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Dois atores em bicicletas, um deles com um trompete, ao ar livre.
Foto: Mariana Botelho/FIT-BH

FIT-BH 2018 divulga equipe de curadores

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A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura e do Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (CIRC), divulga, nesta quarta-feira, dia 25, o resultado do primeiro Edital para Seleção de Proposta de Curadoria para o Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH). Com o conceito Corpos-dialetos, o projeto selecionado nesse primeiro edital foi o proposto por Luciana Eastwood Romagnolli (crítica e jornalista), Soraya Martins (atriz, pesquisadora e crítica de teatro afro-brasileiro) e Grace Passô (atriz, diretora e dramaturga), em colaboração com três assistentes: Anderson Feliciano, Daniele Avila Small e Luciane Ramos.
 

A 14ª edição do FIT-BH tem realização prevista de 13 a 23 de setembro de 2018 e o propósito da curadoria é trazer ao Festival produções e grupos pouco representados no circuito de festivais brasileiros, buscando as singularidades de trabalhos marcados por seu lugar social. “Essa experiência a que estamos nos propondo, de abrir um edital de curadoria para a sociedade civil e construirmos juntos um pensamento e uma prática para um festival de teatro do porte do FIT, é inédita e reflete a necessidade de repensarmos os modos como FIT e também outros festivais nacionais e internacionais vêm sendo construídos”, definiu o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira.
 

De acordo com o secretário, o processo é uma oportunidade para reposicionar o FIT e potencializar sua relevância histórica a partir da renovação. “Sem presunção alguma, queremos experienciar esse formato e sentir como ele contribui e reverbera na condução de outras produções. Esse nosso primeiro edital de seleção de equipe curatorial é um reconhecimento de que sozinhos não fazemos nada e precisamos de parcerias efetivas entre o Poder Público e a sociedade”, considerou.
 

A proposição das curadoras vai ao encontro do desejo da direção do FIT, apontado no edital de seleção, de promover produções fora dos eixos centrais. “Ficamos entusiasmados quando recebemos a proposta das curadoras em total sintonia com o que temos pensado. A descentralização do olhar e, assim, das nossas ações, é um norte que vamos perseguir em todas as nossas políticas culturais e isso também será refletido na grade de programação dos nossos festivais. Guiados pelo conceito de Corpos-dialetos, trazido pelas curadoras, será possível olhar para onde ainda não tínhamos olhado ou dado pouca atenção”, afirmou o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Romulo Avelar.

 

Corpos-dialetos

Corpos-dialetos aproxima dois conceitos: os corpos, com suas presenças diversas, e os dialetos, as muitas línguas que se inventam, revelando variedades e singularidades do convívio social de maneira potente. Para a curadoria, essas singularidades aparecem em trabalhos artísticos produzidos por sujeitos e grupos não neutros – sem pretensão de ocupar um lugar central e universal – mas, sim, marcados por seu lugar social, numa perspectiva descolonial que percorra caminhos na contramão de um olhar eurocêntrico nas artes cênicas. 
 

“Vamos em busca de produções marcadas por ações e temáticas nas quais históricas urgências sociais se friccionam com arte. Também buscamos ações que respondam estética e tematicamente às questões sociais brasileiras agravadas no momento político atual pelas transformações dos últimos anos”, aponta uma das curadoras, Luciana Romagnolli.
 

Criado a partir de um desejo em comum das curadoras de abrir o FIT-BH para produções artísticas de grupos sociais com uma produção forte e estruturante para a arte do país, o projeto pretende ampliar a noção do que significa “teatro brasileiro”, através de trabalhos e artistas que representem o país na sua dimensão real. Romagnolli complementa: “Sabíamos que esse olhar seria fundamental para dialogarmos com a própria produção e discussão teatral feita em Belo Horizonte hoje, cada vez mais crítica ao domínio das narrativas eurocêntricas e supostamente neutras”.
 

Com foco em ampliar o alcance e mapeamento de projetos artísticos que estão por fora dos principais circuitos brasileiros, a proposta curatorial traz o olhar do trio de curadoras em diálogo com três assistentes: Anderson Feliciano, Daniele Avila Small e Luciane Ramos. Enquanto o trio principal estabelece os conceitos e diretrizes, eixos temáticos e estéticos, além de definir a própria programação, os assistentes serão responsáveis por provocar questionamentos e aprofundar as reflexões, além de ampliar as buscas, principalmente na direção dos territórios latino-americanos e africanos, e das cinco regiões brasileiras.

 

Equipe de curadores

Luciana Eastwood Romagnolli

Crítica teatral em atuação há dez anos, acompanha ativamente a produção de artes cênicas sobre a qual mantém diálogo constante por meio do site de crítica teatral Horizonte da Cena, fundado em 2012. Realiza os Diálogos Horizontais (desde 2016), encontros com artistas e espectadores para discutirem a produção da cidade, já cobriu a cena belo-horizontina como jornalista do O Tempo e é coordenadora de crítica do Janela de Dramaturgia (desde 2016). Como curadora em artes cênicas, foi responsável pela ocupação Conexões (2015), realizada no Galpão 3 da Funarte MG durante três meses, do projeto IDIOMAS – Fórum Ibero-Americano de Crítica de Teatro (2016) e da I Mostra DocumentaCena (2016), em Curitiba (PR), promovendo seis dias de convívio entre críticos, jornalistas, artistas e espectadores de teatro do Brasil, Argentina, Uruguai e Portugal. Integrou ainda a curadoria do BQ(em)Cena – Temporada de Teatro (2017), ao lado de Kil Abreu e Nini Beltrame, programando espetáculos para circularem pela cidade de Brusque (SC) e região, e assumiu a função de curadora do eixo reflexivo da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo em 2017 e 2018 que originou o seminário “Dimensões públicas da crise e formas de resistência”. Como pesquisadora, em processo de doutoramento em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo, tem se dedicado às formas de convívio estruturadas dramaturgicamente nas artes cênicas brasileiras, especialmente teatro e dança.


 

Grace Passô

Dramaturga, diretora de teatro e atriz. Como cronista, já atuou no jornal mineiro O Tempo. Entre suas direções, encontram-se obras como: Contrações (Grupo3 de Teatro, SP), Carne Moída (com formandos da EAD/USP), Os Bem Intencionados (Grupo LUME, SP) e Sarabanda (a partir do último longa de Bergman). Como atriz, atua nos espetáculos PRETO e KRUM (com a Companhia Brasileira de Teatro), VAGA CARNE (de sua autoria) e em espetáculos do repertório do Espanca!. Como dramaturga, tem cinco publicações de peças teatrais e obras traduzidas para o francês, espanhol, mandarim, italiano, inglês e polonês. Dentre os diversos prêmios já recebidos, estão: Prêmio Shell SP, APCA; Prêmio SESC SATED MG; Prêmio Usiminas Sinparc MG, Medalha da Inconfidência do Governo do Estado de Minas Gerais, Prêmio Questão de Crítica RJ, Prêmio APTR RJ, Prêmio Cesgranrio e Prêmio Shell RJ.


 

Soraya Martins

Atriz, professora, pesquisadora e crítica de teatro afro-brasileiro se formou no Teatro Universitário da UFMG e trabalhou com diversos grupos de teatro de Belo Horizonte. É professora de Literatura e Cultura Brasileira no Centro Federal de Ensino Tecnológico CEFET-MG e, como pesquisadora, desenvolve estudos sobre a cena contemporânea negra brasileira. Em processo de doutoramento, estuda, especificamente, a cena contemporânea negra belo-horizontina e, no mestrado, em Estudos Literários, pesquisou o teatro de Abdias do Nascimento e da Cia dos Comuns. É colaboradora e escreve críticas teatrais no site Horizonte da Cena e no projeto segundaPRETA e faz parte da comissão executiva do Portal Literafro da Faculdade de Letras da UFMG. Nos últimos anos, participou, como colaboradora, mediadora, pensadora e/ou articuladora de diálogos e de eventos como: segundaPRETA, Polifônica Negra, Aquilombô, Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas de Belo Horizonte, Janela de Dramaturgia, Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto e A-Mostra-Lab. No Festival de Curitiba de 2018, foi crítica convidada para compor o Encontros Críticos dos espetáculos convidados para a mostra oficial.


 

Anderson Feliciano

É performer e dramaturgo. Responsável pela curadoria da Mostra Polifônica Negra em Belo Horizonte. Coordenador do Laboratório de Experimentos Dramáticos. Mestrando em Dramaturgia (UNA – Buenos Aires). Pós-graduado em Estudos Africanos e Afro-brasileiros e graduado em Letras pela PUC Minas. Tem escrito para artistas de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador e Itália. No início de 2016, criou com Yosjuan Piña, em Buenos Aires, o Coletivo Quilombismo Poético. Como performer e dramaturgo, participou de diversas obras no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Equador. Foi vencedor do Primeiro Prêmio de Estímulo a Novos Dramaturgos, promovido pelo Clube de Leitura (Belo Horizonte - 2011) com o texto Pequenas Histórias de Trocas de Pernas, Peles e Olhos nos seus Arroubos e Arredores e ainda teve o texto Antes que Aconteça Muita Coisa Pode Acontecer selecionado para uma leitura dramática no concurso promovido pelo projeto Negro Olhar (Rio de Janeiro – 2011). É autor dos livros infantis A Verdadeira História do Saci Pererê (2009) e Era Uma Vez em Pasárgada (2011).


 

Daniele Avila Small

Pesquisadora, crítica e curadora, é presidente da seção brasileira da Associação Internacional de Críticos de Teatro (AICT/IATC), órgão filiado à UNESCO, e atua como editora regional do site internacional de notícias de teatro, The Theatre Times. Como programadora, atuou no Teatro Gláucio Gil (RJ), na qual foi Diretora Artística, no projeto Ocupação Complexo Duplo (2011-2012), pelo qual foi indicada aos prêmios Shell e APTR, ambos na categoria Especial; foi idealizadora e curadora das três edições do Encontro Questão de Crítica (2011, 2013, 2015), do IDIOMAS – Fórum Ibero- Americano de Crítica de Teatro e da I Mostra DocumentaCena (2016), e dos Olhares Críticos, eixo reflexivo da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (2018). Como pesquisadora, tem se dedicado a olhar para a cena latino-americana, o que se concretizou recentemente na sua permanência durante três meses na capital argentina, em um intercâmbio com o Instituto de Artes e Espetáculos da Universidade de Buenos Aires, sob orientação do Prof. Jorge Dubatti, realizado no contexto do seu doutoramento em Artes Cênicas pela UNIRIO. Além disso, como crítica de teatro, tem participado de diversos festivais brasileiros e internacionais no Chile, Argentina, Portugal, Sérvia e Paris.


 

Luciane Ramos

Artista da dança, antropóloga e mobilizadora cultural é ainda doutora em Artes da Cena e mestre em antropologia pela UNICAMP, possui trajetória de prática, pesquisa e ensino, tendo perpassando diversos espaços no Brasil e no mundo como pesquisadora e professora, dentre eles: Senegal, Estados Unidos, Senegal, França, Guiné Conacry, Burkina Faso, México. Sua prática pedagógica está alicerçada em técnicas e poéticas afro-orientadas. Atua como gestora de projetos no acervo África, como integrante do corpo editorial da revista OMenelick-2ato e como professora na Sala Crisântemo.