécies contam com trocas, sempre de acordo com as necessidades de cada indivíduo, conforme explica a zootecnista e gerente da Seção de Nutrição, Melina Nunes Fernandes. “É importante destacar que diferente de nós, humanos, que tendemos a ter uma alimentação mais quente, mais calórica, como forma de ajudar no desconforto com o frio, os animais, quando em vida livre, estão acostumados com uma certa escassez de alimentos. Sendo assim, quando eles estão sob cuidados humanos, nós garantimos a alimentação adequada, respeitando a especificidade de cada espécie. Ou seja, não são todos animais que necessitam de ajustes em suas dietas”.
Para as espécies com gasto calórico maior, em busca da regulação térmica pode ser feita a troca de alimentos ou mesmo um aumento da quantidade fornecida na dieta. Os gorilas, por exemplo, recebem chás quentes em substituição aos sucos. Dentre os preferidos estão o chá de funcho, erva cidreira, hortelã ou a mistura de ervas.
No caso das aves, a dieta é mantida, mas com um aumento na quantidade dos itens mais calóricos e energéticos, como as castanhas, amendoim e coquinho licuri. No caso dos mamíferos, principalmente os primatas, também há um aumento no quantitativo da alimentação ofertada diariamente.
Como todo o planejamento é feito de acordo com as necessidades das espécies e a estação, há casos em que é necessária a redução da dieta ou mesmo um maior espaçamento entre as refeições. Isso é feito, por exemplo, para os animais com metabolismo muito baixo, como os répteis.