24 August 2017 -
A ação voluntária como instrumento de transformação do mundo em um lugar melhor para se viver foi tema da 24ª edição do Projeto Ser Mais, realizada no dia 23 de agosto, no Espaço Multiuso da Prefeitura. Com vasta experiência na área, tendo atuado fortemente na criação das primeiras centrais de voluntariado no Brasil e do programa Voluntários das Gerais da Fiemg, a chefe de gabinete da Procuradoria-Geral do Município (PGM), Marisa Seoane, ministrou palestra com foco na sensibilização do público para a importância da causa.
Na abertura do evento, o músico e assistente da Prodabel na PGM, Wellington Fonseca, interpretou ao saxofone a canção ‘Heal the world’, de Michael Jackson – em tradução livre, ‘Cure o mundo’ – fazendo a trilha sonora para um vídeo que evocava ações de amor e altruísmo em prol de um mundo melhor.
Com a atmosfera de receptividade instaurada na platéia, Marisa iniciou a sua exposição propondo algumas reflexões sobre a capacidade do ser humano de transformar coisas brutas em maravilhas tecnológicas, mas, ao mesmo tempo, manter-se insensível frente a situações dramáticas de miséria e sofrimento inaceitáveis do ponto de vista humanitário.
Atitude. De acordo com a palestrante, esta é a palavra chave que nos leva a fazer coisas que nem imaginávamos ser capazes. Com atitude, rompemos o estado de inércia e, juntando uma pequena colaboração de cada um, podemos chegar à solução de graves problemas e alcançar grandes realizações.
Mão na massa
Foto: Rodrigo Clemente/PBH
Marisa apresentou um pequeno vídeo, ambientado numa cidade da Índia, que mostra uma enorme árvore caída, interrompendo o trânsito num dia de chuva. Enquanto adultos teorizam sobre a questão, uma criança põe a mão na massa, esforçando-se, em vão, para deslocar o tronco atravessado na rua. Pouco a pouco, o exemplo infantil contagia mais e mais pessoas, que vão aderindo à iniciativa do menino, até formar uma força capaz de remover o obstáculo e resolver o problema.
A partir dessa pequena peça, a palestrante alertou para a frequente incapacidade de ação dos adultos diante de problemas que exigem atitudes urgentes. E, também, para o fato de que toda ação voluntária tem a sua importância, por menor que possa parecer.
Por meio de outro vídeo, Marisa alertou para mais um elemento essencial à vida em sociedade e à prática do voluntariado: a integridade. Dois rapazes num jipe percebem a lona de proteção aberta na carroceria de um caminhão carregado de cerveja. Eles emparelham o carro e, por alguns segundos, o espectador fica na dúvida sobre a intenção deles. Até que, quando a distância permite, um dos rapazes se projeta pela janela e fecha a proteção de lona, surpreendendo aqueles que imaginaram que a intenção era roubar a cerveja.
A plateia também participou compartilhando suas experiências de voluntariado. Servidores depuseram sobre a prática da solidariedade, desde atitudes aparentemente corriqueiras no dia a dia, como a cessão de um assento no ônibus, até a ação voluntária sistemática de apoio a mulheres em tratamento de câncer de mama. Em seu depoimento, o servidor da PGM José Lantenay da Silva contou como foi ajudado e depois passou a ajudar na recuperação de famílias que passam por processos de desestruturação, seja por problemas de abuso de álcool e drogas, seja por desentendimento entre casais, pais e filhos. A servidora Juliane Bellico, da Regional Noroeste, emocionou os presentes com o relato da iniciativa da qual participa, a Doutores Palhaços de BH, que conta com 139 pessoas que atuam como palhaços em 22 plantões mensais nos hospitais de Belo Horizonte, para atenuar o sofrimento de pacientes internados com doenças graves.
Legislação
Na sequência da palestra, Marisa Seoane falou sobre a relação de voluntários com o poder público, esclarecendo que a prática do voluntariado por meio de parcerias entre pessoas que desejam realizar trabalhos sem remuneração ou entidades sem fins lucrativos e governos é desejável e pode gerar bons resultados para as comunidades e a sociedade em geral. Mas alguns cuidados precisam ser tomados, para evitar que a ação voluntária se transforme em passivo trabalhista. Por isso, entre outros aspectos a serem observados, é preciso estar atento para que o voluntário não ocupe um posto de trabalho formal, em substituição direta de um trabalhador remunerado.
De acordo com a palestrante, Belo Horizonte possui, hoje, alguns decretos e leis para regular o voluntariado, que foram criados em situações específicas, como no caso da Copa do Mundo de 2014. E que está sendo desenvolvido um trabalho de compilação para que a cidade passe a dispor de normas gerais para o exercício do voluntariado, de maneira que gere os resultados desejados, com segurança jurídica.
No encerramento do encontro, Marisa reforçou a ideia de que, para ser voluntário é preciso ter vontade de sê-lo e convicção da importância daquilo que se está fazendo. E finalizou com a apresentação de um vídeo que instigou as pessoas a refletirem sobre o que cada uma delas faz para ser feliz.
Ser Mais
O projeto Ser Mais, desenvolvido por servidores da Procuradoria-Geral do Município, promove, mensalmente, palestras sobre temas de interesse geral, visando ao aprimoramento pessoal e profissional dos servidores da Prefeitura. Mais informações pelos e-mails fernandas.cunha@pbh.gov.br e mariana.aguiar@pbh.gov.br