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PBH devolve à população, as esculturas de escritores mineiros recuperadas
Rodrigo Clemente/PBH

PBH devolve à população as esculturas de escritores mineiros recuperadas

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Com a realização de um “Percurso Celebrativo”, a Prefeitura de Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura devolvem à cidade, totalmente recuperadas, as esculturas dos escritores Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa, Murilo Rubião, Pedro Nava e Roberto Drummond.  O evento acontecerá neste sábado (11), às 10h, com as presenças de autoridades e convidados, que farão um percurso entre as esculturas, reativando o Circuito Literário de Belo Horizonte. Todo o processo de recuperação das esculturas e as ações educativas contam com investimentos de cerca de R$ 200 mil por parte da PBH.

 

O trajeto terá início na Praça Professor Alberto Deodato (Rua Goiás, esquina com rua da Bahia), em frente às esculturas de Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava. Em seguida, o grupo segue para a escultura de Murilo Rubião, nos jardins da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Praça da Liberdade, 21). Na sequência do tour, será celebrado o retorno das esculturas localizadas na Savassi: de Roberto Drummond (Quarteirão fechado da rua Antônio de Albuquerque) e Henriqueta Lisboa (Rua Pernambuco, altura do nº 1336).

 

Nessas visitações, serão apresentados aos participantes o processo de recuperação das esculturas, causos e curiosidades sobre os escritores retratados, além da leitura de trechos de suas obras. Todo o percurso será acompanhado pelo escultor Leo Santana, autor das obras, e os convidados: Silvia Rubião, sobrinha de Murilo Rubião; Caio Bosh, vice-presidente da Academia Mineira de Letras; Edmar Lisboa Bacha, membro da Academia Brasileira de Letras e sobrinho da escritora Henriqueta Lisboa; Jorge Fernando dos Santos, jornalista e autor do livro “Turma da Savassi”; e José Eduardo Gonçalves, escritor e jornalista. Acompanham os convidados o prefeito Fuad Noman, a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, e a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres.

 

As esculturas estão sendo reinstaladas com sinalização interpretativa e conteúdo publicado em plataforma digital. Por meio de QR Codes que serão aplicados nas placas, os visitantes poderão interagir com as esculturas e acessar os conteúdos educativos em português e inglês. Essa iniciativa contribui para a promoção da cultura e do patrimônio histórico, fortalece a identidade e o sentimento de pertencimento da população, além de incentivar a caminhada e a descoberta de novos espaços através de um roteiro gamificado. A Belotur é a responsável pela criação dos roteiros literários para essa experiência cultural e a Secretaria Municipal de Segurança Pública e a Guarda Municipal estão cooperando para reforçar a segurança desse importante patrimônio da cidade.

 

Para a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a recuperação e o retorno destas esculturas para as praças demonstram a importância que o patrimônio cultural tem para a Prefeitura. “Estes escritores representam a história e parte da memória da cultura literária de Belo Horizonte e do país. Para a Prefeitura de Belo Horizonte, trazer de volta essas esculturas que já fazem parte da paisagem urbana, totalmente recuperadas, é refazer a ligação desse convívio cotidiano e lúdico com a cidade. Nossa proposta é potencializar o Circuito Literário de Belo Horizonte, destacando a memória e a vocação literária da capital”, afirma.

 

Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, celebra a importância do momento. “Essa importante entrega à população de Belo Horizonte tem um significado muito especial, pois a recuperação deste patrimônio e a sua preservação depende da conscientização de todos sobre a importância de cuidar do patrimônio coletivo. Só se preserva aquilo que se conhece e se valoriza. A comunidade é a melhor guardiã do patrimônio e são seus olhos que podem contribuir para a constante proteção e preservação. Por isso as ações de educação para o patrimônio são fundamentais neste processo.”, ressalta.

 

O escultor Leo Santana, autor das obras, acompanhou todo o processo de retirada e de restauração das peças, junto à Fundição Artística Ana Vladia. “Mais do que ter a satisfação de ver meu trabalho restaurado, a reposição desses monumentos urbanos é uma ação que valoriza a estética da cidade, é uma oportunidade de divulgar e de conscientizar a população sobre a relevância do nosso patrimônio público. Poder expor todo o processo de recuperação, mostrar o trabalho sendo feito, além de colaborar para educar, vai promover a afetividade e o cuidado pelo o que é nosso”, destaca Leo Santana.

 

Com a entrega das Esculturas recuperadas, compondo um Circuito Literário, a Prefeitura de Belo Horizonte reafirma seu compromisso com a memória da cidade, com seu patrimônio cultural e com a difusão da arte e da cultura, em especial das políticas de incentivo à leitura e à literatura.

 

As esculturas de Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava integram o projeto de requalificação Centro de Todo Mundo, da Prefeitura de Belo Horizonte.

 

O Processo de Recuperação

Os trabalhos de recuperação das esculturas foram realizados pela Fundição Artística Ana Vladia, com coordenação do artista Léo Santana, autor das obras. As esculturas, que foram alvos de vandalismo recente, ou necessitavam de manutenção devido ao desgaste natural, foram recolhidas no início do mês de novembro de 2022.

 

Todas as esculturas passaram por um processo de remoção da oxidação para a avaliação de avarias nas peças. Esse procedimento é realizado com jatos de areia e escovação, que removem as películas de sujeiras e óleos que cobrem as esculturas. Os serviços realizados a partir daí variaram de acordo com a necessidade de cada peça. No caso da escultura de Carlos Drummond de Andrade, foram realizados os trabalhos de modelagem, fundição e solda dos óculos do escritor, além da solda da mão direita.

 

Uma das peças mais danificadas foi a da escritora Henriqueta Lisboa, que teve as mãos e o livro que estava sobre elas arrancados, em 2022. Para reconstituí-las, foi necessário que o artista Léo Santana as modelasse novamente. As mãos da escultura foram fundidas e soldadas e a escultura passou por nova pátina.

 

Já os serviços de recuperação das estátuas de Roberto Drummond, Pedro Nava e Murilo Rubião incluíram a revitalização com a remoção da oxidação desgastada, escovação e nova pátina. No caso dessas esculturas, também foram feitas a conferência das soldas e reforço em pequenas rachaduras para correções de avarias, principalmente, nas estátuas do Murilo Rubião e Pedro Nava.

Léo Santana – Escultor

Até chegar ao seu momento atual como artista, Leo Santana experimentou, amassou, esculpiu e amaciou lápis, pincéis, tinta, cimento, argila, bronze e mármore. Sua formação acadêmica – Publicidade e Desenho Industrial – deixou como marca um rigor no apuro das linhas e uma visão tridimensional dos espaços. Desafiado a perenizar personagens e memórias brasileiras, conseguiu imprimir nas figuras que criou uma proximidade rara entre pessoas e estátuas. Estão ao nível do mar e da calçada e podem ser tocadas sem receios. Todas essas figuras, sem exceção, têm sido merecedoras de admiração e afeto. A maioria delas, mais do que monumentos públicos, são hoje patrimônios culturais mineiros e brasileiros. Sua obra mais famosa, “Drummond no Calçadão” – escultura em bronze, instalada na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, uma homenagem do povo carioca ao centenário do poeta Carlos Drummond de Andrade, já é o segundo monumento público mais visitado da cidade, perdendo apenas para o Cristo Redentor.

Sobre os Escritores

Carlos Drummond de Andrade – (1902-1987)

 

Um dos principais nomes da poesia brasileira no século XX, Carlos Drummond de Andrade pertenceu à Segunda Geração do Modernismo brasileiro, sendo também cronista, contista, ensaísta e tradutor. Sua extensa obra pode ser dividida em fases, passando por vários gêneros literários, marcada pela diversidade na composição poética, contemplando temas ligados à condição de ser humano, questões sociais e o cotidiano. Nasceu em Itabira (MG) em 1902 e mudou-se com a família para a capital mineira em 1920. Em Belo Horizonte, formou-se em farmácia, mas nunca exerceu a profissão. Trabalhou em diversas redações de veículos como o Diário de Minas, em que publicou seus primeiros trabalhos literários, e colaborou com o Correio da Manhã e Jornal do Brasil, além de atuar no serviço público. Em 1925, fundou A Revista, marco do modernismo mineiro, ao lado de Martins de Almeida, Emílio Moura e Gregoriano Canedo. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1934, onde viveu até sua morte, em 1987.

 

Características da escultura: Altura: 1.67cm | Frente: 60cm | Largura: 45cm | Peso: 140 K

 

Henriqueta Lisboa – (1901-1985)

 

Poeta, tradutora, ensaísta e professora de literatura Hispano-americana e brasileira e de literatura geral. Nasceu em Lambari (MG), em 15 de julho de 1901. A extensa produção é composta por ensaios literários, traduções, organização de antologias de poesias. A poesia dela tornou-se conhecida no exterior, sendo traduzida em várias línguas, como o francês, inglês, italiano, espanhol, alemão e latim. Colaborou com várias revistas e recebeu inúmeros prêmios literários. Em 1963, foi a primeira mulher a ser eleita integrante da Academia Mineira de Letras. Morreu em Belo Horizonte, em 1985.

 

Características da escultura: Altura: 1.60cm | Frente: 48cm | Largura: 50cm | Peso: 140 K

 

Pedro Nava – (1903 -1984)

 

Médico, escritor, poeta e memorialista brasileiro. Nasceu no dia 5 de junho de 1903, em Juiz de Fora (MG), e formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1927. Ainda na década de 1920, tornou-se amigo de modernistas como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Colaborou para publicações como A Revista, organizada por modernistas mineiros. Clínico de renome, professor e membro de várias associações médicas brasileiras e estrangeiras, obteve reconhecimento literário a partir de 1972, com o início da publicação de suas memórias, pelas quais recebeu diversos prêmios. Suicidou-se no Rio de Janeiro, em 1984.

 

Características da escultura: Altura: 1.75cm | Frente: 103cm | Largura: 55cm | Peso: 150 K

 

Roberto Drummond – (1933-2002)

 

Romancista, jornalista e cronista brasileiro. Nasceu em Santana dos Ferros (MG), em 21 de dezembro de 1939. Iniciou sua incursão pela literatura ainda jovem, escrevendo contos e radionovelas com apenas 13 anos de idade. Como jornalista atuou em veículos como Folha de Minas, Última Hora, Estado de Minas e Jornal do Brasil. Foi torcedor fanático do Atlético Mineiro. Morreu em 21 de junho de 2002, em Belo Horizonte.

 

Características da escultura: Altura: 1.77cm | Frente: 70cm | Largura: 45cm | Peso: 160 K

 

Murilo Rubião – (1916-1991)

 

Advogado, funcionário público e jornalista, se tornou conhecido como contista, sendo considerado pela crítica literária brasileira e internacional o precursor do realismo fantástico (ou mágico) latino-americano. Nasceu em Silvestre Ferraz, atual Carmo de Minas (MG) no dia 1º de junho de 1916. Como jornalista, criou em 1966 o Suplemento Literário do Diário Oficial Minas Gerais. Escreveu para a Folha de Minas, dirigiu a rádio Inconfidência, foi oficial de gabinete do governador Juscelino Kubitschek e chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil na cidade de Madri, na Espanha. Morreu em Belo Horizonte, no dia 16 de setembro de 1991.

 

Características da escultura: Altura: 1.78cm | Frente: 65cm | Largura: 85cm | Peso: 160 K

 

Muito me alegra estar presente na celebração da recuperação pela Prefeitura de Belo Horizonte das estátuas que passarão a compor o Círculo Literário de Belo Horizonte. Venham todos a esse importante evento cultural.  

Edmar Lisboa Bacha, Sobrinho de Henriqueta Lisboa e membro da Academia Brasileira de Letras.

 

 

A tia Henriqueta era natural de Lambari, mas nutria por Belo Horizonte um amor muito grande, a tal ponto que ela escreveu um livro sobre a cidade. A construção da estátua foi muito importante pela relevância que ela teve como poetisa, com uma obra reconhecida nacionalmente. Trazer essa imagem de volta, agora totalmente recuperada, na semana do dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher – é muito representativo. Trata-se de uma retomada de um movimento intelectual na Savassi. Esse reconhecimento da Prefeitura foi de muita sensibilidade para o valor que a Henriqueta Lisboa tem para Belo Horizonte e para Minas Gerais.

Maria Lisboa, sobrinha de Henriqueta Lisboa

 

 

É com muita alegria e satisfação que vemos a estátua do Murilo Rubião recuperada e de volta ao seu lugar definitivo. Eu considero uma vitória mesmo. Toda essa articulação da Prefeitura e da Secretaria de Cultura, junto com a Fundação Municipal de Cultura, é muito importante   porque não se restringe a essa solenidade. Trata-se de um roteiro que vai fazer parte do turismo da cidade, e Belo Horizonte é uma cidade que pode ser vista e admirada pela história dos seus mais importantes escritores. Estas imagens recuperadas retratam uma época importante da capital e resgatam essa memória. É uma iniciativa que vai perdurar, trazendo grande benefício para a cidade e para os visitantes.

Silvia Rubião, sobrinha de Murilo Rubião

Serviço

Percurso Celebrativo - entrega das esculturas dos escritores mineiros

Dia 11 de março, às 10h

Local: Praça Professor Alberto Deodato (Rua da Bahia, esquina com Rua Goiás), em frente às esculturas de Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava

Percurso: Será realizado um tour que passará pela escultura de Murilo Rubião (Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Praça da Liberdade, 21), seguindo até a região da Savassi, onde estão as esculturas de Roberto Drummond (Quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque) e Henriqueta Lisboa (Rua Pernambuco, altura do nº 1336).

 

Atividade gratuita e aberta ao público.