23 Maio 2022 -
O Teatro Francisco Nunes recebe nos dias 28 e 29 de maio, sábado e domingo, às 19h, o espetáculo teatral Banho de Sol, da Zula Cia. de Teatro. A obra retrata os encontros de quatro professoras de teatro que ocuparam um complexo penitenciário feminino, uma vez por semana, durante as duas horas do banho de sol ao longo de um ano. A peça convida o público a lançar um olhar para janelas que foram abertas através da arte, fazendo com que a realidade destas mulheres em privação de liberdade ecoe para além daqueles muros. A programação segue os protocolos sanitários de controle da Covid-19. Os ingressos variam entre R$ 42 (inteira) e R$ 21 (meia) e podem ser adquiridos no site no site www.diskingressos.com.br ou na bilheteria do teatro a partir de duas horas de antecedência. Mais informações no portalbelohorizonte.com.br.
Banho de Sol é fruto do projeto “A arte como possibilidade de liberdade”, composto, dentre outras atividades, por aulas de teatro que foram realizadas em um complexo penitenciário feminino ao longo de um ano, durante o banho de sol das participantes. Inicialmente, a proposta era somente fazer com que as mulheres em privação de liberdade tivessem a oportunidade de vivenciar uma experiência artística, momentos de troca, de afeto, de integração entre elas e ver como essas atividades reverberavam no cotidiano delas. Porém, a realidade vivenciada foi tão intensa que provocou nas integrantes da Zula Cia. de Teatro a criação uma obra, para que esta vivência pudesse fazer ecoar as vozes destas mulheres em situação de cárcere.
No elenco estão as atrizes Gláucia Vandeveld, Kelly Crifer, Mariana Maioline e Talita Braga, que também é fundadora da Zula Cia. de Teatro. O encontro entre as artistas e as participantes, assim como as modificações provocadas por essa experiência em cada uma das mulheres em privação de liberdade, foram os motes da criação dramatúrgica da peça, assinada por Talita Braga, e que também está à frente da direção, junto de Mariana Maioline. O figurino, cenografia e expografia são de Alexandre Tavera, a iluminação é de Cristiano Oliveira, trilha sonora e vídeos de André Veloso e produção executiva de Andréia Quaresma.
A arte como possibilidade de liberdade
Com um trabalho focado na mulher em situações marginais, a Zula Cia. de Teatro tem como ponto de partida para a criação teatral histórias e depoimentos reais como em seus primeiros espetáculos “As rosas no jardim de Zula” (de 2012, com direção de Cida Falabella) e “MAMÁ!” (de 2015, com direção de Grace Passô). A partir desses trabalhos, a companhia se firmou como um grupo de pesquisa de teatro documentário e teatros do real, com foco no feminino e na condição da mulher na sociedade atual.
Trabalhar com mulheres em situação de cárcere era um desejo antigo de Talita Braga, mas foi em 2016, ao participar do núcleo de pesquisa para arte-educadores no Galpão Cine Horto, que o projeto começou a ganhar vida. De acordo com a artista, as atividades eram coordenadas pela Gláucia Vandeveld, que já tinha realizado atividades teatrais em unidades prisionais e acumulava experiência nesse universo. Foi desse encontro que surgiu o projeto que teve como fio condutor a questão: “é possível que a arte ofereça momentos de liberdade à mulheres em situação de cárcere?”. Na época, as atividades consistiam em aulas de teatro e criação de um espetáculo para um grupo de 30 mulheres em privação de liberdade que cometeram crimes de repercussão.
Ao lado das atrizes que estrelam a peça, juntaram-se ao projeto Priscylla Lobato, arte-educadora e atriz que integrou a equipe na primeira etapa do trabalho, os técnicos André Veloso, Alexandre Tavera, Philippe Albuquerque, Ana Haddad e Cristiano Oliveira. Além da iniciação à prática teatral, momentos de fruição artística e elaboração criativa, foi realizada uma exposição de artes visuais baseada nas experiências e relatos discutidos durante as aulas. A iniciativa, em todo seu conjunto, foi uma das finalistas do Prêmio Innovare de 2016, que tem o objetivo de identificar e difundir práticas que contribuem para o aprimoramento da justiça no Brasil. Espetáculo selecionado por meio do chamamento de uso e ocupação dos teatros.
Sobre a Zula Cia. de Teatro
A Zula Cia. de Teatro nasceu em julho de 2010, em Belo Horizonte. O ponto de partida para o primeiro trabalho foi contar a história real de uma mulher. Para isso, o grupo começou a pesquisar o uso da realidade no teatro, se tornando assim, um grupo de pesquisa em Teatro Documentário. Em 2011 a Cia. estreia a cena curta “As Rosas no Jardim de Zula”, no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto. Foi uma trajetória de sucesso: cena mais votada do dia no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto; cena mais votada do dia na 7ª Mostra Cena Breve de Curitiba, em outubro de 2011; prêmio pelo uso da temática documental no Festival Breves Cenas de Teatro de Manaus, em março de 2012.
Em 2012, a cena curta virou espetáculo. “As Rosas no Jardim de Zula” é o primeiro espetáculo da Cia. Em 2012 a Cia realizou temporadas em Belo Horizonte, Divinópolis, Nova Lima, Contagem, Tiradentes, Itabira e Ouro Branco, Minas Gerais. Em 2013 foi convidado a participar do Festival Verão Arte Contemporânea e indicado à Premiação de Melhor Texto Original e Melhor Atriz no Prêmio Usiminas Sinparc de Artes Cênicas e neste mesmo ano foi considerado o Destaque do 14º Festival de Areia no estado da Paraíba. Ainda em 2013, a Zula Cia. de Teatro foi contemplada com o Prêmio de Teatro Myriam Muniz, que possibilitou à Cia. circular com o espetáculo por São Paulo e Buenos Aires.
Em novembro de 2014 a Cia. foi mais uma vez contemplada com o Prêmio de Teatro Myriam Muniz, viabilizando assim a criação do seu segundo espetáculo: “MAMÁ!”, que estreou em Belo Horizonte em novembro de 2015. O espetáculo contou com a direção de Grace Passô e teve como ponto de partida histórias reais de mulheres e seus conflitos relacionados à maternidade.
Ainda em 2015, a Cia. foi contemplada pelo edital Sesi Viagem Teatral e circulou por 6 cidades do interior de São Paulo com o espetáculo “As Rosas no Jardim de Zula”. Em 2016 o espetáculo MAMÁ!, foi convidado a participar do Festival Nacional de Teatro do Amazonas. Neste mesmo ano, a Cia. foi convidada a participar do projeto Sesi Viagem Teatral e circulou por mais 5 cidades do interior de São Paulo com o espetáculo “As Rosas no Jardim de Zula”. Ainda em 2016, a Cia. foi contemplada com o prêmio Cena Minas da Secretaria de Cultura de Minas Gerais e com o prêmio Trilha Cultural do BDMG, que possibilitou ao grupo circular por 6 cidades do interior de Minas.
Em setembro de 2016, a Cia. ocupou o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, com a função de ministrar aulas de teatro e fazer uma pesquisa de campo sobre a realidade de mulheres em situação de cárcere. Esta pesquisa deu origem ao espetáculo “Banho de Sol”, que estreou em Belo Horizonte, em março de 2019, no Centro Cultural Banco do Brasil e teve uma temporada de estreia de 2 meses, todos os dias com ingressos esgotados.
Em sua trajetória, a Cia. já passou por 35 cidades brasileiras, 6 Estados, além de ter realizado uma temporada em Buenos Aires, na Argentina.
Serviço
Espetáculo Banho de Sol
Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, 1321 - Centro)
Dias 28/05 e 29/05, sábado e domingo, às 19h.
Classificação: 14 Anos | Duração: 120 minutos
Ingressos: R$ 42,00 (inteira) e R$ 21,00 (meia entrada)
Vendas na bilheteria do teatro (funcionamento a partir de duas horas antes do espetáculo) ou pelo site:www.diskingressos.com.br