26 Abril 2019 -
A Fundação Municipal de Cultura recebe, até 12 de maio, no Museu da Moda de Belo Horizonte, as mostras expositivas da “6ª Semana Fashion Revolution”. O movimento internacional acontece em diversas cidades do mundo desde 2014 e tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre os verdadeiros custos da moda e seus impactos na sociedade. Nesta edição, são promovidas ações em defesa de políticas públicas de gênero, de raça e de mais transparência na comunicação de marcas. As exposições tratam desses temas e têm entrada gratuita.
São cinco mostras expositivas que integram a programação: “Feminicídio, bordando a resistência” & “A Chita e o Feminismo no estandarte do QANM”; “Transparência: o custo real de um look”; “Ternitura: um costume para leveza”; “Toda Matéria é Matéria”; e “Quem fez o site Ethical Fashion Brazil”.
“Feminicídio, bordando a resistência” é uma proposta do Coletivo Linhas do Horizonte. Trata-se da exposição de um varal bordado à mão com nomes de mulheres que tiveram suas vidas ceifadas, vítimas do feminicídio, além de outros dados bordados. A mostra é uma parceria com o Movimento Quem Ama Não Mata, que também exibe seu estandarte, feito à mão com fuxicos, lamê, flores, franjas vintage e colagens de chita e cristais, ilustrando o texto “A Chita & o Feminismo no estandarte do QANM”.
“Transparência: o custo real de um look”, por Fashion Revolution BH, apresenta peças de diferentes marcas que fazem parte do cenário da moda sustentável local. A mostra tem o objetivo de repensar os processos de consumo inteligente e consciente, evidenciando as novas linguagens de produção e aquisição das roupas. Por meio de etiquetas abertas, o público pode verificar os custos reais de fabricação e venda, a fim de refletir sobre a importância da transparência na comunicação das marcas, com o público e os fornecedores. O stylist convidado é Juliano Sá, editor e produtor de moda graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Fumec. By My Hands, Coolringa, Florent, Grama, Micciori, Mollet, Solo e Tiê Moda Sustentável são as marcas parceiras nesta exposição.
“Ternitura: um costume para leveza”, por João Frederico Almeida, propõe o entendimento da vestimenta como um suporte portátil e sustentável, no qual se inserem narrativas que são estabelecidas pelas experimentações com o material e com a expressão dos fenômenos da nossa realidade. A partir da fermentação do kombuchá, a celulose bacteriana obtida é trabalhada como forma de se estabelecer uma relação íntima entre “técnica-usuário-objeto”. João Frederico Almeida é designer de Produto pela Escola de Design da UEMG e sua pesquisa em uma busca pelo limiar entre Moda e Arte, compreendendo a vestimenta como um suporte reflexivo dos processos de subjetivação e de nosso desenvolvimento histórico.
“Toda Matéria é Matéria”, por Emanuel Lucas, é uma exposição que coloca o insumo, a matéria-prima, como elemento principal na produção de tipologias de produtos. Além disso, demonstra como uma base produtiva artesanal consegue absorver insumos de descarte e significá-los. Emanuel Lucas é designer e artesão, graduado em design de produto pela UEMG, trabalha em um centro de design automotivo e desenvolve peças autorais em seu próprio ateliê.
“Quem fez o site Ethical Fashion Brazil”, por Luciana Duarte, é uma instalação sobre o novo site Ethical Fashion Brazil (antigo Moda Ética, no ar desde 2007) que faz uma colagem artística de resíduos têxteis, fiações de eletrônicos e sucata de computadores. Retratos da equipe e das telas do site emergem da colagem industrial, como fragmentos que atravessam o real e o virtual.
Além das exposições, a Semana Fashion Revolution no Museu da Moda de Belo Horizonte também contou com palestras, oficinas e aulas especiais gratuitas que foram ministradas entre os dias 22 e 26 de abril.
Fashion Revolution
O evento surgiu em decorrência do quarto maior desastre industrial da história, ocorrido em 24 de abril de 2013, em Bangladesh, no edifício Rana Plaza, que desabou e matou 1.138 pessoas, deixando outras 2.500 feridas. As vítimas, que trabalhavam em fábricas produtoras de roupas para grandes marcas globais, eram, em sua maioria, mulheres jovens em condições análogas à escravidão.
Desde 2014, o movimento Fashion Revolution vem se espalhando por diversas capitais do mundo para pedir mais transparência da indústria da moda com seus fornecedores e consumidores, a partir da hashtag #QuemFezMinhasRoupas. Trabalha também para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu real impacto, da produção ao consumo, para a economia, para o meio ambiente e, principalmente, para os direitos humanos de milhares de trabalhadores, além de promover discussões sobre políticas públicas de gênero e de diversidade para o setor fashion.
O Museu da Moda fica na rua da Bahia, 1.149, Centro. Informações para o público pelos telefones (31) 3277-9248 e 3277-4384.