3 Fevereiro 2021 -
O Parque Ursulina de Andrade Melo, localizado no Bairro Castelo, já começou a receber ações de recuperação da sua vegetação – comprometida por um incêndio em outubro de 2020. Com a participação da comunidade do entorno do parque, já foram replantadas no local mais de 780 mudas pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, gestora da área.
Nos meses de novembro e dezembro, técnicos da Fundação realizaram um levantamento extenso da área, o que possibilitou identificar a vegetação atingida, os processos ecológicos sofridos no local e as áreas que se mantiveram íntegras.
A partir dos dados foi estabelecido o plano de recuperação, iniciado pelos replantios – respeitando as espécies nativas, as características de solo e outras variáveis, e tendo como fundamento estratégias de acompanhamento e aceleração da regeneração espontânea da área.
Segundo o presidente da Fundação, Sérgio Augusto Domingues, o objetivo não é apenas repor a cobertura vegetal, mas restabelecer a capacidade do ecossistema local de se autoperpetuar e, na medida do possível, se aproximar ao máximo de suas características originais. Nesse processo, as sementes e plantas que sobreviveram devem formar uma nova geração de árvores.
“Em princípio, a equipe da Fundação está atuando em estratégias de regeneração natural assistida, associada ao enriquecimento de espécies nativas e manejo diferenciado dos diversos setores do parque. Os primeiros plantios ocorreram junto com a chegada das chuvas dessa temporada”, explica Sérgio.
Uma equipe multidisciplinar constituída por biólogos, geógrafos e engenheiros florestal e agrícola avalia as condições potenciais de restauração disponíveis no local, como banco de plântulas, rebrotas de raízes e tocos, bancos e chuva de sementes. A partir dessas análises, adota-se um conjunto de ações em cada momento específico, que vão desde o acompanhamento da regeneração natural, redução das perturbações, redução da competição e facilitação de espécies desejadas, até a introdução de sementes e mudas de árvores nativas, que já está sendo feita.
Mudanças já podem ser notadas no local. “Os efeitos do crescimento de uma nova cobertura vegetal já podem ser visualizados pela propagação de plantas pioneiras (espécies menos exigentes e de ciclo curto). Contudo, só depois de aproximadamente 4 a 5 anos, vamos poder constatar o aparecimento de uma cobertura florestal mais significativa, em um processo de sucessão ecológica progressiva”, diz Sérgio Domingues.
Para o trabalho de introdução de sementes e plantios de mudas de árvores nativas, vale ressaltar que a Fundação, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, já possui um estoque de mais de 30 mil mudas em seu viveiro, localizado no Jardim Botânico, na região da Pampulha.
Paralelamente, a equipe técnica de prevenção e combate a incêndios da Fundação tem trabalhado na consolidação de parcerias formais novas e já estabelecidas com outros órgãos governamentais e brigadas voluntárias, para uma atuação conjunta nas áreas verdes. Vale ressaltar que seguem acontecendo os trabalhos de capacitação de novos brigadistas, treinamentos das equipes, manejo de aceiros e trilhas, aquisição de equipamentos e melhorias na infraestrutura.
Plantios em parques
Junto à temporada de chuvas, chega também a época dos plantios, que já fazem parte da rotina da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. Além da ação de recuperação realizada no Parque Ursulina, nos últimos cinco meses, mais de 1 mil mudas de árvores foram plantadas em vários outros parques da capital, como Promotor Francisco Lins do Rego (Ecológico da Pampulha), Ismael de Oliveira Fábregas (bairro Nova Floresta), Serra do Curral (Mangabeiras), Parque do Bairro Havaí, Parque do Conjunto Estrela Dalva, Aggeo Pio Sobrinho (Buritis), Fazenda Lagoa do Nado (Itapoã), Jacques Cousteau (Betânia), entre outros. Em 2020, a Fundação realizou o plantio de aproximadamente 5.450 novas árvores em unidades sob sua administração.
Ações de prevenção
É de conhecimento da Fundação de Parques Municipais que uma grande parte das ocorrências de incêndios é causada pelo ser humano, seja de forma criminosa ou acidental. Por isso, considera fundamental a realização de monitoramento das áreas, a investigação e punição dos infratores – a fim de impedir ou minimizar a incidência de incêndios florestais e os danos ocasionados – e a priorização da disseminação de informações, seja por campanhas realizadas regularmente ou junto aos demais órgãos envolvidos.