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Exposição no Museu da Moda de BH apresenta 50 figurinos originais de Clara Nunes
Amanda Amorim

Exposição no Museu da Moda de BH apresenta 50 figurinos originais de Clara Nunes

criado em - atualizado em

Clara Nunes, nascida em Caetanópolis, teceu os fios de sua própria trajetória artística, marcando um lugar de destaque na história da música brasileira. A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Fundação Municipal de Cultura e Museu da Moda de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Clara Nunes, apresenta a exposição inédita “Clara Nunes - Eu Sou a Tal Mineira”. A mostra de longa duração mergulha nos aspectos marcantes da trajetória da icônica cantora Clara Nunes, explorando a relação única da artista com a moda e exibindo diversas peças de suas roupas, que contam a história de uma carreira brilhante na música popular brasileira. A abertura da exposição estará aberta para visitação do público a partir do dia 15 de dezembro, às 10h. O período expositivo seguirá o horário de funcionamento do espaço, de quarta-feira a sábado, das 10h às 18h.

A exposição “Clara Nunes - Eu Sou a Tal Mineira” percorre a carreira da cantora desde o início, em Belo Horizonte, até sua consagração nacional e internacional. A mostra destaca a influência da moda na carreira da artista, explorando 50 figurinos e adereços originais que serão exibidos pela primeira vez em conjunto. Ocupando os dois andares do Museu da Moda, os figurinos estão entrelaçados com documentos, objetos, adereços, recortes de jornais e fotografias, apresentando a trajetória da artista e sua imbricada relação com a cultura brasileira e a religiosidade de matriz africana. Clara Nunes foi a primeira mulher a vender mais de 400 mil cópias com o LP "Alvorecer", ganhando seu primeiro Disco de Ouro. A cantora abriu caminhos para outros artistas e deixou sua marca inconfundível na cena musical brasileira.

Para Eliane Parreiras, secretária municipal de Cultura, a exposição é uma celebração do advento da moda e da música, por meio da genialidade de Clara Nunes. “Fruto da parceria de pesquisa entre o Museu da Moda e o Instituto Clara Nunes, a exposição destaca os figurinos preservados cuidadosamente pelo Instituto, convidando os visitantes a mergulhar na história da cantora. A mostra destaca a importância da preservação de objetos históricos, dando ênfase à intersecção entre as diversas manifestações artísticas que fizeram parte da trajetória de Clara Nunes”, celebra.

Segundo Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, “a mostra traz, na simplicidade e autenticidade da personalidade de Clara Nunes, um grande movimento de valorização da nossa história cultural. Através das letras de suas músicas, roupas, adereços e documentação fotográfica, o visitante terá acesso à uma experiência imersiva na trajetória única de Clara Nunes através do prisma da moda”, destaca.

Para o Instituto Clara Nunes, “essa parceria contribui para a visibilidade do acervo e para a divulgação das pesquisas realizadas, desde 2005, por um grupo de profissionais dedicados à organização, catalogação, preservação e difusão da obra de Clara Nunes”.

Clara Nunes, a tecelã da música brasileira

Em 1978, Clara Nunes, ao cantar os primeiros versos da canção “Guerreira”, composição de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, afirmava suas origens: “Se vocês querem saber quem eu sou, eu sou a tal mineira”. Foi batizada Clara Francisca na cidade de Caetanópolis, em Minas Gerais, sendo filha caçula do folião de reis e serrador Manoel Pereira de Araújo e de Amélia Gonçalves Nunes, de quem assume o sobrenome. Seu pai trabalhou na fábrica de tecidos Cedro Cachoeira, e Clara Nunes, assim como seus irmãos, também atuou no mesmo local exercendo o ofício de tecelã. Posteriormente, já em Belo Horizonte, trabalhou na Companhia Renascença, no Bairro Cachoeirinha.

Os figurinos exclusivos da cantora, criados por estilistas como Arlindo Rodrigues, Geraldo Sobreira e Reinaldo Cabral, marcaram sua trajetória. Eles estarão expostos nos dois andares do Museu, relacionando-se com um precioso acervo de fotografias, documentos e matérias de jornal que percorrem a história da artista e sua relação com a moda. Elementos como renda de algodão, bordados, sisal, cordas, búzios e conchas, compõem o cenário visual da mostra, refletindo a pesquisa minuciosa da cantora acerca da cultura e religiosidade afro-brasileira, absorvida em suas viagens pelo Brasil.

A exposição destaca a relação especial de Clara Nunes com o Carnaval, especialmente com sua escola do coração, a Portela. Esses laços remontam à sua relação com o compositor mineiro Jadir Ambrósio e a velha guarda do samba de Belo Horizonte. Em 1964, a cantora foi coroada como rainha do Carnaval na capital mineira, e no Rio de Janeiro estabeleceu vínculos com a cena carioca, atuando como intérprete na Avenida. Clara Nunes também fez gravações em homenagem à Escolas de Samba como Salgueiro, Mangueira, Império da Tijuca, Mocidade Independente de Padre Miguel, e Império Serrano.

Com “Clara Nunes - Eu Sou a Tal Mineira”, o Museu da Moda de Belo Horizonte - MUMO e o Instituto Clara Nunes convidam o público à um passeio pela trajetória da artista que marcou a história da música e exaltou a importância da moda na criação de uma identidade diversa, inclusiva e exuberante. Em 2024, está prevista a realização de uma série de ações dentro da programação cultural e educativa da exposição.

Museu da Moda de Belo Horizonte - MUMO

O Museu da Moda de Belo Horizonte - MUMO, inaugurado em 2016, surgiu como uma evolução do Centro de Referência da Moda, criado em 2012. Tornou-se então o primeiro museu público de moda do Brasil. Com essa iniciativa, reforçou-se o reconhecimento da moda como bem cultural e patrimônio nacional, por meio da adoção, pela instituição, de um programa dinâmico e variado. Os espaços da instituição são entendidos para além de exposições, encontrando-se também abertos para criação, fruição e experimentação.

O MUMO tem como missão preservar, pesquisar e difundir acervos referentes à moda na capital mineira, em suas múltiplas facetas, dialogando com a contemporaneidade e estimulando o pensamento crítico. Nesse sentido, pretende ser uma instituição de referência em memória, conservação e pesquisa de moda, indumentária e comportamento. Realizou, nos últimos anos, as exposições “Alceu Penna – Inventando a Moda do Brasil” “Arquivo Urbano - Cem anos de fotografia e moda no Brasil” e “Saberes de Costura: do molde à roupa”.

Instituto Clara Nunes

O Instituto Clara Nunes originou-se da necessidade de preservação e guarda do acervo da cantora, composto por distintos tipos de objetos: documentos pessoais, fotografias, álbuns e recortes de jornais, imagens religiosas, adereços, vestimentas, fitas k-7, troféus, entre outros. Todo o material pertencente à irmã de Clara, Maria Gonçalves da Silva, foi repassado por ela ao Instituto, em sua criação em março de 2005.

O Instituto Clara Nunes entende, porém, ser a sua função mais ampla do que o simples laurear de uma memória individual. Assim, imbuído da missão que Clara Nunes conferia a seu ofício -  a divulgação da cultura popular brasileira, em sua diversidade mestiça, atua em diferentes frentes culturais, tais como: o atendimento a pesquisas acadêmicas e artísticas, o apoio a projetos educacionais e a parceria na realização de festivais.

Serviço | Exposição “Clara Nunes - Eu Sou a Tal Mineira”

Local:
Museu da Moda (Rua da Bahia, 1.149, Centro, Belo Horizonte)

Período expositivo: 15 de dezembro deste ano até 15 de dezembro de 2025

Horário de visitação: quarta-feira a sábado, das 10h às 18h

Entrada gratuita sem inscrições prévias.