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Foto antiga de BH
Divulgação/PBH

PBH inaugura neste sábado placa indicativa do Largo do Rosário, patrimônio de BH

criado em - atualizado em

Neste sábado (19), das 9h às 11h, a Prefeitura de Belo Horizonte inaugura a Placa Indicativa do Largo do Rosário, importante ação de salvaguarda desse bem que é registrado como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, desde maio de 2022. A ação faz parte da programação do Mês da Consciência Negra, desenvolvida pela Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, que integra o “Novembro Preto: BH sem Racismo” da PBH. A cerimônia de inauguração contará com a presença de autoridades do poder público municipal, incluindo a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, e a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, representantes das comunidades congadeiras e lideranças afro-brasileiras envolvidas com a salvaguarda do Largo do Rosário. Para celebrar o ato, serão realizadas apresentações das Guardas de Congado da capital Irmandade de Congo e Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, da comunidade do Morro do Papagaio, e a Irmandade Os Carolinos, do bairro Aparecida. O evento é gratuito e acontecerá na Rua Timbiras, na altura do cruzamento com a Rua da Bahia. A inauguração faz parte da programação do Circuito Municipal de Cultura, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Odeon.

 

O reconhecimento do Largo do Rosário como patrimônio cultural do município faz parte de uma ação de reparação histórica à memória da população negra da cidade, atendendo a uma reivindicação dos movimentos afro-brasileiros na busca pelo resgate de sua memória. O registro do bem cultural foi realizado provisoriamente, em março de 2022, e dado como definitivo no dia 13 de maio deste ano. Desde então, a Prefeitura de Belo Horizonte tem realizado uma série de ações educativas e de salvaguarda para fortalecer a referência identitária da população negra da cidade.

 

O Largo do Rosário é o nome utilizado para designar o local onde se encontrava a Igreja do Rosário e seu adro com um cemitério com 60 sepulturas. Construído pela Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, o Cemitério entrou em funcionamento em 1811, enquanto a Capela foi inaugurada em 1819, no Curral Del Rey.  No entanto, o Largo do Rosário foi destruído durante a construção da nova capital. De acordo com os estudos que subsidiaram o dossiê de registro do bem cultural, o Largo ficava no trecho sitiado onde atualmente estão as ruas da Bahia, Aimorés, Espírito Santo e Avenida Álvares Cabral.

 

A placa inaugurada no sábado será um marco referencial para que os munícipes e turistas saibam da história e existência do local.  A partir da placa, os transeuntes que passarem no local poderão saber um pouco mais sobre a história do bem cultural, a partir de dados históricos com texto em português e em inglês, além de uma imagem antiga ilustrando como era o Largo do Rosário originalmente, antes da construção da cidade.

 

O Largo do Rosário também é pauta de outras iniciativas educativas da Prefeitura como cursos e visitas pedagógicas ao local com grupos escolares, pesquisadores e pessoas interessadas na história da cidade. Entre elas, estão duas edições do “Projeto Expedições do Patrimônio”, uma realizada em formato virtual e outra presencial, que convidou o público a um passeio histórico pelo Largo do Rosário, com explicações de pesquisadores e representantes do movimento negro. O projeto é uma ação educativa da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura com a proposta de permitir que, a cada edição, os participantes possam aprofundar o conhecimento e vivência dos bens materiais e imateriais do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte.

 

Sobre o Largo do Rosário

 

O Largo do Rosário é o nome dado ao espaço em que situava a Igreja do Rosário (inaugurada em 1819) e seu cemitério (inaugurado em 1811), construídos pela Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, no Curral Del Rey. O Largo ficava sitiado no trecho entre as ruas da Bahia, Aimorés, Espírito Santo e Avenida Álvares Cabral. Tanto a Igreja quanto o cemitério eram espaços de comunhão que atendiam as necessidades espirituais e físicas da comunidade negra. Os encontros, comemorações e outras ações dedicadas aos santos de sua devoção (São Benedito, Santa Efigênia, Nossa Senhora do Rosário) eram marcados pela solidariedade e sentimento de pertencimento à cidade, já que os negros eram excluídos das irmandades de brancos.

 

Em 1897, com o início da construção da nova capital de Minas Gerais, todos os edifícios que ficavam dentro dos limites da Avenida 17 de dezembro (atual Avenida do Contorno) foram demolidos, dando espaço para novas construções e, consequentemente, apagando a memória dos períodos Colonial e Imperial brasileiro. Entretanto, os corpos sepultados no cemitério da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos não foram exumados e trasladados para o novo cemitério municipal (atual Cemitério do Bonfim).

 

A demolição do templo e a destruição do cemitério são fatos históricos denunciados por lideranças afro-brasileiras, que buscam, há anos, reconstituir e resgatar as memórias da população negra belo-horizontina. Após 125 anos desse fato, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou o registro do Território do Largo do Rosário como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. O registro definitivo foi publicado no Diário Oficial do Município do último dia 13 de maio de 2022. Desse modo, o bem cultural está agora inscrito no Livro de Registro dos Lugares por se tratar de manifestação cultural de relevante valor histórico, social e cultural para a cidade.

 

Novembro Preto: BH sem Racismo

 

O “Novembro Preto: BH sem Racismo” é coordenado pela Diretoria de Políticas de Reparação e Promoção de Igualdade Racial (DPIR) da Subsecretaria de Direitos de Cidadania, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura, que realiza uma série de ações promovidas para marcar o dia 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. O principal objetivo é levantar a reflexão sobre a importância do povo negro e da cultura de matriz africana na construção e na cultura da cidade de Belo Horizonte com impacto no desenvolvimento da identidade cultural brasileira. Além disso, traz a proposta de evidenciar os problemas sociais que ainda afligem essa parcela da população, que representa 53% da população da cidade de Belo Horizonte. A programação completa do Novembro Preto: BH sem racismo pode ser vista no Portal PBH.