O Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB), que comemora 80 anos em 2024, trilha há mais de três décadas uma trajetória de certificação como hospital de ensino. O credenciamento, pela Comissão Nacional de Residência Médica, dos três primeiros programas de residência do HOB – Cirurgia Geral, Pediatria e Clínica Médica – aconteceu em 1994, mas foi precedido pelos trabalhos de supervisão de médicos experientes de Belo Horizonte, ainda na década de 1950.

Em 2004, o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde credenciaram o HOB como hospital de ensino, o que possibilitou a ampliação da atuação da instituição junto a universidades e escolas técnicas de formação de profissionais para a saúde.

Atualmente, o HOB conta com 19 programas de residência médica, formando anualmente, em média, 70 médicos nas especialidades de anestesiologia; cirurgia geral; cirurgia pediátrica; cirurgia vascular; clínica médica; emergência pediátrica; geriatria; ginecologia e obstetrícia; médico de família e comunidade; medicina de emergência; medicina intensiva; medicina intensiva pediátrica; neonatologia; neurocirurgia; neurologia; ortopedia e traumatologia; pediatria; psiquiatria; e ultrassom ginecológico e obstétrico.

Há, ainda, seis programas de residência multiprofissional: saúde do idoso; atenção básica; urgência e emergência; saúde da criança; saúde da mulher; e saúde mental, que preparam profissionais para o atendimento em hospitais, centros de saúde e outras unidades da rede de saúde, como o Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam).

O HOB forma, por ano, cerca de 44 profissionais de diferentes categorias, como enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, dentistas, nutricionistas, entre outros.

Além de residentes internos, o hospital contribui para a formação de aproximadamente 270 residentes externos, por ano, oriundos de outras 43 instituições formadoras que mantêm parceria com o hospital. Recebe, também, cerca de 1.300 acadêmicos de medicina, enfermagem, fisioterapia e nutrição por meio de convênios com universidades, bem como alunos dos cursos técnicos de enfermagem e radiografia que fazem estágios nas unidades do Complexo Hospitalar Odilon Behrens.

O médico horizontal da Unidade de Cuidados Intensivos Adulto (UCIA) do HOB, Roberto Sidney de Melo, foi aluno da primeira turma de residência em clínica médica, tornou-se servidor em 1995, foi internista da clínica médica e gerente do CTI. Ele conta como viu o hospital crescer e qualificar a assistência por meio do ensino. “Inaugurei o serviço e estou aqui desde então. O ganho do hospital com a residência médica foi incrível, acabou se tornando referência em qualidade de residência. A mudança principal é a questão de qualidade da assistência, fazer o que é recomendado pelas evidências científicas. [O HOB] ainda está muito jovem, que continue crescendo, se aprimorando, que a gente vai pelo caminho certo”, celebrou.

Participação em pesquisas e desenvolvimento científico

O universo complexo e diverso de pacientes e cuidados oferecidos no Complexo HOB desperta o interesse de pesquisadores das principais instituições de ensino e pesquisa do país. De 2020 a 2023, o hospital foi coparticipante de 37 estudos desenvolvidos por profissionais de instituições públicas e privadas como a Fiocruz, UFMG, USP, UFV, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, PUC Minas, Faseh, Hospital Moinhos dos Ventos, Grupo Castor Universidade Espanhola, Fundação Lucas Machado (Feluma), Fundação Educacional Monsenhor Messias e CARDSEARCH Cardiologia Assistencial e de Pesquisa LTDA.

Um dos estudos de destaque é a pesquisa “Reposicionamento de medicações aprovadas e em desenvolvimento visando tratamento ambulatorial de paciente com COVID-19 e sintomas leves - Estudo TOGETHER”, coordenada pelo doutor Gilmar Reis, premiado como melhor ensaio clínico do ano de 2021, com o Prêmio David Sackett.

A gerente da Gerência de Ensino e Pesquisa (GENP) do HOB, Alexia Ferreira, ressalta que as parcerias trazem avanços científicos e qualificação do ensino e da assistência dentro e fora do hospital. “O HOB é reconhecido como um hospital que oferece as melhores experiências de formação pela sua casuística, pelas boas práticas baseadas em evidências e pela generosidade e competência de seus profissionais. A relação com as instituições agrega ao HOB recursos que são revertidos na qualificação dos cenários assistenciais, na formação dos profissionais e na incorporação de tecnologia ao ensino, como no caso dos manequins de simulação”, avalia.

Preceptoria e educação permanente

Qualificar os preceptores que serão os guias dos residentes é outro desafio da vocação do ensino. “As atividades do ensino são parte do cotidiano do trabalho da equipe do HOB, que recebe de forma muito acolhedora acadêmicos e residentes. Destacam-se aqueles que atuam como preceptores e que têm compromisso com a formação do residente, sendo responsável por ensinar, orientar, conduzir, acompanhar e supervisionar o desenvolvimento da formação integral, atuando como mediador no processo de ensino-aprendizagem”, explica a gerente da GENP, Alexia Ferreira.

Flávia Cardoso Rodrigues, médica pediatra e coordenadora da Unidade Neonatal do HOB, conhece bem esse desafio e o abraçou há 23 anos, quando entrou na residência em pediatria. Foi supervisora do programa e hoje é preceptora. “Quando eu entrei no Odilon, ele já tinha essa bagagem de ser um hospital de ensino. Eu passei a conviver no dia a dia com os preceptores, que geralmente são os médicos diaristas ou horizontais, que vêm todos os dias ao hospital. Vendo essa dedicação deles para com a residência, pegar na mão do médico, ensinar o cuidado com o paciente ali na beira leito, fazendo discussão de caso clínico, roda de conversa com a equipe multidisciplinar, com a família, eu comecei a gostar dessa área de ensino”, recorda.

A formação dos preceptores para os programas de residência é feita com a constituição de comunidades de prática e também por meio do Curso de Formação de Preceptores em Metodologias Ativas. Em 2023, foram formados 15 preceptores do HOB nessa qualificação. “Estamos tendendo mais para essa formalização do ensino. Estamos identificando as pessoas que gostam de ensinar e recrutando essas pessoas especificamente para o ensino. Temos uma diretoria que incentiva os preceptores e supervisores de programa a batalhar por uma residência cada vez melhor. Temos uma gerência de ensino e pesquisa organizada e estruturada e estamos melhorando as tecnologias. É uma mudança gigantesca [desde que comecei]”, avalia a preceptora.

A atuação como hospital de ensino também contribui para a formação contínua dos trabalhadores, por meio das ações de educação permanente e continuada. Essas atividades são desenvolvidas pela GENP em parceria com o Serviço de Qualidade e Segurança do Paciente, pelo Serviço de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar e setores assistenciais e administrativos que identificam as principais necessidades de qualificação no cotidiano do trabalho e desenvolvem as estratégias de capacitação das equipes, como as Conferências de Morbimortalidade, os seminários temáticos e outras ações de formação e capacitação.