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Por que o Turismo importa?

Imagem gráfica com texto "Dia Internacional do Turismo"
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Diversificado e de expansão rápida, o turismo se relaciona com as comunidades em diversas frentes, como a preservação cultural e ambiental, os investimentos em segurança, o desenvolvimento sustentável e o avanço econômico. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o setor é responsável, hoje, por um em cada dez empregos, além de ter registrado um crescimento consistente das viagens internacionais durante os últimos oito anos consecutivos.
 

Vale lembrar que essa evolução se deu mesmo em um contexto global de fortes tensões geopolíticas, ou seja, o turismo é uma força propulsora capaz de superar diversas camadas de obstáculos. Não por acaso, nem a agudização da crise na Venezuela, por exemplo, reduziu o crescente fluxo de brasileiros interessados em conhecer a costa caribenha do país vizinho. O Egito e a Palestina, que frequentemente ocupam os noticiários internacionais em função de conflitos e ameaças à paz, estão entre os dez países cujo fluxo turístico mais cresceu em 2017, com índice superior a 20%.
 

Quando se trata de turismo, aliás, parece que nada é capaz de frear a força dos países emergentes. Em 1980, as economias mais desenvolvidas receberam 70% do fluxo turístico global. Em 2016, 55%. Até 2030, a OMT estima que os países emergentes vão receber 57% do fluxo de turistas em todo o mundo, virando a mesa do mercado.

 

Será que é por isso que o turismo importa?
 

Turismo: o mercado do dinamismo frenético
 

Em 2017, o sonho de um cruzeiro pelas ilhas gregas foi substituído: Portugal ultrapassou a Grécia em receitas com turismo. Enquanto isso, outros países europeus lidam com o lado alternativo da moeda:

 

  • moradores de Barcelona penduraram, em 2017, faixas com os dizeres "não aos apartamentos turísticos" em suas varandas e fachadas. Durante a crise espanhola, o turismo foi o único setor que gerou emprego e renda. No entanto, o fluxo continuou aumentando incessantemente, interferindo inclusive no custo de vida da população. O incômodo crescente fez com que a prefeitura local adotasse medidas para controlar a construção de novos empreendimentos hoteleiros, o que gerou um aumento no aluguel de moradias temporárias e, consequentemente, um “boom” no preço dos aluguéis.

  • o órgão oficial de turismo da Holanda não divulga a cidade de Amsterdã internacionalmente desde 2014, na tentativa de direcionar o fluxo para outros destinos, como Roterdã. Por lá, já existem guias de como evitar ou fugir dos turistas no dia a dia.  Além disso, para fazer um controle mais eficiente das multidões, o governo local investe no tratamento de dados de câmeras, hotspots Wi-Fi, rastreamento GPS e postagens de redes sociais e adota medidas para se prevenir contra acusações de violação de privacidade.

  • até o fim de 2018, Dubrovnik, na costa da Croácia, terá um aplicativo para celular que, quando a cidade histórica estiver superlotada, vai sugerir outras opções de passeios na região.

  • em 2017, o ministro de Infraestrutura e Transportes da Itália anunciou que grandes navios (cruzeiros de maior porte) serão proibidos de navegar na Bacia de San Marco e no Canal de Giudecca, em Veneza. O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco já ameaçou colocar o destino na lista de lugares “em risco” caso as autoridades continuassem permitindo transatlânticos em seu centro histórico.      

 

Esses são alguns poucos exemplos de como esse mercado é volátil e dinâmico, repleto de tendências — algumas mais, outras menos passageiras. Para catalisar o poder do turismo, é preciso, portanto, compreender que ele transforma as comunidades nas quais acontece. De acordo com Marcio Favilla, diretor executivo de Competitividade, Relações Externas e Parcerias da OMT, “o que é bom para os locais, é bom para os turistas”. A chave está em associar uma visão de longo prazo com o envolvimento dos cidadãos.
 

Sob essa perspectiva, sendo uma atividade econômica transversal, com profundas ramificações sociais, o turismo é, por excelência, uma plataforma para a co-criação de iniciativas, descobertas e projetos que contribuam para que o planeta chegue mais perto de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Prova disso é que, no último mês de julho, a OMT lançou uma ferramenta on-line para promover a realização dos ODS por meio do setor de Viagens e Turismo.

 

Turismo: a disrupção, a inovação, a sustentabilidade e as pessoas

 

É aqui que modelos de negócios disruptivos e tecnologias inovadoras dialogam com o potencial de cada cidade para receber bem públicos bastante diversos. E desse diálogo, surgem oportunidades singulares para destinos como Belo Horizonte.

 

  • as empresas de tecnologia são as mais valiosas do mundo, de acordo com a consultoria Interbrand. No ranking de 2017, das dez companhias listadas, sete são do setor de tecnologia;

  • o último levantamento da OMT indica que entre 8,5% e 10% de todos os turistas no mundo são do segmento LGBT, um mercado que cresce duas vezes mais rápido, gasta até 50% a mais e viaja com frequência de três a cinco vezes maior do que o turista convencional;

  • a gastronomia ocupa a terceira posição entre as principais motivações que levam turistas a viajar, segundo a edição 2017 do Informe Mundial de Turismo Gastronômico da OMT;

  • no mundo inteiro, setores diretamente ligados à chamada economia da experiência e à economia criativa, como turismo e entretenimento, crescem com  taxas seis vezes maiores que os outros, oferecendo instrumentos para transformar criatividade (potencial) em inovação (realidade);

  • De 2003 a 2016, a representatividade do setor terciário passou de 65,8% para 73,3% do valor adicionado ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Em virtude da relevância econômica crescente no mundo, os serviços estão no centro do debate sobre competitividade e inovação, uma vez que são insumos cada vez mais determinantes para acelerar o crescimento e propor soluções;

  • O Ministério do Turismo aposta no segmento de eventos como uma grande oportunidade de negócios para o turismo no Brasil.

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  • com grande densidade de empresas de tecnologia e forte geração de empregos no setor, Belo Horizonte se destaca como um dos principais polos tecnológicos do país. O município é sede do único centro de engenharia do Google na América Latina e conta com centenas de startups agrupadas no ecossistema San Pedro Valley — várias delas na área de turismo;

  • a capital mineira tem o segundo maior circuito LGBT do Brasil, à frente do Rio de Janeiro e atrás apenas de São Paulo, segundo dados da Editora Guiya, a primeira rede de comunicação LGBT do país, com abrangência em sete capitais;

  • visitar Belo Horizonte significa ser seduzido também pela culinária mineira e a diversidade gastronômica da capital. Os talentos e a criatividade da nossa cozinha ultrapassaram fronteiras. Segundo pesquisa divulgada em 2017 pelo Ministério do Turismo, somos a 2ª cidade mais bem avaliada por turistas estrangeiros quando o assunto é gastronomia;

  • o uso da criatividade como matéria-prima para criação de valor e riqueza é um ativo cada vez mais forte e presente na vida dos belo-horizontinos. A cidade recebe eventos que discutem, com as referências nacionais no assunto, rumos da economia criativa. Coletivos dedicados a diversos temas têm se tornado referência nacional;

  • Belo Horizonte tem no setor terciário 86% do seu PIB, dos quais 62% no ramo do comércio, distribuindo-se o restante pelo serviço público, educação, medicina, prestação de serviços, moda e vestuário, software, joalheria e mobiliário;

  • Com uma localização privilegiada em relação aos principais centros consumidores do país, rede hoteleira renovada e moderna, facilidades referentes à mobilidade e logística, além de espaços multiúso diversos e qualificados, Belo Horizonte se destaca como destino de eventos de pequeno, médio e grande porte.

 

Não é difícil observar que os pontos dos dois blocos acima estão prontos para serem conectados. Acontece que essa conexão só poderá ser feita com sucesso — e de forma sustentável — se, no centro do processo, estiver a pessoa.
 

Essa pessoa é o morador, o turista, o empreendedor, o artista, o promotor de eventos, o agente turístico, o professor, o motorista de táxi e aplicativos, o dono do hotel, da pousada e do quarto alugado por temporada.
 

Independentemente do nome que você dê, conhecer desejos e necessidades dessas pessoas dentro do contexto turístico é fundamental para alcançar o tão sonhado diferencial.

 

As mudanças trazidas por:

  • já consolidados meios alternativos de hospedagem;

  • novas maneiras de compra de passagens aéreas;

  • crescente reivindicação de acesso, inclusão e acessibilidade;

  • novas formas de consumir e usufruir de serviços, que cobram posturas mais éticas e cidadãs dos poderes público e privado acabam por desenhar uma visão que deve ser:

 

  • integrada,

  • aberta a mudanças,

  • estratégica,

  • que valoriza as origens,

  • que volta-se para a inovação,

  • que alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,

  • que coloca a experiência do ser humano no centro.

 

À luz do que foi discutido recentemente no Seminário “Cidades e Destinos Turísticos Inteligentes”, que trouxe referências globais no tema para Belo Horizonte em setembro de 2018, acrescenta-se a essa visão a seguinte lógica:
 

Competitividade, capital humano e social, participação, mobilidade, interação, integração, acessibilidade, recursos naturais e qualidade de vida devem caminhar ao lado de governança, gestão eficiente de recursos, tecnologia de vanguarda e desenvolvimento sustentável para gerar um espaço turístico inovador, que oferece uma experiência, ao mesmo tempo, memorável e em melhoria constante. Ficar parado no tempo não é uma opção.
 

A competitividade de um destino não é um fim, mas um meio. Nosso desafio é planejar esse processo de forma que seu objetivo último seja o benefício de todos que circulam pelo território turístico, sejam eles turistas ou não.
 

O turismo importa porque seu desenvolvimento arrasta consigo um conjunto de soluções que, se pensadas de maneira míope, podem se transformar em problemas muito rapidamente.
 

Por outro lado, se tais soluções forem inspiradas pelo diálogo, pela criatividade e pela coletividade, será natural que a prioridade de todas as ações sejam as pessoas e seu bem-estar. Vamos pensar juntos sobre isso?