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Fotos, vestimentas e imagens da exposição NDÊ! Trajetórias Afro-brasileiras em Belo Horizonte.
Foto: Ricardo Laf/PBH

No mês de aniversário, Belo Horizonte ganha seis novas exposições

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A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, inaugura durante o mês de dezembro uma série de exposições artísticas e culturais na capital mineira. As mostras celebram os 121 anos de Belo Horizonte retratando temas singulares da história da cidade.

 

O público poderá conhecer as influências dos povos africanos na construção da cidade e a história de três quilombos urbanos, revisitar as belezas dos jardins de Burle Marx, rememorar a atuação da TV Itacolomi, a primeira emissora de TV do Estado, admirar um trabalho singular de arte contemporânea desenvolvido pelo artista Paulo Nazareth, além de conhecer como se construiu e desenvolveu o Teatro Marília, um dos mais importantes da capital. A programação especial acontece no Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), no Museu da Imagem e do Som (MIS-BH), no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado, na Casa do Baile, no Museu de Arte da Pampulha (MAP) e no Teatro Marília. Todas as exposições têm entrada gratuita e indicação classificativa livre.

 

“O conjunto de exposições que estamos inaugurando é fruto de um trabalho contínuo realizado ao longo do ano, sempre com a perspectiva de promover o acesso e de reconhecer e valorizar as manifestações artísticas e culturais. As temáticas são importantes para a cidade e instigam o visitante a frequentar cada vez mais os museus e os equipamentos culturais de Belo Horizonte. Aliás, convido a todos e a todas a realizar um circuito, passeando pelas seis exposições que estamos inaugurando”, comenta o secretário municipal de cultura, Juca Ferreira.

 

 

NDÉ! TRAJETÓRIAS AFRO-BRASILEIRAS EM BELO HORIZONTE

Local: Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB)

Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim – 3277-8573

Abertura: já aberta ao público

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h; quartas e quintas, das 10h às 18h30

 

Tendo estreado na última semana, a exposição “NDÉ! Trajetórias Afro-brasileiras em Belo Horizonte” retrata a multiplicidade e a diversidade de contribuições africanas e afro-brasileiras para a construção da história de Belo Horizonte. A mostra marca um importante momento de diálogo e de valorização da cultura negra, além do reconhecimento pela contribuição cultural na formação da sociedade belo-horizontina. O conjunto apresentado constitui-se de imagens e vozes de mulheres e homens de origem africana, captados em situações diversas: de trabalho, lutas políticas, insurgências, religiosidades, vida familiar, tudo isso em diferentes temporalidades. Os objetos textuais, iconográficos e audiovisuais, de uso familiar ou público, convidam a perceber a presença forte e fundamental da população negra neste território, produzindo-o e sendo dele, no entanto, alijada.

 

O projeto da exposição deriva da aparente contradição entre a preponderância da população afrodescendente no local e de sua invisibilidade nas narrativas historiográficas e na construção de memórias. As trajetórias e experiências afro-brasileiras aqui suscitadas tecem a trama desta exposição, que evidencia Belo Horizonte alicerçada em um território negro. Evocadas por meio dos acervos compartilhados com diversos parceiros negros da cidade, essas trajetórias dialogam e complementam outras vozes trazidas à luz a partir da acolhida do MHAB à proposta de revisitar seus acervos.

 

 

FACA CEGA

Local: Museu de Arte da Pampulha (MAP)

Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha – 3277-7996

Abertura: dia 8 de dezembro, sábado, às 16h

Visitação: até 31 de março de 2019, terça a domingo, das 9h às 18h

 

No Museu de Arte da Pampulha (MAP) será inaugurada no próximo sábado, dia 8 de dezembro, a exposição “Faca Cega”, do artista brasileiro Paulo Nazareth. Serão expostas obras site-specific e outros trabalhos do artista que dialogam com o território da Região Metropolitana de Belo Horizonte e com a história do Museu. Trata-se de uma exposição inédita, constituída com obras provocativas, criadas ou reunidas especialmente para o contexto do MAP.

 

A exposição Faca Cega ocupará diversos espaços do Museu de Arte da Pampulha: seus jardins, o próprio espaço expositivo e a biblioteca. São mais de 40 obras em vários formatos, como desenhos, vídeos, coleções de objetos encontrados, fotografias e instalações. Em sua produção artística, Paulo Nazareth nos faz refletir sobre o papel dos museus no mundo contemporâneo, sobretudo quando à aproximação do público com a arte, a dessacralização do espaço museal e dos objetos de arte.

 

Da programação constam diversas ações artísticas, a apresentação de obras inéditas realizadas ao longo do período expositivo, tais como performances, situações e experiências em que o público é convidado a fruir e a interagir. Do programa educativo também constam atividades de mediação relacionadas à exposição. Um dos exemplos de intervenção no espaço externo do MAP é “Brasília - Jogos de Azar”. Paulo adapta, no jardim projetado por Burle Marx, um modelo amarelo ouro de um automóvel que foi um dos carros-chefes do “milagre econômico”, duas máquinas de jogos eletrônicos e uma de música que podem ser usadas pelos visitantes. Importante viés da obra do artista são as imbricações entre o animal e seu uso econômico. O que poderá ser vivenciado na obra “Escuta”, uma instalação que entrelaça nas colunas de inox do prédio um emaranhado de fios com dezenas de orelhas de porcos defumadas penduradas, e também no vídeo “Capando Porcos”, que poderá ser visto pelo público no auditório.

 

Paulo Nazareth é natural de Governador Valadares e possui uma sólida carreira nacional e internacional. Sua biografia se entrelaça com revisionismos históricos, identitários e culturais. Em 2005, o artista integrou o Programa Bolsa Pampulha, projeto de formação e residência do próprio MAP destinado a jovens artistas. Desde então, o museu tornou-se uma referência em suas percepções. O retorno de Nazareth ao Museu ,doze anos depois dessa primeira experiência, ganha, portanto, um sentido especial na sua trajetória, perfazendo um ciclo.

 

 

TV ITACOLOMI – A PIONEIRA DE MINAS

Local: Museu da Imagem e do Som (MIS-BH)

Av. Álvares Cabral, 560, Centro – 3277-4131

Abertura: dia 11 de dezembro, terça-feira, às 19h

Visitação: até dezembro de 2019, de segunda a sexta, das 9h às 18h; terças, das 9h às 21h

 

No MIS-BH apresenta a exposição “TV Itacolomi – A Pioneira de Minas”. A mostra viaja pela rica trajetória da primeira emissora de televisão do Estado, reunindo fotografias, depoimentos, objetos e registros audiovisuais. Será retratado o contexto histórico, artístico e da comunicação da TV, explorando, em cada ambiente do casarão, uma linha de produção de modo interativo, contemplativo e informativo.

 

A história da TV Itacolomi é marcada pelo pioneirismo em diversas frentes. Em termos tecnológicos, foi considerada à época como uma das emissoras mais modernas da América Latina, sendo uma das primeiras no Brasil a trazer cores para a televisão, a partir de 1972. No que diz respeito à programação, sua cobertura inovou ao abordar os mais diversos assuntos, como política, cultura, esporte, entretenimento, e ainda, por criar formatos inovadores, como a revista eletrônica, através do programa “A Noite na Guanabara”. Foi também responsável pelas primeiras transmissões ao vivo de jogos de futebol em Minas Gerais e pela introdução da programação no horário da manhã com programas infantis, enquanto as demais transmissões no Brasil eram realizadas somente no período da tarde.

 

A exposição no Museu da Imagem e do Som oferece ao público um espaço interativo e de imersão, no qual o visitante pode se conectar com cenários e personagens que marcaram a história da emissora, e reviver imagens que ainda hoje permanecem vivas na memória. Durante todo o período da mostra, serão realizadas ações educativas inserindo o público no ambiente e moldes da exposição.

 

 

TEATRO EM CONSTRUÇÃO: O MARÍLIA NOS SEUS PRIMEIROS 20 ANOS

Local: Teatro Marília

Avenida Prof. Alfredo Balena, 586 – Santa Efigênia – 3277-4697

Abertura: dia 12 de dezembro, quarta-feira, às 19h

Visitação: até 3 de março de 2019, de segunda a quinta, das 10h às 18h; sexta a domingo, das 10h às 20h

 

O Teatro Marília, um dos mais emblemáticos palcos da capital mineira, terá sua história retratada pela pessoa que inspirou seu nome. Marília Salgado, filha do ex governador Clóvis Salgado (1906-1978) assina a curadoria da exposição “Teatro em Construção: o Marília nos seus primeiros 20 anos”. A exposição conta a história do teatro por meio de textos curtos, imagens e lembranças de alguns daqueles que estiveram envolvidos no fazer teatral, enriquecendo a memória da cidade de Belo Horizonte.

 

A narrativa da mostra é baseada em três aspectos fundamentais da construção do teatro. O aspecto físico, no qual se destaca a construção do primeiro espaço destinado às artes cênicas. O aspecto artístico, ressaltando-se os grupos e artistas mineiros que se dedicaram a estudar, pesquisar e levar espetáculos de alta qualidade ao palco do Marília. Além do aspecto político, no qual destaca-se a importância do teatro para a construção de uma resistência ao regime militar.

A abertura da exposição, no dia 12, contará com a exibição do documentário “Primeiro Sinal – A História Do Teatro de Belo Horizonte – Dos Primórdios até 1980”, dirigido por Chico Pelúcio e Rodolfo Magalhães.

 

 

MODERNO JARDIM BRASILEIRO

Local: Casa do Baile

Avenida Otacílio Negrão de Lima – 751 – Pampulha – 3277-7443

Abertura: dia 15 de dezembro de 2018, às 10h.

Visitação: até julho de 2019, de terça a domingo, das 9h às 18h

 

“Moderno Jardim Brasileiro” é uma produção da Casa do Baile, Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e Design, com curadoria de Cássio Campos e apoio do Escritório Burle Marx. A exposição contextualizará o jardim moderno brasileiro a partir da reprodução de projetos paisagísticos em fac símile, como do jardim italiano da Villa Lante, de Giacomo Vignola; o jardim barroco francês, nos jardins do Palácio de Versailles, de André Le Nôtre; o jardim cubista, no Jardim de Água e Luz, de Gabriel Guévrekian.

 

Serão exibidos, pela primeira vez na cidade, projetos de Roberto Burle Marx e das fases posteriores de seu escritório. São projetos da Pampulha; da Praça de Casa Forte (Recife); Ministério da Educação e Saúde (RJ); Avenida Atlântica (RJ), Parque do Flamengo (RJ); Parque das Mangabeiras (BH); Residência Odette Monteiro (RJ); KLCC Parque (Malásia); Biscayne (Miami); Praça da Revolução Acre; Museu do Amanhã (RJ); Parque da Vila dos Atletas (RJ); Instituto de Resseguros do Brasil (RJ); e Unique Garden Spa (SP).  

 

Para a produção brasileira será apresentado o primeiro projeto de jardim público do Brasil, o Passeio Público do Rio de Janeiro, de Mestre Valentim e remodelado por Auguste Glaziou, paisagista do império que fez importantes jardins para o Rio de Janeiro, como a Quinta da Boa Vista e o Campo de Santana; o jardim da Casa da Rua Santa Cruz, de Mina Warchavchik; o jardim moderno de Roberto Burle Marx, José Tabacow, Haruyoshi Ono, Waldemar Cordeiro, Roberto Cardozo, Gustavo Leivas, Júlio Ono e Isabela Ono. Todos os projetos são reproduzidos em mesas, com breves textos explicativos.

 

A obra “Moderno Jardim de água e luz”, do artista Cássio Campos, faz referência ao cubista Jardim de Água de Luz, de Gabriel Guévrekian. Um cubo espelhado, dentro do lago do jardim da Casa do Baile, permitirá e provocará o multifacetamento das relações imagéticas entre arquitetura e paisagismo.

 

 

QUILOMBOS URBANOS E A RESISTÊNCIA NEGRA EM BELO HORIZONTE

Local: Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado

Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904 - Itapoã |3277-7420 | 3277-6746

Abertura: dia 13 de dezembro de 2018, às 16h.

Visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h

 

A exposição “Quilombos Urbanos e a Resistência Negra em Belo Horizonte” traz o acervo de três quilombos urbanos de Belo Horizonte: Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, Quilombo dos Luízes e Quilombo de Mangueiras. A mostra celebra a marca de um ano do reconhecimento dos três quilombos como patrimônio imaterial da cidade, em dezembro de 2017.

 

São peças que registram o cotidiano das comunidades, suas manifestações religiosas, a exemplo dos santos de devoção das matriarcas, a bengala usada pelo pai Benedito, Preto Velho do Quilombo Manzo, tecidos bordados pela comunidade de Mangueiras, pilão, cangalha, atabaques, berimbau.

 

A exposição se coloca como espaço de problematização sobre o racismo e sobre o não-reconhecimento da cultura do outro, sendo, dessa forma, o coroamento das diversas agendas de valorização da cultura e arte negra que a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte tem realizado na cidade, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura.

 

A data de abertura da exposição, 13 de dezembro, também comemora o aniversário de quatro anos do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado.