5 November 2019 -
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura e da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, realiza o Seminário “As cidades e o sagrado dos povos tradicionais: território, identidades e práticas culturais”, que terá em sua programação mesas de debates, vivências e painel de experiências nos dias 21 e 22 de novembro, no Centro Cultural da UFMG. No dia 23 de novembro acontece a Pisada de Caboclo no Parque Lagoa do Nado – Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional. Todas as atividades serão gratuitas. As inscrições para as atividades realizadas no Centro Cultural da UFMG já podem ser realizadas.
O Seminário aborda, inicialmente, a discussão sobre a dificuldade das comunidades tradicionais indígenas e de terreiro no acesso às plantas utilizadas em suas práticas culturais, tomando como base para a discussão a abordagem etnobotânica. Colocam-se também como temas de discussão as práticas culturais indígenas e de terreiro no meio urbano, a promoção do diálogo entre os diversos grupos sociais nesses territórios e a confluência de saberes para criar novas formas de conviver e compartilhar as áreas verdes da cidade.
Serão objetos de discussão do Seminário: como estabelecer mecanismos e instrumentos que salvaguardem as práticas culturais indígenas e de terreiro no meio urbano? Como promover o diálogo necessário entre os diversos grupos sociais que dão aos territórios sentidos e apropriações diversas? Como promover a confluência de saberes capazes de produzir novos conhecimentos e novas formas de conviver e compartilhar as áreas verdes da cidade?
Com isso destaca-se não só a importância em si desses saberes, mas também a sua condição de memória a ser referenciada e incentivada como parte integrante da história de nossa população.
O Seminário faz parte do projeto “Jardins do Sagrado, Cultivando Insabas que Curam”, que integra a Política de Patrimônio Cultural do Município e busca proteger, divulgar e apoiar os saberes ancestrais dos povos tradicionais na utilização cultural das plantas.
Segundo Juca Ferreira, Secretário Municipal de Cultura, “a Prefeitura pretende dar visibilidade às tradições afrobrasileiras e indígenas, compreendendo que uma cidade plural respeita e promove o diálogo, a troca e a interação entre saberes e memórias diversas. Ao mesmo tempo, busca garantir a preservação das memórias, dos símbolos e das narrativas dos grupos humanos, incluindo os que são secundarizados ou colocados à margem na história das cidades”.
Segundo a presidenta da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin, a realização do Seminário “As Cidades e o Sagrado dos Povos Tradicionais: território, identidades e práticas culturais” na programação do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte (FAN-BH) vem potencializar ainda mais as políticas públicas para a cidade voltadas ao patrimônio e à igualdade racial.
“O projeto ‘Jardins do Sagrado, cultivando insabas que curam’ é uma ação que amplia e fortalece a política de salvaguarda do patrimônio imaterial de Belo Horizonte. Já o FAN-BH é um festival que tem como foco as contribuições de matrizes africanas e das diásporas na formação da cultura brasileira. Esse encontro é espaço fundamental para as discussões propostas e para a afirmação, a valorização e a celebração das manifestações tradicionais”, afirma.
Sobre o FAN-BH
O FAN-BH chega à sua 10ª edição em 2019. O festival acontece de 18 a 24 de novembro, com uma extensa programação, marcando o pioneirismo de 24 anos promovendo o encontro da música, artes cênicas, cinema, moda, artes visuais, performance e literatura de matriz africana do Brasil e do exterior. Serão utilizados mais de 20 espaços da capital mineira e todas as atrações são gratuitas, com opções para o público de todas as idades. Nesta edição, o FAN-BH apresenta TERRITÓRIO MEMÓRIA como eixo de reflexão, articulado às práticas culturais e artísticas negras. A programação reúne obras, artistas e atuantes das culturas negras, compondo um olhar expandido e diverso, para focalizar as subjetividades negras e suas singularidades artísticas. As curadoras desta edição são Aline Vila Real, Grazi Medrado e Rosália Diogo.
PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO “AS CIDADES E O SAGRADO DOS POVOS TRADICIONAIS: TERRITÓRIO, IDENTIDADES E PRÁTICAS CULTURAIS”
21/11, Quinta-feira – Centro Cultural da UFMG
- 9h às 9h30 - Abertura oficial
- 9h30 às 10h30 - Mesa: Os povos tradicionais e o contexto urbano
Tema abrangente e orientador das discussões do seminário. Com esta mesa, pretende-se refletir sobre a dinâmica, as disputas e as identidades associadas à prática e vivência dos saberes tradicionais no meio urbano.
- 10h30 às 12h - Vivência: Tradição que alimenta
Partilha de alimentos, dos saberes falados, tocados e cantados. Confluência entre os saberes e os sabores de povos de terreiro e indígenas, por meio de suas comidas tradicionais. Pretende-se afirmar o alimento como direito sagrado desses povos e visibilizar que seus costumes e modos de vida resistem à homogeneização das práticas produtivas e dos hábitos alimentares e à industrialização e empobrecimento da comida. Diariamente esses povos, por meio de suas práticas culturais, alimentam o sagrado, o corpo e a alma e colaboram no combate à fome e na manutenção de territórios do bem viver. Será montada uma mesa, com comidas preparadas pela indígena Mayo Pataxó e pela Mameto Oiacibelecy (Mãe Rita), em um ambiente de interação com as/os participantes do seminário.
- 14h às 17h - Mesa: As cidades, práticas do sagrado e suas relações
As práticas culturais indígenas e de terreiro têm no exercício do sagrado seu ponto central de estruturação. Este sagrado, por sua vez, encontra-se umbilicalmente vinculado com os elementos da natureza. Plantas, rios, mares, pedras, animais, terra e floresta são elementos essenciais para os processos sagrados destes povos. Em meio urbano, o acesso a ambientes que ofertem, em certa medida, contato com estes elementos é mediado pelo estabelecimento de regramentos sociais e institucionais construídos de maneira apartada das particularidades do modo de vida destas comunidades. Refletir, portanto, sobre os problemas e possibilidades da prática do sagrado na cidade constitui o tema principal desta mesa.
22/11, Sexta-feira – Centro Cultural da UFMG
- 9h às 12h - Mesa: Os saberes científicos, acadêmicos e tradicionais: confluências para construção de conhecimento
No campo da política de patrimônio cultural, um dos desafios que se coloca é a implementação de medidas de salvaguarda. Construídas a partir da identificação dos processos estruturantes das práticas culturais e do diagnóstico das fragilidades internas e externas que as afetam, as medidas de salvaguarda devem ser construídas, via de regra, pelo entrecruzamento de campos distintos do conhecimento. Promover, divulgar, difundir, transmitir e fomentar constituem linhas de atuação para a salvaguarda que se efetiva a partir de uma abordagem intersetorial. Salvaguardar, no contexto da política de proteção ao patrimônio dito imaterial, exige uma articulação concatenada dos distintos saberes, dado que seu campo de atuação constitui produto que não é estático; ele se faz e se refaz no diálogo e nas interações sociais. Partindo, então, da necessidade da confluência de conhecimentos para a implementação de medidas de salvaguardas eficazes, toma-se como referência temática desta mesa a discussão sobre as potencialidades e o relato de experiências de entrecruzamento dos saberes científicos, acadêmicos e tradicionais como fio condutor de processos de salvaguarda das práticas culturais indígenas e de terreiro.
- 14h às 18h - Painel: Experiências de implantação e gestão de espaços de cultivo de plantas sagradas dos povos de tradição no Brasil
Considerando que a escassez de áreas verdes compromete a manutenção dos modos de vida dos povos tradicionais, conhecer e divulgar experiências de acesso à natureza para práticas sagradas e de cultivo de plantas litúrgicas em plena cidade torna-se necessário. É objetivo desta mesa a reflexão sobre as possibilidades e desafios do desenvolvimento, no meio urbano, de ações capazes de nutrir os modos de vida dos povos de tradição em suas relações com a natureza. Nesse contexto, cabe também refletir sobre os possíveis desdobramentos dessas experiências para a cidade, para além do culto à ancestralidade.
23/11, Sábado – Parque Lagoa do Nado – Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional
(Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã / Belo Horizonte)
- 9h30 às 13h - Pisada de Caboclo
A Pisada de Caboclo, manifestação cultural organizada pela Reunião Umbandista Mineira/RUM, fortalece a confluência cultural e espiritual entre os povos de matriz africana e indígena, ao celebrar a ancestralidade desses povos e afirmar os laços de união, base da resistência dos povos tradicionais.
Serviço
Seminário “As cidades e o sagrado dos povos tradicionais: território, identidades e práticas culturais”
21 e 22 de novembro, no Centro Cultural da UFMG, de 9h às 18h
Av. Santos Dumont, 174 - Centro.
Entrada gratuita, inscrições na página do seminário.
Pisada de Caboclo
23 de novembro, no Parque Lagoa do Nado – Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional, de 9h30 às 13h
Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã / Belo Horizonte
Entrada gratuita, participação livre.