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Três profissionais da Fundação de parques municipais e zoobotânica realizam procedimento de saúde em uma ave
Foto: Suziane Fonseca/PBH

Hospital veterinário da FPMZB adota a medicina preventiva como foco do trabalho

criado em - atualizado em
“É melhor prevenir do que remediar” já diz o ditado popular. É exatamente seguindo essa premissa que o Hospital Veterinário da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) atua para manter em dia a saúde dos mais de três mil animais silvestres de cerca de 250 espécies de seu Jardim Zoológico – destas, cerca de 20% são ameaçadas de extinção. O hospital adota o Programa de Medicina Veterinária Preventiva com o objetivo de proporcionar mais saúde e bem-estar aos animais silvestres que vivem na instituição. Entre os principais fatores que determinam uma vida saudável para esses animais, estão a boa alimentação, os recintos adequados, os cuidados com a sua biologia e os cuidados médicos-veterinários.

Atualmente, o Hospital Veterinário da FPMZB conta com salas de esterilização, de atendimento clínico, de cirurgia e de necropsia; laboratório de análises clínicas; recintos de internação para animais de pequeno e médio portes, e também área de quarentena. Entre os equipamentos utilizados, estão aparelhos de raio-x; aparelhos de anestesia inalatória e de odontologia (que permitem desde a profilaxia dentária até o tratamento de canal), monitor multiparamétrico (com eletrocardiógrafo, medidor de respiração, de saturação de oxigênio e de pressão arterial não invasiva).

Já as rotinas laboratoriais incluem exames nas áreas de hematologia, bioquímica sanguínea, de urina, de fezes e citologia. A utilização de medicamentos variados (como analgésicos, anti-inflamatórios, suplementos vitamínicos, antiparasitários, antibióticos, etc) é outro quesito importante no programa.

O encaminhamento de animais para tratamento no hospital depende de avaliação criteriosa, feita em parceria com os biólogos e tratadores responsáveis pelo manejo das espécies. O Hospital Veterinário do Jardim Zoológico da FPMZB possui uma equipe técnica qualificada composta por quatro médicos-veterinários, sendo um chefe do Setor de Nutrição, cinco tratadores de animais, sendo uma responsável pelo apoio administrativo, e uma técnica de laboratório.

De acordo com o chefe da Seção de Veterinária, Herlandes Tinoco, a prevenção é o passo mais importante para garantir a saúde dos animais. “O tratamento de qualquer enfermidade se torna muito mais eficaz quando ela é detectada no princípio. O objetivo principal do Programa de Medicina Veterinária Preventiva é impedir a ocorrência de doenças nos animais da Fundação, mas também fazer este diagnóstico precoce, e assim podermos direcionar esforços para o combate”.


Alguns procedimentos veterinários rotineiros no Zoo BH


Quarentena

Antes de se juntarem aos outros animais do plantel, todos os animais recém-admitidos na FPMZB obrigatoriamente passam por um período de isolamento chamado quarentena. Esse período serve para a realização de exames específicos e pode durar de 1 a 18 meses dependendo de cada espécie. Essa variação leva em conta o tempo necessário para que determinada doença manifeste-se no animal e que possa ser detectada (dependendo inclusive da taxa metabólica do animal).

Os procedimentos de quarentena são desenvolvidos para prevenir doenças infectocontagiosas no plantel do Zoo. Este é o ponto principal da Medicina Veterinária Preventiva, mas a quarentena também serve para que o animal recém-chegado se adapte à dieta, ao clima e às pessoas que cuidarão dele no novo local.

Em casos de óbito durante a quarentena, o animal é devidamente acondicionado, transferido imediatamente para a sala de necropsia e submetido a exames a fim de se detectar a causa da morte.
 

Vacinação

Vários animais recebem vacinação anual ou em intervalos maiores, definidos para a espécie. Por exemplo, canídeos e felídeos recebem todo ano uma dose de vacinas que os protegem das principais doenças. Quando há nascimento de grandes primatas, os filhotes têm uma vacinação semelhante à administrada em crianças, além da vacinação anual. Já os herbívoros e megavertebrados recebem vacina em intervalos de até cinco anos, dependendo da doença.
 

Controle parasitológico

Todos os animais da FPMZB passam por um sistemático e rigoroso programa de controle de parasitoses. Os animais são divididos por grupos de acordo com sua sensibilidade aos parasitas e são submetidos a exames até cinco vezes por ano. Os medicamentos antiparasitários são selecionados após os resultados e a identificação dos parasitas, administrados no alimento ou diretamente na boca do animal, ou por via intramuscular. A administração é repetida após duas ou três semanas, de acordo com a espécie do parasita encontrado. As fezes e urina, além de outras secreções, são sempre recolhidas e incineradas/descartadas em local apropriado.
 

Controle de vetores de doenças

A FPMZB realiza um trabalho preventivo constante no sentido de proteger os animais dos mosquitos transmissores da Leishmaniose. Este consiste em pulverizações de alfacipermetrina a cada 90 dias na área dos recintos, paredes e manobras onde são mantidos os canídeos silvestres (lobos-guará e cachorros-do-mato-vinagre). Os animais recebem ainda uma aplicação tópica individual de produto repelente, periodicamente, que garante ainda mais a sua proteção.
 

Exames anuais

Existe uma série de exames que são realizados em animais que são contidos para check-up anual ou sempre que qualquer outro animal precise ser contido. Nessa contenção, são feitos exames físicos como palpação abdominal, de linfonodos e para descoberta de qualquer anormalidade; auscultação cardíaca e pulmonar, inspeção da cavidade oral em busca de problemas dentários e outros; exames oftalmológico e otológico; coleta de material biológico, como sangue, urina e fezes para testes em laboratório, tomadas radiográficas e ultrassonográficas. Esses procedimentos visam a detecção de doenças em fase inicial, facilitando o tratamento e aumentando a eficiência do mesmo.

Obs.O Jardim Zoológico da FPMZB está localizado na avenida Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha. Para acesso ao local, é necessário estar vacinado contra a febre amarela há, pelo menos, dez dias. A comprovação da imunidade deve ser feita mediante a apresentação do cartão de vacinação e documento de identidade com foto.
 

03/10/2018. Medicina Veterinária Preventiva. Fotos: Suziane Fonseca/FPMZB