1 September 2022 -
O Zoológico de Belo Horizonte tem novos moradores. No dia 10 de agosto nasceu uma fêmea de cervo do pantanal, espécie brasileira classificada como vulnerável na lista de espécies ameaçadas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O espaço também recebeu novas espécies fruto do trabalho de reabilitação.
A mãe da filhotinha de cervo é a fêmea Valentina, nascida no Zoológico de Piracicaba, em São Paulo, e que chegou ao Zoo de BH em 2017. Já o pai, Kuara, nasceu no Zoológico de São Carlos, também em São Paulo, e chegou em 2020. O casal veio através do Plano de Manejo do PAN Ungulados (Plano de Ação Nacional).
O cervo do Pantanal está na lista de 25 espécies do Acordo de Cooperação da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), ICMBio e MMA, do qual o Zoo de BH participa, para desenvolvimento de Studbook Brasileiro e Plano de Manejo.
Animais resgatados ou vindos de instituições
O Zoo de BH também realiza importante trabalho auxiliando na reabilitação de animais resgatados, prestando atendimento médico-veterinário e demais cuidados e acompanhamentos necessários.
Alguns desses animais, por não apresentarem mais condições de sobrevivência no ambiente natural, acabam ficando de forma permanente no Zoo. Foi desta forma que, recentemente, chegaram à instituição animais de três espécies, sendo dois machos de jacaré-coroa e um macho de jacaretinga, além de um macho de ouriço-cacheiro. Todos estavam sendo cuidados em residências e foram entregues voluntariamente, aos Centros de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA, em Belo Horizonte e Divinópolis, que os direcionaram ao Zoo de BH para a guarda permanente.
O jacaré-coroa e o jacaretinga são espécies da Amazônia. Apesar de serem categorizadas como Menos Preocupante (LC) sob o risco de extinção, ainda sofrem ameaças como a fragmentação e destruição de seus habitats, a caça e o comércio ilegal. Os três animais, após todos os cuidados e período de quarentena, foram transferidos e estão em adaptação nos recintos, e podem ser vistos pelos visitantes.
Também foi recebida - via IBAMA - uma espécie muito procurada pelos visitantes, a cascavel. A fêmea encontra-se ainda em quarentena. A serpente peçonhenta, que atinge 1,5 m de comprimento, tem hábitos noturnos e crepusculares. Possui um chocalho no final da cauda e a cada muda de pele, forma-se um novo anel no chocalho. É encontrada em campos e regiões secas do Cerrado e também do México à Argentina. A espécie é encontrada no território nacional sem grandes ameaças diretas, categorizada como Menos Preocupante (LC).
Conservação das espécies
Atualmente, o Zoo de BH mantém sob seus cuidados mais de 3.500 animais de aproximadamente 230 espécies das classes de mamíferos, aves, répteis e peixes, além de um borboletário.
A instituição participa de 19 Planos de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN’s), um instrumento de gestão, construído de forma participativa sob a coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Participa, também, de 14 studbooks nacionais e internacionais, inclusive na coordenação. Os studbooks representam arquivos oficiais mantidos por um grupo de especialistas, que organiza a população de determinada espécie, baseada nos registros de parentesco dos seus indivíduos, o que possibilita a indicação dos melhores pareamentos entre eles.
Desde 2010, o Zoológico foi habilitado pela Associação Europeia de Zoológicos e Aquários (EAZA, sigla em inglês) para participar do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas/Gorilla (Gorilla/EEP), com ações de conservação ex situ, isto é, fora do ambiente natural.
O bem-estar animal e uma vivência de qualidade para os animais são pensados em cada detalhe. A instituição conta com plano de manejo das espécies, coordenado pelos setores de Biologia do Jardim Zoológico, envolvendo biólogos e tratadores de animais. Sendo assim, cabe ao setor de Veterinária, juntamente com o setor de Nutrição e a própria Biologia, a responsabilidade de manter a saúde das espécies nos mais altos níveis de bem-estar. Dentro dessa premissa, todos os cuidados estão voltados para oferecer as melhores condições para que os animais desenvolvam comportamentos que sejam os mais naturais possíveis com boa alimentação e cuidados à saúde. Além disso, os recintos contam com desafios, estruturas, abrigos e enriquecimentos ambientais.