11 Abril 2019 -
“Estou me sentindo muito bem cuidado”, resume Renato Xavier, 71 anos, admitido no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro em 15 de março. Ele é um dos 220 pacientes da clínica médica que desde o início de 2019 têm recebido, além dos cuidados de médicos, enfermeiros e profissionais da equipe multidisciplinar, o olhar atencioso e curioso de estudantes que passaram a atuar no Hospital por meio do projeto de ensino da instituição.
O Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão (NEPE) iniciou as atividades em agosto de 2018. Este ano, a equipe assistencial vai receber um reforço de 489 estudantes entre técnicos, graduandos e residentes provenientes de instituições educacionais que têm como cenário de prática o Hospital Célio de Castro.
Casado com Maria Lúcia Rosa de Souza, sua companheira há 50 anos, Renato Xavier já teve dois acidentes vasculares cerebrais (AVC), um infarto e enfrenta o início da doença de Parkinson. Maria Lúcia conta que a rotina hospitalar faz parte da vida do casal. “Há anos vivo rodando em hospitais com ele. Aqui é nota 10 em tudo, em organização, no tratamento dos médicos, dos enfermeiros e de todas as outras especialidades. Pela primeira vez na minha vida, deixei ele sozinho em um hospital para dormir em casa. E eu só dormi tranquila porque sabia que meu marido ficaria bem cuidado. Cheguei pela manhã e ele já estava trocado e as enfermeiras estavam dando banho nele”, relata.
A diretora Assistencial, de Ensino e Pesquisa do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, Yara Barbosa, salienta que a presença de estudantes e residentes traz para o cotidiano do ambiente hospitalar uma incessante busca pelo saber. “Consequentemente instiga todos os profissionais envolvidos a se aprimorarem na sua técnica e na sua ética diária. São elementos que trazem porosidade à instituição e a mantém viva na busca dos melhores e mais efetivos recursos a serem aplicados no cuidado aos usuários do hospital”, enfatiza.
Doutora em neurociências pela Universidade Federal de Minas Gerais e referência técnica do NEPE, Aline Mansueto Mourão reforça o benefício da prática do ensino e pesquisa no ambiente hospitalar e para a formação do profissional de saúde. “Muito questionador, o estudante interroga e proporciona aos profissionais da instituição conhecimento, atualização de serviços, o exercício da assistência baseada em evidências científicas, além de condutas mais atualizadas”, pontua.
Além disso, segundo Aline Mourão, a inserção do acadêmico e do residente proporciona uma dupla checagem do paciente. “Ele é visto pelo profissional e, posteriormente, pelo acadêmico o que torna a assistência mais eficaz, mais segura e com mais qualidade”, completa. A estudante do 6º ano de medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Marina Paixão de Madrid Whyte, concorda. “Percebo que, em algumas situações, os pacientes se sentem mais à vontade em fazer algumas perguntas para gente e até mesmo desabafar. Como temos tempo livre para essa escuta eles falam dos sentimentos e conseguimos ver na prática a importância do vínculo com o paciente que vai possibilitar um tratamento mais integrado”, diz.
O NEPE
O Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão (NEPE) do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro iniciou suas atividades em agosto de 2018 e tem como missão promover condições para a prática baseada em evidência e a atuação multiprofissional integrada e atualizada de forma a ofertar um cuidado de qualidade, com segurança e eficiência aos usuários do SUS.
O NEPE já firmou parceria com importantes serviços e universidades na cidade, além de ser cenário para o desenvolvimento de pesquisas. Atualmente, as instituições conveniadas são o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, o Hospital Metropolitano Odilon Behrens, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e a Escola Estadual Celso Machado.
O Hospital Célio de Castro oferece atendimento nas especialidades de ortopedia, urgência e emergência, cirurgia geral, anestesiologia, infectologia, psiquiatria, gestão hospitalar, clínica médica e técnico em enfermagem.
No ano de 2018, o Hospital recebeu cinco propostas de pesquisas e aprovou três trabalhos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal de Ouro Preto. Este ano, passou a integrar também uma pesquisa multinacional. O estudo intitulado “VASCULAR” é uma pesquisa de prevalência sobre uso, avaliação e manuseio de cateteres intravenosos periféricos em hospitais da América Latina e o Hospital Célio de Castro foi um dos locais escolhidos.
“Entre os projetos propostos está a implementação da residência médica e multiprofissional de forma integrada. Ou seja, os residentes de medicina e os residentes da equipe multiprofissional terão disciplinas em comum e vão atuar juntos no cenário de prática possibilitando que discutam o mesmo caso clínico perpassando a rede de atenção à saúde de forma integrada. Será um diferencial em relação aos outros programas que têm em Belo Horizonte”, explica a referência técnica do NEPE, Aline Mansueto Mourão.
Aline Mourão salienta ainda que é importante que o ensino e pesquisa seja uma temática de valor não apenas para os cenários de prática acadêmica, como, por exemplo, os hospitais. “É fundamental que este seja um valor de integração permanente entre a rede da saúde e a educação”, conclui.