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Mãe segura filhocom alergia a leite de vaca, que toma suco na mamadeira, ao fundo, atrás da mesa, médica realiza consulta.
Foto: Karen Moreira/PBH

Prefeitura oferece tratamento gratuito a crianças com alergia ao leite de vaca

criado em - atualizado em
Conviver com restrições e alergias alimentares nem sempre é fácil, principalmente para crianças. A hipersensibilidade é mais comum na infância e acomete, em média, 2,5% das crianças com até dois anos de idade. Entre os vários tipos existentes, a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é a mais comum nessa faixa etária. Para ajudar no diagnóstico, acompanhamento e tratamento da doença, a Rede SUS-BH conta com um ambulatório especializado para pacientes com alergia ao leite de vaca.  


O serviço é oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte na Unidade de Referência Secundária (URS) Saudade e conta com uma equipe multiprofissional, composta por médicos (pediatra, alergologistas e gastroenterologista), nutricionistas, enfermeiras, assistente social, farmacêutica e equipe administrativa. Juntos, esses profissionais atuam na avaliação de cada caso e trabalham em parceria com a família com o objetivo de proporcionar uma melhora na qualidade de vida dessas crianças.


O pequeno Benjamin Azael, de 1 ano e 4 meses, faz acompanhamento no ambulatório desde os primeiros meses de vida. Seu caso é considerado grave e requer cuidados bem específicos para evitar qualquer tipo de contaminação alimentar. Além da APLV, ele também é alérgico à ovo. Sua mãe, Jussara Chaves Peixoto, conta que no dia-a-dia ela precisa ter muito cuidado e segue as orientações repassadas pela equipe para driblar as dificuldades.


“Conforme fui orientada, quando eu saio de casa tento levar a comida dele já preparada. Quando vou comprar as coisas no supermercado, tenho que prestar atenção nos rótulos porque ele não pode comer nem alimentos com traços. Na rua, eu prefiro dar frutas e sucos naturais”, diz.


Por ser lactante, Jussara também precisa seguir as restrições e não ingerir nem a proteína de leite de vaca e nem alimentos que contenham ovo. “Eu prefiro ter todos esses cuidados e saber que ele vai ficar bem. Só de fazer o acompanhamento aqui, tudo fica mais fácil porque eu tenho certeza do que pode, e do que não pode oferecer para ele comer”, relata. 



Diagnóstico

De acordo com a pediatra e coordenadora do Ambulatório de APLV da URS Saudade, Dra. Lavínia Pimentel Miranda, diante da suspeita clínica recomenda-se a realização do Teste de Provocação Oral – (TPO) para diagnóstico da alergia. “O teste é realizado através da exclusão do alimento da dieta por um período de quatro semanas, em média, e sua posterior reintrodução. Caso haja o reaparecimento dos sintomas, confirma-se o diagnóstico de APLV. A partir daí o tratamento é iniciado e consiste em excluir o leite de vaca e derivados da dieta, de forma supervisionada”, explica.


As reações podem ocorrer de forma mais grave ou com manifestações mais brandas. Nos casos mais graves os sintomas ocorrem em até duas horas após a exposição ao leite. “A criança pode reagir ao simples contato, ou seja, alguém ingere alguma substância que tenha leite ou derivados e ao ter contato com o paciente, através de um beijo ou toque, por exemplo, ela desenvolve a reação alérgica de empolação, coceira, inchaço ou até uma dificuldade respiratória. Nestes casos, a intervenção tem que ser imediata e o paciente precisa receber um atendimento médico de urgência”, alerta a pediatra. 


Nas situações mais brandas, as manifestações são tardias e as reações geralmente são do trato gastrointestinal. “Nos casos menos graves, a criança apresenta diarreia, sangue nas fezes, vômito de difícil controle. Nestes casos, o tratamento é com a medicação sintomática, para atenuar os sintomas desencadeados pela ação da proteína no organismo”, explica.

Ainda segundo a Dra. Lavínia, 90% das crianças se tornam tolerantes à APLV até os três anos de idade. “Essa tolerância é individual, varia de acordo com cada criança. Enquanto isso, durante o tratamento, o nosso objetivo é ajudar essas crianças a terem qualidade de vida e reduzir ao máximo os riscos de exposição e possíveis reações em decorrência da alergia”, ressalta. 

Nos últimos dois anos mais de 550 crianças passaram pelo ambulatório. O encaminhamento dos pacientes é feito pelos médicos dos centros de saúde por meio de agendamento direto na unidade por contato telefônico. O ambulatório de APLV funciona às segundas, terças, quartas e sextas-feiras no período da manhã. Por semana, são realizados, em média, 10 testes de provocação para o diagnóstico e cerca de 30 consultas ambulatoriais. 
 
 

03/04/2018. Crianças com alergia ao leite de vaca recebem tratamento gratuito no SUS-BH. Foto: PBH/Divulgação