13 September 2019 -
Até este domingo, dia 15, a Lagoinha é palco para mais uma edição do Circuito Urbano de Arte (CURA), que está levando à região as intervenções artísticas realizadas em muros e prédios que já coloriram outros pontos da capital mineira. Atrações como música, gastronomia e rodas de conversa integram a programação do Circuito, que tem o apoio da Prefeitura e reforça as ações destinadas a revitalizar esse importante bairro de Belo Horizonte.
Nos últimos anos, diversas medidas têm sido adotadas pela Prefeitura com o objetivo de valorizar e requalificar a região. São projetos e ações, que envolvem os diversos setores da administração municipal e parceiros da sociedade civil, nas áreas da segurança, limpeza, iluminação, intervenções urbanas e artísticas, com o propósito de consolidar o local como um espaço de cidadania, cultura, lazer e geração de renda.
A iniciativa se materializa em várias frentes. Um exemplo é a rua Araribá, que passou a contar com passeios mais largos, academia a céu aberto, um quilômetro de arte de rua no muro do Conjunto IAPI e um novo polo do BH é da Gente, realizado aos domingos. E, em toda a região, a segurança foi reforçada, com um novo posto da Guarda Municipal (próximo à Rodoviária), patrulhamento diário com a Operação Sentinela e 213 pontos de iluminação que foram substituídos por lâmpadas de LED.
Proteção social e desenvolvimento
Além disso, são adotadas ações de proteção social à população mais vulnerável – com abordagem e encaminhamento de pessoas em situação de rua para centros de atendimento –, oferta de cursos profissionalizantes na Escola Raimunda da Silva Soares (na Pedreira Prado Lopes) e de capacitações voltadas para áreas de alimentação, gastronomia e agricultura urbana no Mercado da Lagoinha.
Foi inaugurado, também, o Centro Integrado de Atendimento às Mulheres, com diversas ações de capacitação e inserção no mercado de trabalho para as moradoras da região, espaço para higiene pessoal, refeições, atividades coletivas, respaldo socioassistencial e de saúde para quem está em situação de dependência química.
O desenvolvimento econômico local de empreendedores é promovido em parceria com o Sebrae/MG para a oferta de oficinas e, com o propósito de estimular a geração de renda e o aquecimento da economia, foram ofertadas linhas de crédito do BDMG para que empresas se instalem na região e identificados os imóveis fechados para possível prospecção de novos negócios.
O local tem recebido a visita de consultores internacionais para apoio técnico na definição de projetos específicos para a Lagoinha e contou, recentemente, com a presença do cônsul da Itália, para conhecer os desafios e as oportunidades do corredor cultural e histórico, que também foi o berço da imigração italiana na construção da capital.
Pela sua importância histórica e cultural, a região está sendo a primeira beneficiada pelo programa Horizonte Criativo, lançado este ano pela Prefeitura para fomentar a economia criativa na capital mineira. Todas as iniciativas do Horizonte Criativo se relacionam diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e envolvem segurança pública, inclusão socioprodutiva, melhoria do ambiente de negócios, dinamização cultural e turística, requalificação e intervenções urbanas.
Arte e cultura
O trabalho de revitalização inclui, também, ações voltadas à exploração do potencial cultural e turístico do espaço. Entre elas estão a elaboração da Cartografia Cultural que identificou mais de 300 referências culturais na Lagoinha. Elas dizem respeito a ofícios tradicionais, manifestações religiosas, artísticas e culturais de diversas formas, como pinturas, artesanato, música, composição, espaços e festas referenciais do bairro, que foram catalogados, descritos e mapeados em um estudo para subsidiar políticas públicas para a região.
A Prefeitura também vem dando celeridade aos processos de tombamentos de imóveis da Lagoinha, em particular do eixo da rua Itapecerica. O objetivo é permitir aos proprietários o acesso aos benefícios de tombamento para que, assim, possam investir mais na requalificação e reparação dos seus imóveis.
Atualmente, a Lagoinha recebe diversas intervenções artísticas nos seus baixios, viadutos, passarelas de pedestres e fachadas, a exemplo da exposição "Moradores" para valorizar a memória e as histórias dos moradores, realizado com a Nitro Histórias Visuais. Em parceria com o Movimento Gentileza, idealizado e coordenado pela voluntária social e primeira-dama do Município, Ana Laender, outras ações de arte e cultura tiveram a Lagoinha como palco.
Em março deste ano, os artistas da Rupestre Crew (coletivo de grafite de moradores da Pedreira Prado Lopes) pintaram os muros e a fachada do Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, que fica na entrada da Pedreira, e cem artistas de arte urbana de Belo Horizonte realizaram intervenções nos muros do Conjunto IAPI. Depois, em maio, três artistas de Belo Horizonte, Clara Valente, Gabriel Dias e João Gabriel, acompanhados da italiana Alice Pasquini, deram novas cores e formas à escadaria, às laterais e aos pilares da passarela que liga a rodoviária ao metrô e à praça Vaz de Mello.
Mudança para melhor
Os resultados já começam a ser constatados. O publicitário Filipe Thales, 36 anos, que mora há 12 na região, conta que uma das grandes dificuldades enfrentadas era a falta de segurança, que resultou numa baixa autoestima e na perda do capital cultural da região, e assinala que esse cenário agora está mudando para melhor.
“A gente lida com uma comunidade que está vendo essa revitalização que era esperada há décadas. Agora desfrutamos de um momento de transição, com iniciativas que resgatam a dignidade da região como um todo. Moradores abrindo negócios, fortalecimento e mudança de ciclos para a economia do bairro. Essa administração está entendendo a importância do ”fazer junto”. Lado a lado com a comunidade, estamos discutindo soluções e criando investimentos para melhorar a autonomia e autoestima da nossa comunidade. A Prefeitura entende as nossas necessidades e nos respalda diante delas”, relata.
Iniciativas voltadas à revitalização do espaço e à criação de novas possibilidades eram esperadas há muito tempo, salienta o publicitário, que é responsável pelo projeto Viva Lagoinha, que tem o objetivo de conectar pessoas que acreditam na requalificação do espaço por meio da economia criativa. “Segurança é ter as pessoas na rua, ocupando de forma saudável e criativa. Ao passo que surgem novas soluções, a gente vai deixando no passado esse estigma de que aqui é uma cracolândia, um lugar sem futuro”, aponta.
Ele ainda destaca o elevado e histórico potencial cultural da região, bem como a necessidade de um resgate nesse sentido. “A região da Lagoinha já nasce criativa em seu próprio DNA. Somos berço da cultura e da diversidade em nossa cidade, com uma história que fala por si só. Aqui surgiu o primeiro bloco carnavalesco de Belo Horizonte e daqui vieram artistas que exportam seus trabalhos para os mais diversos lugares. Por um tempo, esses valores foram perdendo a força, mas através de um trabalho feito a quatro mãos (comunidade e administração municipal) estamos mostrando que não se pode deixar outras coisas falarem mais alto que esse potencial”.