29 Abril 2019 -
Alimentação adequada é fundamental para a qualidade de vida. Mas não basta fazer a escolha correta dos alimentos: a mastigação é essencial para o aproveitamento dos nutrientes. Na população idosa, no entanto, a mastigação é um desafio devido à falta ou irregularidade dos dentes, lesões na mucosa oral e problemas periodontais decorrentes do uso incorreto de próteses. Se à idade são somados fatores de risco como diabetes, tabagismo e dependência de cuidadores, a prevalência de infecções é ainda maior.
Atenta a esses fatores, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), promove um trabalho multiprofissional de prevenção, identificação e tratamento da saúde bucal da população idosa. O atendimento é feito não só nos centos de saúde, mas também em Instituições de Longa Permanência.
Casos com maior complexidade são encaminhados pelas equipes de saúde bucal dos centros de saúde para os Centros de Especialidades Odontológicas, por meio de um sistema automatizado de agendamento. Há quatro centros de especialidades odontológicas na rede SUS/BH: dois na região Centro-Sul, um no Barreiro e outro em Venda Nova.
Nesses centros, são realizados procedimentos especializados como radiografias, tratamentos endodônticos (canal) de dentes permanentes e decíduos, cirurgias odontológicas, confecção de próteses unitárias, parciais e totais, cirurgias periodontais (gengiva), confecção e manutenção de aparelhos ortodônticos, além de atendimento especializado para crianças e pessoas com necessidades especiais.
Somente no mês de março deste ano, a unidade Barreiro realizou 1.032 procedimentos, entre cirurgias, endodontia, periodontia, odontopediatria, radiologia e atendimento a pessoas com necessidades especiais.
Um motivo a mais para sorrir
Mais de 52 mil próteses dentárias já foram fornecidas pelo SUS BH desde 2010. O tratamento é baseado não só na entrega das próteses, mas no acompanhamento desde a primeira avaliação até a total adaptação a ela. Nonita Ferreira da Silva, de 81 anos, é uma das atendidas pelo serviço. Ela é acompanhada pela equipe de saúde bucal do Centro de Saúde Vila Pinho e ressalta a atenção que recebe na unidade. “A equipe do Centro de Saúde é muito boa e atenciosa. Explicam o motivo de não deixar a prótese machucar e como a gente deve cuidar da nossa boca”, destaca.
Os resultados do programa são obtidos não só pelo preparo e empenho da equipe especializada em saúde bucal, mas também pela adesão dos demais profissionais de saúde, que promovem atendimentos e grupos operativos nas unidades básicas de saúde.
Referência técnica de prótese na Secretaria Municipal de Saúde, Natália Assunção Araújo, destaca como funciona o trabalho multidisciplinar. “Na atenção primária são desenvolvidos grupos de atividades coletivas, abordando a nutrição, diabetes e dando orientações sobre os riscos do uso de cigarros e bebidas alcoólicas. Além disso, os profissionais da odontologia participam das campanhas de vacinação promovendo busca ativa de pacientes”, exemplifica.
Filipe Trindade Barroso é dentista do Centro de Saúde Francisco Gomes Barbosa, no bairro Tirol, e atende em média 15 idosos por mês, muitos tabagistas e diabéticos. “Muitos são encaminhados para avaliação e vêm sem achar que precisam de acompanhamento odontológico”, alerta Filipe.
Para reforçar o trabalho, o centro de saúde Vila Pinho promove anualmente um mutirão de atendimento a idosos para avaliação médica e odontológica. Adão Pereira da Silva, 77 anos, faz acompanhamento há dois anos na unidade e não abre mão da avaliação bucal. “Eles sempre avaliam se a prótese está bem adaptada e se não há outras doenças na boca. Também são atentos e dão orientações sobre higienização”, relata.